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Valentina Smuck

Receber agulhadas ultimamente não vem me causando medo.
O oposto, é bom saber que estou viva, embora não seja do agrado.

Agora consigo me alimentar melhor, entretanto, a comida do hospital está me saturando. Levando em consideração que a Senhora Clara me obriga a me alimentar as vezes.

Um dia, Alessandro e eu recebemos a notícia que o exame de Clarisse saiu, mas precisei aguarda-lo até o dia seguinte, porque ele estava trabalhando.
Fiquei tão ansiosa que não consegui pregar os olhos.
E quando ele chegou durante a manhã, finalmente pude comemorar internamente. Algo não me deixou aliviada, Alessandro bebeu no dia anterior, seu rosto entregava completamente. Mesmo vestido da maneira mais fina possível, seu semblante estava puro ódio e pura ressaca.

- Sentem se, por favor. - O doutor Calvin pediu.

Estamos em sua sala de atendimento, Alessandro e eu.
Nos sentamos à mesa, ficando cara a cara com o Médico.

- Finalmente tivemos o resultado. - sorriu. - Clarisse é forte, o procedimento não a prejudicou.

- Fico feliz por ela! - Cofessei.
O doutor relaxou seus ombros tensos após escutar minhas palavras. Estava tenso pelo olhar compenetrante de Alessandro.

- Bom. Fizemos todas as coletas uterinas possíveis. Tudo indica que não houve uma gestação! A paciente nunca esteve grávida.

Aquelas palavras aliviaram meu peito em um só sopro.

- Ela me mostrou um exame sanguíneo, quais são as chances de ter dado um resultado errado? - Alessandro perguntou com sua voz calorosa.

- É incrivelmente raro, mas acontece. Em um ultrassom as chances são mínimas,mas em um exame beta pode acontecer. Clarisse sofreu uma gravidez psicológica, nossa mente é capaz de tudo. Até de nos fazer acreditar em uma gravidez. O corpo dela produziu hormônios, que indicaram todos os sintomas de uma gestação.

- Isso explica muita coisa. - Sussurrei.

- O recomendado é uma clínica psiquiatra para ajudá-la. A paciente apresenta sintomas de agressão, alucinação, suicídio, irritabilidade, dentre outros sintomas extremamente perigosos.

- Sabe o que pode ter causado isso? - meu marido perguntou, atraindo meu olhar.

- Estresse pós-traumático! - Confirmou. - Mas nada é certo. Irei recomendar um contato, e vocês recorrem a essa doutora! Ela irá orienta-los. O homem anotou números em um bloco de nota, destacou a folha e a empurrou delicadamente por cima da mesa até nosso encontro.

Alessandro olhou aquele papel com desdém, se recusou a pegar assim que de levantou da cadeira macia. Virou seu corpo e nos deixou em um imenso clima.

- É... obrigada por toda ajuda, doutor! - Agradeci em um sorriso amarelo enquanto recebia uma despedida. O moço segurou nas pontas dos meus dedos e os sacudiu para cima e para baixo. Logo, retirei o pequeno papel da mesa e sai do local.

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Corri atrás de Alessandro. Seus passos eram largos e rápido. Ele adentrou o quarto que eu estava hospedada e rodeou o canto angustiado.

Em Suas MãosOnde histórias criam vida. Descubra agora