Lydia
Lydia arqueou as sobrancelhas e tentou segurar a risada quando viu a mulher se chocar em alta velocidade contra um Leoric confuso e distraído. Poderia ter feito um estrago grande se ela não fosse bem menor que ele. Eles pareciam ser próximos pela maneira que ela se dirigiu a ele, ninguém teria a coragem de falar daquela forma sabendo da fama que ele tinha.
— Isabel. — Lydia o viu cumprimentá-la com um aceno de cabeça depois de lutar para se desvencilhar dos braços dela educadamente.
Então ela pode ver o rosto da mulher propriamente. Era muito bonita. Tinha traços finos, olhos claros e cabelos loiros e ondulados. Seus olhos eram de um azul tão claro que Lydia podia jurar que estava na presença de um dos elfos a muito tempo extintos.
— Dezesseis anos sem uma noticia sua, encontramos o corpo de Selene e você tinha simplesmente sumido. Puf — Ela falou séria , acompanhando a onomatopeia abrindo os dedos das duas mãos fechadas.
Leoric estava perplexo, ele apenas encarava o rosto da mulher como se visse um fantasma. Lydia não pode mais conter a risada quando escutou Ruriel grunhindo para tentar conter ele mesmo as gargalhadas que seguravam.
Os barulhos estrangulados que Lydia e Ruriel produziram fizeram a mulher voltar a sua atenção para eles.
— Oh. — Lydia ouviu a mulher dizer, avançando rapidamente até ela e agarrando seu queixo com uma das mãos. — Minha doce Nirl, você tem os olhos dela. Você a tinha todo esse tempo Leoric?
— Contarei tudo depois, Isabel, foi uma longa viagem...
— Ah. Sim... Claro. — Ela falou, soltando o queixo de Lydia rapidamente. — Me desculpe, lin, é que fui uma amiga de Selene. Ela era dez anos mais velha que eu, ela e Leoric, eu os seguia por todos os cantos de Agalesia quando era mais nova.
Lydia viu Leoric soltar uma risadinha. Enquanto Isabel ainda encarava Lydia com uma feição assombrada.
— Acho que devemos leva-los para descansar. — Anara falou sorrindo, e emendou com uma piscadela — Se nos der licença, Isabel, vai ter muito tempo com Leoric para botar a conversa em dia.
Isabel apenas assentiu, encarando Lydiaq tão intensamente que sua cabeça pendia ligeiramente para o lado. Com um aceno de cabeça ela se despediu de Isabel, e seguiu Anara escada a baixo. Tudo era tão novo e caótico, que Lydia ainda não tinha tido tempo para pensar. Não sabia o que esperar em Agalesia, mas definitivamente, nunca em um milhão de eras imaginaria algo como aquilo.
Ela estava exausta, e alguns hematomas e cortes em seu corpo tornavam o cansaço mais dolorido e severo, e para completar, ainda não tinha se recuperado totalmente da magia que tinha feito no acampamento do exército.
Quando finalmente se viu diante a uma porta alaranjada cravada na pedra da montanha, respirou aliviada, poderia descansar depois de tudo.
— Chegamos. Bom. Vou deixá-los, podemos conversar melhor amanhã. — Anara falou. — Sabe o que deve fazer se precisar de algo cavaleiro, pedi que deixassem tudo preparado.
— Obrigado Anara. — Leoric falou.
Anara se despediu com uma reverencia discreta, e Leoric abriu a porta com um empurrão seguro. Não tinha tranca. Lydia percebeu. Ele entrou e fez um sinal para que eles o acompanhassem. A casa não era tão suntuosa quanto o que tinham visto até ali, mas confortável, e aconchegante. A sala onde estavam era grande, e tinha o teto tão baixo que era impossível para Leoric ou até mesmo Ruriel pularem ou se esticarem um pouco sem que batessem as cabeças no teto de pedra. A decoração era colorida, em dissonância com os tons rochosos que tinham visto até agora. Ela olhou em volta percebendo que não tinham uma lareira, mas que mesmo assim, a sala estava estranhamente aquecida.
