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Alessandro Bonanno

Assoprei a fumaça do cigarro enquanto olhava o movimento a fora. Pensamentos rodeavam em minha cabeça.
Naquele dia, novos soldados haviam chegado.
Me refiro aos filhos de mafiosos que foram destinados a máfia.
Quando se nasce um menino em uma família mafiosa, é obrigatório fazer parte da organização.
Entretanto, existia uma idade mínima para entrar! Somente acima dos dezoito anos de idade.

Eu estava tão sobrecarregado que pensava em matar Maike com minhas próprias mãos.
Quando Valentina disse suas últimas palavras me culpei severamente.
Eu não a protegi, não estava para a deixar segura. Eu falhei.
Ela teve seu corpo assediado por um miserável. E eu não estava para ajudá-la. Me odeio por isso.

Nem se quer preguei os olhos.
Eu o aguardava, e iria o pegar desprevenido.
Ele vai voltar para Casa Nera, como se nada tivesse acontecido. E esse vai ser o momento de tortura-lo da maneira mais lenta possível.

- Esse cara é caolha? Como ele errou um alvo tão próximo? - Jack falou indignado.
Se localizava na mesma posição que a minha.
Suas palavras interrompeu o silêncio, e instantaneamente meus pensamentos.

- Você já foi um desse, Jack! Ou pior. - comentei.

- Não me lembro muito bem dessa história, aliás, seu pai sempre dava as medalhas para mim! Desde pequeno sou ótimo com armas. - Jack falou e me fez relembrar da época em que Edward, meu pai! Fazia um torneio de artilharia entre Jack, Nataniel e eu.

___ - Me abaixei na altura de uma estaca de madeira ao meu lado, manuseando facilmente um fuzil em minhas pequenas mãos, fechei um olho e mirei na cabeça do boneco de madeira que estava a uns metros a frente.
O tiro foi certeiro, e o barulho alto do disparo fez com que os pássaros se assustassem e começassem a voar desesperadamente.

Aquilo era fácil para mim. Meu pai sempre teve uma atenção maior para me ensinar.

- Esse é meu garoto! - Meu pai comemorou vindo rapidamente em meu encontro - Toca aqui, filhão! - fizemos um gesto com as mãos. Ele demonstrou todo seu orgulho.

- Mais um pouco, e ele entra para a máfia com onze anos de idade! - o pai do Jack falou surpreso com minhas habilidades.

- Papai, acho que sou bom o suficiente para ser igual você e o tio Luiz. - tentei o convencer, ainda segurando a arma em minhas mãos.

- Um dia, você será! E de brinde, irá ser o dono de tudo o que seu pai conquistou . - bagunçou meu cabelo.

- passa isso pra cá! - Meu pai puxou para si a arma, e caminhou até Nataniel, que estava encolhido na lateral do pequeno campo. Edward empurrou a fuzil contra o peito do mesmo, que deu um espasmo para trás com a pressão. - Sua vez, moleque. - Falou de forma grossa.

Nataniel segurou receoso naquele objeto é caminhou desconfiado até meu lado, suas mãos estavam trêmulas, seu rosto pálido. Era perceptível seu nervosismo.
Foram cerca de cinco minutos, Nataniel fechava os olhos diversas vezes, suspirava, agachava e temia de errar o alvo.

- Atira logo, garoto! - Meu pai gritou impaciente, Nataniel fechou os olhos e disparou.
A bala passou metros de distância do alvo, e foi motivo de risada.

- Já esse aí, não vai ser de nada !! - Novamente o pai do Jack falou, entre risadas.

Edward caminhou em passos fundos até meu irmão, jogou a fuzil no chão, e deu una tapa no rosto de Nataniel, se corpo magro caiu sobre o chão gramado e no mesmo instante ficou vermelho.

- Você é um motivo de vergonha para mim! Você é completamente incompetente. - gritou, repreendendo Nataniel.

Para meu pai era difícil aceitar que Nataniel não nasceu para ser mafioso. Como os outros garotos da nossa idade, da mesma linhagem de família, tinha dons e habilidades na área mafiosa e Nataniel era totalmente o oposto, papai o desprezava de todas as maneiras, e ferindo ele, também me feria.

Após alguns segundos, observando Nataniel o olhar com fúria, mesmo com os olhos cheios de lágrimas, conseguia demonstrar toda ira que tinha pelo meu pai. Quando Edward saiu para buscar mais cerveja, eu me abaixei para tentar levantar Nataniel. Se papai visse essa cena, certamente iria me castigar!

- Não chore! Amanhã irei te ensinar tudo, para que papai não bata em você denovo. Prometo! - falei segurando em seus ombros.

- Sai daqui! - gritou me empurrando fortemente, com o impulso acabei caindo para trás. Nataniel então se levantou e limpou suas vestes - Não preciso da sua ajuda, você não é melhor que eu, nunca será. - Me olhou com desdém e correu para dentro de casa." ___

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- Meu amor! - Clarisse correu para meu encontro, após me ver adentrar seu apartamento - Achei que não iria vim.
- Me abraçou apertado.

Aquilo me fez recuar. Talvez eu estivesse me sentindo culpado por ter fodido outra mulher.

- Vim ver se está tudo bem com o bebê.

- Esse bebêzinho anda me dando muitas dores! Estou ficando enjoada todos os dias. - Falou cruzando os braços - É uma fase muito complicada, mas logo nosso bebê vai chegar ao mundo para representar nossa união. - disse sorridente e levou minha mão até sua barriga, assenti sem jeito e puxei minha mão.

- Um dos seus seguranças, me comunicou que você saiu, e voltou de magrudada! Quer que eu o pergunte para onde você foi, ou você vai me dizer? - indaguei.

- Ah eu esqueci de te avisar... Eu... - pausou pensativa - Fui avisar mamãe da gravidez, ela ficou tão animada! Amor .

Ponderei por segundos. Até onde me lembro, Clarisse não tinha contato com a mãe há anos.

- Mas isso não importa agora... Eu estou planejando o quarto do bebê! - Pausou - A arquiteta é excelente! E quero fazer o quanto antes.

- De quanto precisa?

- 170 mil euros.

- Quer construir um palácio?

- Amor você sabe, bebês gastam muito. E esse valor não vai te fazer falta! - Clarisse dizia enquanto se aproximava de mim, passou os braços ao redor de minha cintura e beijou meu queixo. - Quero dar tudo que sempre sonhei em ter quando pequena!

Em Suas MãosOnde histórias criam vida. Descubra agora