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9 anos atrás.

Eu tinha 11 anos, quando comecei a sentir desconfortos em minha barriga.
Sentada em minha cama, observei o que estava de errado. Me levantei e entrei em choque quando vi uma pequena mancha de sangue no lençol branco. Por impulso, abaixei a cabeça e aquela mancha também estava em meu vestido.
Meu chão desabou, como qualquer criança leiga. Chorei e chorei, acreditava profundamente que estava morrendo.

Em meio aos soluços troquei minhas vestes e fui imediatamente me despedir de minha mamãe em seu quarto.
A encontrei sentada na cama, encostada na cabeceira, em uma mão segurava uma xícara com um líquido dentro e na outra digitando algo no notebook que havia em seu colo. Talvez comprando mais sapatos caros, mas eu não me importava.

E como sempre, ela não tinha "tempo" para me ensinar sobre o corpo humano.

- Mamã? - chamei por ela ainda com a voz embargada por conta do choro.

- Diga! - ela falou encarando a tela do notebook.

- Eu estou morrendo - falei me aproximando dela.

- Não tenho tempo para brincadeiras, volte já para seu quarto e peça para a babá te ajudar com as vestes do Ballet. - mamãe exclamou brava agora me encarando.

- É verdade mamã, tem uma mancha de sangue em minha calcinha, eu posso mostrar!.

- Sangue? Não, sangue é sujo. - ela suspirou pesado e depositou a xícara em cima do criado-mudo e o notebook na cama. Tinha um tom de nojo em sua voz. - Sente aqui querida! - liberou um espaço para mim e eu sentei ao seu lado à olhando.

- Eu deveria pedir para a babá te alertar sobre isso. - ela disse me olhando - você não vai morrer. Isso significa que seu corpo estava preparado para receber uma vida, mas ela não entrou. Então todos os nutrientes saiu, igual xixi.

- Vida? Não... não quero nutrientes saindo de mim. - eu estava totalmente perdida.

- Quer dizer que você está pronta para ser mulher. Mais para frente você vai entender, daqui a pouco seu corpo vai mudar e os garotos vão começar a te enxergar de forma diferente, e aí... - ela parou um momento e ficou pensativa - se você tiver sorte talvez seu marido seja rápido. você deve deixa ele fazer o que quiser. Caso ao contrário vai ser pior - ela me encarou - É como picada de abelha filhinha, entra e sai.

- picada de abelha dói mamã - Falei.

- Vem, vamos colocar um tampão - ela levantou da cama e pegou em minha mão.

- O que é um tampão? - a segui"

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Italia|Europa|
10:22.

Valentina Smuck

As memórias marcantes nunca vão embora, não importa quantas noites você durma, quantos tratamentos psicológico você faça.

É como se eu estivesse vivendo tudo novamente, mas de outra forma. Me fazendo refletir sobre minha infância, e ter a oportunidade de mudar todas as coisas que me obrigaram a aceitar.

Em Suas MãosOnde histórias criam vida. Descubra agora