Capítulo 69

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Lydia

— Está na hora, Lydia, devemos subir. — Ela escutou Leoric falar. — Vamos Ruriel.

Lydia lançou um olhar significativo para Ruriel. Lydia nunca tinha pedido por nada daquilo, e Ruriel não a tivesse assegurado que estava bem com a situação nunca teria concordado com nada daquilo.  

Os três seguiram em silencio para plataforma sobre a praça. Anara, e os outros membros do conselho já os esperavam, cochichando entre si com feições sérias. Assim que perceberam a aproximação dos três cessaram a conversa, e se viraram para eles. 

Lydia viu Leoric se enrijecer ao ver Losandro.

— Agora que todos estão aqui, podemos começar. — Anara falou, se virando para o povo da cidade rebelde. — Estamos aqui hoje para lamentar aqueles que se foram. Para honrar a última herdeira da família real de Norealia, e as famílias de todos aqueles que deram a vida pela resistência.

Lydia olhou em direção às fornalhas centrais que aqueciam Agalesia. Os caixões de madeira, enfeitados com flores brancas e joias descansavam lá dentro, esperando o toque do fogo.

Assim eram os funerais no norte. O fogo deveria levar as almas dos que morreram em batalha para Nirl. E ela por sua vez, guiaria os soldados até uma linda colina, onde viveriam com seus entes queridos, até decidirem por nascer novamente.

— Caldesh. — Anara falou, fazendo a fornalha se incendiar.

Todos assistiram quietos enquanto o fogo da fornalha consumia dos caixões. Lydia observou a multidão na praça. Alguns assistiam endurecidos, enquanto outros tinham que ser sustentados enquanto faziam esforço para não se quebrar.

A crença do Norte mandava assim. Se o guerreiro morto visse sua família sofrendo quando sua alma fosse tirada de seu corpo pelo fogo, ele poderia hesitar, querer ficar, querer consolar, e sofrer, perdendo a chance que o fogo lhe dava até Nirl, e ficando preso em Elthe para sempre, vagando sem corpo, assim como os seres na Floresta Branca.

— Faler Nirl Haratyr nar rhan sarat. — Anara recitou. — Que Nirl os leve para a colina mais verde. 

— Faler Nirl Haratyr nar rhan sarat. — Todos eles falaram em uníssono.

Os rebeldes do sul não tinham crenças. Mas seus mortos eram queimados nas mesmas fornalhas que queimavam aos guerreiros do Norte. 

— Devemos comemorar, entretanto. Comemorar a vida desses guerreiros. Comemorar a vitória que eles nos trouxeram. —  Anara falou. — Comemorar o renascimento da resistência. Todos sabem, e a maioria se lembra quem foi Selene. Nossa Libertadora, que deu tudo o que podia para livrar o povo de Elthe do Tirano.

Lydia sentiu seu nervosismo aumentar. Estava chegando a hora.

  — Infelizmente, ela se juntou a Nirl durante a batalha de Dunandir. Mas deixou uma filha, uma nova esperança para os rebeldes derrotados.

Lydia viu Ruriel franzir o cenho, ele, assim como ela tinha um pouco de resistencia quando falavam deles como armas.

— Eu Anara de Dugh, lider dos rebeldes, e governadora de Agalesia. Pela força do Antigo, Nomeio Lydia de Rainelle, filha de Selene, como a Libertadora do Antigo, todos agora deverão de ouvir, obedecer e respeitar. Aceita a responsabilidade?

Lydia deu um passo a frente, assim que Leoric empurrou gentilmente suas coisas.

— Aceito. — Ela falou baixo.

— Aceita a posição? — Anara perguntou.

— Aceito. — Lydia respondeu novamente, dessa vez um pouco mais alto.

A Canção do Antigo (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora