Depois de ouvir isso, eu apenas me levantei e saí da casa de Lorena. Minhas lágrimas estavam intensas e eu não conseguia chorar em silêncio, meu rosto estava quente e minhas mãos tremendo. O que eu estava fazendo? Eu estava afastando de mim a pessoa que eu morro de saudade e ciúmes.
As nuvens cinzas acima da minha cabeça e o leve chuvisco batendo no meu rosto faziam eu querer ainda mais ver o sol acima das montanhas. Eu queria correr até a praia, sentar na areia e esperar o sol aparecer. E chorar. Chorar muito.
Eu acredito no Deus que criou o céu e o mar. O ar. Eu creio em tudo que Ele fez. Eu sei que Cristo vive, eu sei, mas as vezes... Eu não consigo deixar de ter um coração infeliz, eu não consigo me apoiar nele, não consigo deixar Ele segurar minha mão e passear comigo pelas ruas.
Eu me abracei para tentar me consolar sozinha, meu cabelo já estava úmido e meu rosto inchado. Eu continuava andando sem rumo. Não, eu tinha um rumo, eu estava indo até ele. Inconscientemente eu estava o procurando sem parar. Olhando apenas para frente, mesmo com as lágrimas deixando minha visão turva, eu sabia que se visse seu semblante ia reconhecer. Então eu apenas continuei andando até o achar.
Andei... Andei mais. Eu estava tão cansada, minhas pernas quase gritavam de dor e meus pés estavam calejados. E as lágrimas não paravam de vir mais intensamente a cada instante.
Eu coloquei a mão no bolso para procurar meu celular, mas na mesma hora lembrei que deixei no chão na frente da porta do quarto de Lorena. Eu então estava chegando a casa dele, eu sentia que devia voltar, mas eu não conseguia.
Eu posso ser irresponsável só dessa vez? Eu posso ser feliz?
A chuva estava mais forte, não tinha ninguém na rua, apenas lama e algumas barracas abertas, as pessoas dentro dos locais me olhavam confusas, com pena e desconfiança.
Quando cheguei perto da casa dele, ele estava saindo pelo portão com um guarda-chuva, jaqueta, calça jeans surrada e uma bota preta. Lindo como sempre. Ele via algo no celular, então nem notou que eu estava ali, mas quando seu olhar fixou para frente ele me viu e momentaneamente vi um suspiro de alivio sair dele.
Ele soltou o guarda-chuva e correu até mim. E me abraçou forte. Muito forte, seu perfume entranhou no meu nariz, e era bom. Ele acariciou meu cabelo muito forte e cada vez mais me apertava, e suspirava. Ofegante, ele não conseguia dizer nada. Eu não o abracei de volta, mas queria. Eu estava com os braços doendo de ficar me abraçando sem parar.
— Eu estava preocupado com você! – Se afasta um pouco e segura meu rosto com as mãos dele. Então, me abraça de novo.
Lentamente eu levo meus braços até ele e o aperto, seguro sua jaqueta e me afago em seu peito, deixando mais lágrimas descerem pelo meu rosto. Ele beijava minha cabeça e me afagava para mais próximo dele. Seu coração estava acelerado, assim como o meu.
— Porque fez isso? Aí garota... Você me deixa louco... – Sua voz me fazia perder os sentidos. Voz grave e suave ao mesmo tempo.
Eu queria ficar ali, sendo irresponsável nos braços dele. Eternamente.
— D-Desculpe... D-Desculpe... – Minha voz estava esganiçada e falha.
Era só isso que eu podia dizer.
— Eu que traio você e você me pede desculpas? – Ri de leve. — Vamos entrar. – Ele diz ao pé do meu ouvido.
Foi aí que ele me surpreendeu me pegando no colo. Eu estava me sentindo uma criança, mas muito feliz por dentro. Eu me aconcheguei nele, enquanto ele caminhava para dentro da sua casa. Pequena e calorosa, com um cheiro adocicado. Era quente ali dentro, mas era mais quente ainda nos braços dele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O preço de ser cristã
EspiritualQuando seu corpo e alma anseiam por algo o mais difícil é encontrar esse algo e conseguir guardá-lo para sempre. Alana é apaixonada por Cristo, porém, tem um irmão que faz de tudo para afastá-la Dele e com punições físicas, mostra o quanto odeia a D...