Capítulo 62

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Lydia

Ela sentiu o vento gelado e forte das montanhas cortar seu rosto assim que deu um passo para fora da passagem. O vale estava negro, ainda faltava aproximadamente uma hora para o amanhacer. Mas a visão das milhares de tochas acesas no horizonte, fez suas mãos suarem, estava quase na hora, o exercito de Lonna já devia estar rumo ao vale. Lydia caminhou lentamente até o local indicado por Losandro. Ela levava seu arco e flechas firmemente, mas sabia que quando o embate finalmente começasse não iria usá-lo, tinha uma tarefa a cumprir.

Ela se posicionou descendo a montanha rapidamente, junto com os soldados que iam em direção ao vale para a linha de frente.

Ela estava com medo depois de tudo. Não por ela mesma mas por todos aqueles que dependiam de seu poder. Lydia encarou as faces ilumidadas perto dela, ele também temiam àqueles cujas tochas estavam cada vez mais próximas.

O terceiro sinal ressoou. A esta altura toda a divisão de frente do exército rebelde já devia estar posicionado. O barulho feito pelos milhares do exército inimigo ficava cada vez mais alto, a medida que adentravam no vale, era o som de metal, passos firmes, e cavalos.

A escuridão do céu finalmente estava sendo vencida pelo sol que surgia no horizonte. E Lydia, assim como todos os rebeldes, poderam ver o que lhe aguardavam. Ao longe, entre as montanhas geladas, o exército Lonna manobrava para se posicionar. Era imenso, Lydia percebeu, engolindo seco.

— Se preparem soldados. Assim que o sol nascer por completo devem avançar. — Edval, o comandante daquela divisão rebelde anunciou.

Toda aquela espera estava a deixando  cada vez mais nervosa, e então fez a unica coisa que pensou. Cantou baixinho para si mesma, o refrão da música de Olsen, para se lembrar o porque que tudo aquilo era necessário.

Não vê de onde venho,
Sou do norte e além,
Não tenho um dono,
Não sou de ninguém,
Não vê minha força
e rapidez sem igual,
Não tenho um mestre,
Sou do norte tal qual.

As cabeças mais próximas se viraram na direção de Lydia, algumas delas assentiam, outras se inflamavam pelas palavras simples, mas que era extremamente significativas para eles. Não demorou até pouco a pouco varias vozes tímidas se tornarem mais altas e decididas cantando a musica e apreciando o eco pruduzido pelas vozes graves ressoando pelo vale. Eles cantaram essa estrofe mais três vezes. Antes de ouvirem o avanço rápido do exército inimigo, vindo com o nascer do sol.

— Preparem-se! — Lydia escutou Edval gritar antes de se concentrar na canção do antigo que fica mais e mais presente naquele lugar.

Era a hora. Ela se afundou no mar de poder que a canção lhe guiava, uma saraivada de flechas voou por cima de suas cabeças em direção ao exército inimigo.

Lydia sentiu seu poder crescer e formigar-lhe as pontas dos dedos.

— Var Lament! — Ela disse criando um escudo forte o suficiente para cobrir cada um dos soldados da infantaria, que receberiam o primeiro ataque.

Era única forma de conseguirem resistir a um exército três vezes maior.

Ela viu os soldados se prepararem para o encontro dos dois exércitos, os lanceiros posicionavam seus escudos na linha de frente, esperando a cavalaria inimiga, com as lanças em riste. Mas o encontro não devia acontecer ainda.

Ela puxou ainda mais energia de seu sangue. E ergueu as duas mãos para o exército inimigo. Não tinha certeza de que aquilo iria funcionar completamente, as primeiras filas eram muito extensas. Mas faria um estrago de qualquer maneira.

A Canção do Antigo (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora