Lydia
Seu poder se esvaia rapidamente, mesmo tendo diminuído a intensidade das chamas que lançava em todas as direções.
Ela sabia que tinha se machucado, mas a dor não a impedia de continuar lutando. Seu arco estava firmemente posicionado, e Lydia atirava flechas sem parar, se dando tempo para recuperar o folego de sua magia. Lonna já tinha saído de sua mira, e se escondido atrás de seus soldados, antes que ela tivesse tempo de revidar. Ela sabia que ir atrás dele não seria uma boa ideia. Não até a chegada de Ruriel.
Quando escutou o grito de guerra vindo dos soldados rebeldes que lutavam na linha de frente, seguido da súbita hesitação dos guerreiros inimigos, ela soube que tinham chegado. Lydia não pode vê-los, mas a enxurrada sem fim de soldados do rei tinha cessado.
Lydia recuou ao perceber que não era mais necessária para segurar o avanço implacável do exército do norte. Ela correu até os curandeiros que trabalhavam no sopé da montanha. Tinha que parar o sangramento de seu ferimento se quisesse continuar.
Antes mesmo que ela pudesse se aproximar de Anara mãos pequenas e firmes a sustentaram pelo braço, e então ela se deu conta o quão próximo estava de cair, suas vistas estavam embaçadas e seus músculos não respondiam mais.
— Venha. — Ela ouviu a dona das pequenas mãos falarem. Era Isabel. — Vou cuidar de você.
Lydia assentiu, respirando com dificuldade, agora que já não estava lutando, podia sentir claramente a dor causada pelo ferimento e pelo esforço.
— Rápido. — Ela falou entre os dentes. — Preciso voltar.
— Você já lutou o bastante libertadora. — Ela interviu, enquanto ajudava Lydia a se sentar em uma pedra. — Se não fosse por você isso já teria acabado mal para nós.
— Tenho que ajudá-los. — Lydia falou.
— Deixe isso com eles agora.
Lydia encontrou os olhos azuis de Isabel, e segurou seu olhar firmemente.
— Não. Devo voltar. — Ela falou, decididamente.
Isabel encarou os olhos de Lydia por um momento, antes de assentir derrotada. Em algum lugar naquele caos de metal contra metal, Ruriel e Leoric estavam lutando pelos rebeldes, por ela, e pelas suas próprias vidas. Ela simplesmente não poderia ficar parada assistindo.
Isabel rapidamente manejou levantar as várias camadas de suas roupas e malhas resistentes de batalha antes de praguejar baixinho.
— É um corte fundo o que tem aqui. — Ela anunciou. — Mas pelo que parece não atingiu nada importante, deve tomar cuidado, vou tentar estancar o sangue com magia, mas se se esforçar muito poderá voltar a sangrar.
Lydia assentiu, observando Isabel trabalhar. Ela era rápida e eficiente com as mãos, enquanto injetava a porção exata de magia do Antigo para parar o sangue, e fechar a ferida provisoriamente, sem excessos.
Assim que ela terminou, Lydia se levantou, ainda zonza. Isabel tocou levemente a cabeça de Lydia enviando mais um pulso de energia, fazendo com que o anuviamento que pressionava seus sentidos se esvaísse lentamente.
— Obrigada. — Lydia falou.
— Tome cuidado. — Isabel falou, antes de se voltar para onde mais três curandeiros estavam debruçados trabalhando em um soldado atingido em cheio por uma das flechas inimigas.
Ela deu um longo suspiro, apertando o arco em sua mão direita, e então, se virou em direção a linha de frente. Lydia sabia que o jeito mais rápido de vencer aquela batalha seria achar Lonna, e já tinha uma ideia de onde ele poderia estar. Mas primeiro tinha que conseguir fazer seu caminho ao longo das fileiras de soldados, que mesmo bagunçadas e ainda desorientadas pelo ataque surpresa dos rebeldes, ainda eram muitas.
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A Canção do Antigo (Completo)
FantasíaLydia foi ensinada a não chamar atenção. Foi ensinada a esconder sua força e habilidades extraordinárias. Mas depois de assistir todos aqueles que amava morrerem tragicamente, o poder que nem sequer sabia que tinha foi despertado. Ela agora morreria...