Capítulo 50

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Lydia

Os viajantes entraram no túnel, um a um, puxando seus cavalos pelo cabresto. A escuridão que parecia sem fim, foi logo resolvida quando novamente outra pedra se abriu no fim da passagem, preenchendo o túnel com uma luz alaranjada.

Assim que venceram o túnel e a pedra se fechou novamente atrás deles, Lydia soube que finalmente tinham chegado.

  — Esta é Agalesia, a cidade rebelde. — Leoric anunciou.

Era linda, Lydia pensou. Diferente de tudo que a garota já tinha visto. Agalesia era forjada, por todos os lados tudo o que se via era feito de metal. Ouro. Ferro. Aço. Era uma cidade incrustada no interior de uma montanha. Lydia estava em pé em uma plataforma. Pelo que pode ver de onde estava, a cidade tinha enormes pontes e escadas de ferro que ligavam os diversos platôs naturais que serviam de fundação para as estruturas. No centro, bem baixo de onde estavam, uma fornalha gigante, afastava o frio congelante da montanha.

  — Eras atrás essa era uma cidade que pertencia aos anões, é uma das poucas coisas que resta das raças antigas. Uma cidade fortaleza. Nunca foi penetrada, nem pela magia dos elfos. Estaremos seguros aqui... —  Leoric explicou.

— Cavaleiro. —  Lydia escutou uma voz feminina chamar. — É uma honra indescritível te reencontrar.

Eles se viraram em direção a voz, uma mulher idosa, com cabelos muito longos e loiros e impecavelmente lisos, estava parada a poucos metros deles. Ela parecia importante, estava vestida em um vestido dourado com detalhes verdes, e levava uma tiara fina de ouro adornada com pedras brilhantes na cabeça. Lydia a viu se curvar ligeiramente quando se aproximou de Leoric.

  — Angus, Leten. — Ela falou, se dirigindo aos homens altos e fortes que a acompanhavam. — Por favor, acompanhem os companheiros do cavaleiro, e lhes deem água, comida, e algum lugar para dormir nos alojamentos. Cuidem de seus cavalos também.

Os dois homens tomaram a frente e fizeram sinal para que eles os acompanhassem.

  — Ruriel, Lydia, entreguem seus cavalos, vocês devem ficar. — Leoric pediu.

 — Vou apenas onde Lydia for. — Ela escutou a voz de Alisto falar atrás deles.

Lydia se virou para o irmão adotivo. Ela não sabia como ele tinha conseguido sobreviver ao ataque em Rainelle, mas tinha certeza que ele deveria ter passado por muito coisa desde então. Alisto era jovem, e tinha perdido tudo.

—  Pode ir. — Ela falou colocando a mão no ombro de Alisto. — Descanse, então conversaremos, vai ficar bem agora, eu prometo.

Os dois se encararam por alguns instantes antes de Alisto assentir, e se juntar aos outros fugitivos que seguiam os guardas da mulher. Assim que se afastaram o suficiente, a idosa fez um sinal para que eles a seguissem. Ela os levou até uma portinha de ferro enferrujado que levava a outro túnel, e que por sua vez, acabava em uma sala lotada de armas e armaduras velhas.

  — Acho que podemos conversar aqui sem sermos interrompidos. Me permite falar livremente cavaleiro? —  A mulher pediu se dirigindo a Leoric.

— Claro, Anara.

Então esse era o nome dela. Anara. Lydia tinha a impressão que já tinha o ouvido antes. Provavelmente em alguma história.

  — Onde estava com a maldita cabeça, garoto? —  Ela disse com um tom de voz mais alto — Um incêndio daqueles bem no nosso quintal? A revolução vale a vida de alguns prisioneiros? Sabe mais do que ninguém que não podemos salvar a todos. Não ainda. 

  — Não tivemos escolha...

— Não me interrompa! — Ela ralhou ainda mais alto. — Sabe que sorte nos trouxe? Acha mesmo que aquele general arrogante do exército do norte não virá se vingar assim que chegar e ver o que fez em seu acampamento? Ele vai marchar para as montanhas assim que souber! 

A Canção do Antigo (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora