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Valentina Smuck

Eu tentava esconder. Mas era inevitável. Eu mentia para mim mesma!
Carregava uma parcela de culpa em meu peito, fui egoísta. Egoísta ao ponto de não permitir que minhas amigas me ajudassem.
Eu me sentia incapaz, uma marionete nas mãos de qualquer pessoa.

E me odeio por não ter um posicionamento.
Me odeio por ser indecisa, me odeio por ter um coração fraco...

Alguém estava do meu lado, esse alguém era Mia. Talvez por pena, mas é o suficiente para que este sentimento de culpa não me destrua lentamente.

DIA SEGUINTE| 17:00|.

- Eles são uns idiotas, nunca aceitam minhas ordens. - Disse se referindo aos soldados que estavam em treinamento na área externa da Casa Nera. - Não aceita uma mulher no poder.

Essa mulher é a Tory, uma ruiva extremamente simpática! Me recebeu amigavelmente.
Ela era uma Capodecina, liderava os guardas de cerca. Também era a única mulher da Casa Nera com um cargo superior.

Lá estava eu. Cada vez mais adentrando em uma vida criminosa! Que de certa maneira fazia de mim uma criminosa também.

Por um momento se passou pela minha cabeça que Alessandro estava querendo me tornar uma mafiosa, mas acredito ser improvável.

- Vou te levar ao chefe! - Completou.

E assim, Tory me levou até o último andar do edifício. Uma espécie de galpão totalmente de vidro, tinha uma área onde umas pessoas praticavam tiro ao alvo, lutavam, manuseava facas e treinavam outras coisas.
Andar com meus saltos altos foi um desafio. Não existia elevador ali, e sim rampas extensas e escadas.

Para quem tem dor nos joelhos, era a mesma sensação de correr em uma maratona.

Ao encontrar Alessandro soltei um suspiro aliviado.
Nunca irei me acostumar com tantas armas.

Tory me acompanhou até ele. Cruzou seus braços e falou algo próximo ao ouvido de Alessandro, e logo se retirou sem despedida.

- Tenho uma leve impressão que você quer fazer de mim uma mafiosa. - Falei. Um pouco sarcástica.

Ele não resistiu e sorriu de canto, virou o rosto a fim de omitir o sorriso. Negou com a cabeça e afundou seu revólver na lateral de sua cintura, que segundos antes estavam em sua mão.

- Você já é uma. - Respondeu. Alessandro indicou com a cabeça para que continuássemos andando, então o segui.

Enquanto eu andava, conseguia observar meu reflexo nos vidros do corredor.
Entramos em uma sala aconchegante e diferente das outras, aquela era completamente privada.

Alessandro fechou a porta atrás de si, e me olhou com intimidade.

- Temos um assunto pendente. - Comentou. O que me fez ficar confusa.
Que assunto?

- Temos? - Indaguei em voz baixa.

- Estou sendo franco com você! Tentei resolver as coisas com Clarisse, mas nada saiu como planejado... - Alessandro afundou suas mãos nos bolsos da calça e suspirou.

Em Suas MãosOnde histórias criam vida. Descubra agora