Capítulo 31

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Lydia

– Já sabe o que deve fazer Ruriel. Treine um pouco o que já sabe, vou lhe passar mais alguns movimentos. – Leoric falou. – Sente-se um pouco Lydia e observe.
Ruriel assentiu e foi para um canto do porão mal iluminado. O lugar era bastante limpo, contudo a falta de aquecimento e as paredes de pedra fria sem nenhum tipo de decoração transformava-o em um cômodo pouco acolhedor. Ele começou a se mover, fazendo movimentos ensaiados que se assemelhavam a uma dança.

Lydia achou um pouco estranho, até reparar no que se tratava de fato. Ruriel mudava lentamente de posição com uma exatidão impressionante. Ele alternava entre ataques e defesas se movimentando o mínimo. Ruriel estava lutando, ela percebeu, contra um adversário invisível, ele soltava bufadas de ar e baixos gritos guturais a cada movimento, eram movimentos de ataque, defesa e contra-ataque, em uma luta sem armas. Quando Ruriel acabou, Leoric passou mais três movimentos da sequência, e explicou como cada um deles era aplicado com um oponente verdadeiro. Depois deixou-o testá-los, tendo Leoric como dupla.

Lydia observava maravilhada a facilidade com que Ruriel derrubava Leoric vez após vez, usando apenas os três movimentos que o mestre lhe ensinava. Leoric não defendia, apenas deixava com que Ruriel treinasse o que ele tinha ensinado. Um tempo depois, Ruriel voltou a praticar a sequência anterior, com a adição dos novos movimentos, e Leoric finalmente se voltou para ela.

– Venha comigo. – Ele disse.

Lydia o seguiu para um quarto minúsculo ainda dentro do porão da taverna.

– Uso este quarto para ensinar Ruriel a se concentrar. – Leoric falou. – Ele não deve saber, ainda, que tipo de sangue temos, é muito perigoso, para ele. Turinae.

Lydia arqueou uma das sobrancelhas a ouvir novamente a língua desconhecida. Assim que Leoric falou a palavra ela sentiu o conhecido formigamento no topo de sua cabeça, que sentia todas as vezes que sentia a magia do antigo.

– Turinae quer dizer silêncio na língua das antigas raças. Vai evitar que ele nos ouça.

Lydia assentiu, e continuou em silêncio esperando o que ele diria a seguir.

– Antes que eu possa te ensinar algo sobre luta ou magia, precisa entender como usar seu poder conscientemente. Até agora você só o usou em situações de risco, estou certo? – Ele falou, continuando depois que Lydia assentiu – A magia nem sempre é aquela que você externa. Ela pode agir dentro de você, te fortalecendo tanto nos músculos, quanto no cérebro. Como eu já lhe disse, nós d'O Antigo, somos mais fortes, mais inteligentes e mais hábeis, mas para isso precisamos sentir O Antigo em nós, nos conectar com ele, e o mais importante de tudo, precisamos aceitá-lo.

Tudo aquilo parecia estranho para Lydia, em Rainelle qualquer um que falasse como Leoric era considerado louco, ou traidor.

– Feche os olhos, sinta e ouça, Lydia. Encontre o poder em você.

– Mas, não estamos na Floresta Branca. Como...

– O Antigo é mais presente na Floresta Branca sim, Lydia, por motivos antigos demais para saber. Mas, ele é tudo. Ele está em tudo. E você pode senti-lo. Feche os olhos, que tentarei te guiar.

Lydia fechou os olhos, ela temia o que poderia acontecer, o Antigo sempre fora um tabu, e sempre fora temido por aqueles que conhecia.

– Se concentre na Floresta, lembre-se do que sentia na floresta branca e busque aquilo. - Leoric instruiu.

Lydia se lembrou do poder que a embalava todos os dias, sentiu nostalgia e felicidade quando finalmente ouviu a doce melodia, sem se dar conta ela uniu sua voz a energia que pulsava sobre eles. E então ouviu Leoric fazer o mesmo, mas para sua surpresa ele sabia a letra, que simplesmente parecia a certa, fazendo Lydia se sentir tola e exultante ao mesmo tempo por não ter a encontrado antes.

A Canção do Antigo (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora