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Valentina Smuck


- No que tanto pensa? - Clara pergunta inclinando o regador e permitindo que as plantas recebam água.

- Em você - Falei sorrindo, acompanhando seus passos e a observando. - A quanto tempo trabalha aqui, Clara?

- Não muito tempo... - Respondeu simples e abaixou a cabeça.

- Você é casada? Tem filhos? - Perguntei eufórica. Clara pareceu desconfortável com tantas perguntas. - Desculpa, não precisa responder!

- Tudo bem, gosto de sua companhia. - Ela falou calmamente - Sou casada e tenho duas filhas, são gêmeas e lindas.

- É mesmo? Adoraria conhecer elas.

- Em breve irá conhece-la, mas antes precisamos resolver coisas muito importantes! - Explicou.

- Sempre quis ter um irmão! Cresci tão sozinha, sabe? Pelo menos eu iria ter alguém para conversar..

- Uma pena! - Clara ergueu a cabeça rapidamente e franziu a testa. - Pelo que estou vendo, você não teve uma infância tão boa... Não é?

- Bom... Não foi uma das melhores! - Omiti uma resposta.

Por que ela se preocupava?
Eu conseguia enxergar em seu olhar.

Passei as mãos em meu suéter e olhei ao redor.
Vi Alessandro saindo de seu carro rapidamente, como sempre seu semblante não era um dos melhores.

Eu poderia ignorar aquilo. Mas não fiz. Eu fui atrás dele.
Eu fui idiota por isso.

Subi as escadas evitando fazer barulho e observei ele entrando em seu escritório.
Tudo bem que eu estava indo de encontro com a morte, mas algo me dizia que eu precisava ir até ele.

Fechei a porta assim que eu entrei, atraindo o seu olhar.
Ele balançou a cabeça e virou seu corpo.

Confesso que tive vontade de recuar, mas observei Alessandro de cabeça baixa, que mesmo de costas parecia tão vulnerável.
Me aproximei de seu corpo.

Ao chegar perto me posicionei ao seu lado e olhei em seu rosto. Seus olhos estavam avermelhados, assim como partes de seu rosto. Eu não sabia se ele estava bravo ou triste.

- Quer conversar? - perguntei baixinho.

Alessandro pareceu pensar antes de negar com a cabeça, o orgulho era mais forte que suas necessidades.

Pensei antes de tomar uma atitude, creio eu que se eu estivesse em seu lugar iria gostar de receber o mesmo ato.

Abracei seu enorme corpo por trás, segurei meu punho que se localizava em seu abdômen e encostei minha cabeça em suas costas. A princípio Alessandro pareceu desconfortável com tal ato. pude perceber pelo seu corpo rígido, mas depois de uns segundos ele relaxou.

- Não precisa fazer isso por mim! - Falou depois de longos minutos. -

- Somos um casal... - pausei - Me desculpe se te fiz parecer um vilão!

Em Suas MãosOnde histórias criam vida. Descubra agora