— Aqui fica a cozinha, deve ter alguma comida se quiserem. — Leoric explicou, apontando para uma porta identica a aquela pela qual tinham entrado — Os quartos ficam no andar de cima, podem escolher o que quiserem.
— Estou faminto! — Ruriel falou, antes de entrar pela porta indicada por Leoric.
— E eu estou cansado. — Leoric retrucou. — Vou ficar com o último quarto a direita, apenas me acordem se um de vocês estiver morrendo.
Lydia riu, e Leoric se apressou escada acima. Ela sentiu seu estômago roncar de fome, mas o incomodo que sentia pela sujeita que a cobria era mais urgente. Lydia subiu as escadas lentamente, chegando em um corredor pequeno que separava as portas que ela julgou serem os quartos. Tinham três. Perfeito, pensou, antes de escolher o mais próximo da escada.
Assim que abriu a porta percebeu não se tratar de apenas um quarto, era um aposento completo, formado de três ambientes pequenos ligados, o principal, com uma cama grande e mesas de canto simples de madeira escura, um saleta com uma escrivaninha, duas estantes, e um conjunto de sofás, e finalmente uma sala de banho, com uma banheira enorme feita de pedra.
A banheira estava vazia, ela logo notou, e não tinha ideia de onde poderia conseguir água naquele lugar. Uma pequena alavanca redonda feita de um metal brilhante próxima a banheira chamou sua atenção. Já tinha visto algo como aquilo em Haterbort, onde toda água que a cidade usava vinha do solo. Lydia se aproximou e empurrou a avalanca com cuidado, quando um barulho alto anunciou a água que começou a jorragar com força de um buraco em uma das extremidades da banheira. Ela levou a mão até a água. Estava quente, para a sua surpresa.
— Nos encontramos novamente, Lydia. — Ela escutou a voz agora conhecida.
Ela estava em um lugar vazio, tudo que podia ver era ela mesma, e o rei, parado a alguns metros de onde estava, vestido em trajes vermelhos com detalhes dourados. Pela primeira vez, Lydia estava o vendo com a sua coroa, era fina, mas dourada e brilhante, adornada com várias pedras vermelhas.
— O que, por Nirl, você quer? — Lydia perguntou irritada. Ela provavelmente tinha pegado no sono na banheira.
O rei alargou o sorisso, e se aproximou dela.
— Não consigo ver claramente onde está agora. — Ele falou virando levemente a cabeça, com uma expressão pensativa. — O que me faz saber exatamente onde você está. Agalesia é um lugar magnifico não é?
Lydia não respondeu, e olhou em volta tentando pensar em uma forma de sair daquele lugar.
— Não tem saída. — O tirano falou respondendo os pensamentos de Lydia — Vai adorar saber o que tenho para você. Uma supresa, para que possa ver o quanto sou clemente. Junte-se a mim, Lydia, o cargo de sua mãe como minha executora ainda está vago.
Lydia riu, ao menos pensar naquela ideia parecia absurdo.
— Me juntar a você? Para ajudá-lo a derramar o sangue de pessoas que nunca fizeram algo errado? — Lydia cuspiu as palavras com raiva.
— E é tão diferente do que você mesmo faz? Acha que aqueles soldados que matou em Aurealia, eram todos monstros que mereciam morrer? Agora mesmo tem familias chorando a morte deles, e jurando se vingar de quem lhes tirou a vida Lydia. Você. Na hora certa você virá até mim.
— Irei. Precisarei estar na sua frente para arrancar-lhe a cabeça. — Lydia vociferou por fim.
Oieee, o que acharam do capítulo? Eu adicionei o elenco que imagino para o livro, se gostarem podem dar uma olhadinha lá! E não esqueçam da estrelinha 😍
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A Canção do Antigo (Completo)
FantasiaLydia foi ensinada a não chamar atenção. Foi ensinada a esconder sua força e habilidades extraordinárias. Mas depois de assistir todos aqueles que amava morrerem tragicamente, o poder que nem sequer sabia que tinha foi despertado. Ela agora morreria...