Capítulo 37

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Ruriel

Ele nunca tinha ousado entrar naquele lugar antes, não com todas aquelas lendas sobre o que acontecia com aqueles que tentavam. Ele caminhava em silêncio, logo atrás de Lydia e Leoric. Ele olhou a jovem que andava lado a lado com seu mestre, ela estava confusa, ele podia dizer. Algo estava a incomodando, e fazendo que Ruriel estivesse incomodado também.

Um pouco antes de Lydia acordar, Ruriel sentiu algo estranho, era como se alguém que odiasse muito estivesse bem na sua frente, era como se todo ódio que tinha acumulado dentro de si, tivesse ganhado um rosto. Ele balançou a cabeça tentando se livrar da sensação. Depois de todo aquele drama com magia, ele devia estar perdendo a cabeça.

Assim que avistaram a cabana e ele começou a se sentir mais relaxado, sem aviso, vultos pretos os cercaram, fazendo barulhos esquisitos de sussurros e assobios, Ruriel sentiu sua pele se arrepiar, e logo levou a mão na espada que repousava na bainha.  

— Não se preocupe, são espectros, não vão nos atacar. — Lydia falou.

— Claro, porque parecem bem bonzinhos de fato. — Ruriel sussurrou, sem abaixar a guarda.

Leoric abriu a porta da cabana, que fez um rangido estranho. Estava muito fria, as paredes de madeira quase não serviam de isolante para a temperatura congelante da floresta. Mesmo dentro da cabana eles podiam ouvir os murmúrios espectrais que viam do lado de fora.

— Nunca pensei que viria aqui. — comentou Ruriel.

Ruriel se sentou no chão ao lado do catre. Finalmente ele estava a caminho de fazer o que sempre quis, se juntar a resistência e conseguir vingança, mas agora Ruriel mal podia suportar o frio na barriga causado pelo medo e pela incerteza.

— Não posso prometer que tudo ficará bem garoto, mas farei tudo ao meu alcance para mantê-los seguros. Agora durma, e descanse, amanhã será um longo dia. — Leoric falou, numa tentativa de tranquilizá-lo.

Só faltavam poucas horas até o amanhecer, e Ruriel não conseguiria dormir. Ele sempre achou que a magia era um mito. Lydia tinha se perdido de si mesma e quase matado Willem, Grant e Yvon. Seu mestre, Thael, o taverneiro, não era ninguém menos do que o lendário Leoric, o general que havia traído o Tirano e salvara vilas inteiras da fúria do rei.

Ruriel se virou no chão da cabana, mas estava insuportavelmente frio, e os murmúrios espectrais ainda rondavam a cabana.

— Não consegue dormir?

— Não. — confessou Ruriel.

— Vou treiná-lo Ruriel, não será fácil para você, mas vou treiná-lo como um cavaleiro.



Os primeiros raios solares começaram a vencer as nuvens escuras. Ruriel que finalmente tinha pegado no sono, acordou com Leoric revirando as sacolas que trouxera. Estava frio, tão frio que ele podia sentir até seus próprios ossos tremerem. 

— Temos que economizar comida, irá demorar até encontrarmos um lugar para caçar. — Leoric disse jogando um pão em direção a Ruriel.

— Levante-se, e vá comendo no caminho, você demorou demais para acordar, e ainda temos a floresta toda para atravessar. 

— Sou um homem em crescimento, claro que preciso dormir muito. - Respondeu Ruriel.

Ruriel olhou em volta, Lydia não estava na cabana.

  — Onde ela está?  —  De repente se sentindo alarmado

  — Não sei,  quando acordei ela já tinha saído. Não se preocupe, ela conhece muito bem esse lugar, devia estar querendo passar um tempo sozinha. 

Assim que Leoric acabou de dizer aquelas palavras a porta da cabana se abriu com um rangido, deixando o ar ainda mais frio entrar.

— Tinha razão Leoric. —  Lydia falou. —  Teria sido impossível ficar aqui durante esse inverno.

— Sim. — Leoric concordou.  —  Antes de irmos, eu preciso te contar uma coisa, Lydia. Sente-se. Quero que sabia, que apenas não te contei antes, porque eu mesmo não tinha desconfiado. 

— Do que está falando, Leoric?

— Sua mãe, Lydia, eu sei quem é sua mãe.

Ruriel prendeu a respiração ao mesmo tempo que a garota, enquanto os dois esperavam pelo que viria a seguir.

— Jolane?

— Não, não esta. Sua verdadeira mãe. 





Oi gente, é com pesar que venho anunciar que A canção do Antigo agora vai entrar em uma pausa, um hiato para eu poder me concentrar na faculdade. Até Janeiro!



BRINCADEIRINHAAA!

Amanhã tem mais, beijo, amo vocês, deixem um comentário, e cliquem na estrelinha.

A Canção do Antigo (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora