Em Suas Mãos

21°

Narração de um personagem Off

Clarisse Williams

Meu corpo estava tão leve. Uma sensação de paz invadiu meu peito.
Eu estava em um lugar diferente, um lugar feliz e tranquilo.
A luz era diferente, assim como a cor da natureza.
Tudo era intenso, o canto dos pássaros, o barulho da água corrente...
Nunca havia explorado essa parte do mundo, e eu não desejava ir embora tão cedo.

Observei uma mulher que estava de costas, vestindo roupas claras e com o cabelo extremamente alinhado. Ela estava serena, transmitia uma imensa tranquilidade.
Caminhei lentamente ao seu encontro, tentando de alguma forma enxergar seu rosto.
A moça virou sua cabeça lentamente e esticou sua mão ao meu encontro. Eu queria ir, algo me dizia para segurar em sua mão.
Porque daquela maneira eu teria um descanso, mas fui impedida. Uma força maior puxou meu corpo, me trazendo de volta à realidade.

- Temos batimentos! - Uma voz turva falou. Me esforcei para abrir os olhos, mas estavam pesados como um saco com cimento.

- Continuem à suturar! Antes que ela para outra vez. - Outra voz, daquela vez masculina.

Meu corpo estava paralisado, dormente e leve.
O que eu podia escutar era pequenos ruídos externos, quase imperceptíveis.
Longos segundos depois, senti a mesma sensação me atingir.
E eu voltei para o mesmo lugar.

Encolhi meu corpo, tentando me proteger daquela sensação angustiante.
Agora consegui olhar em seu rosto, tão bonito quanto um anjo. A pele era clara e sedosa, os cílios longos e os lábios rosados.

- Segure minha mão, filha. Irei te levar para um lugar melhor. - Sua voz soava de maneira tão suave, que acalmou meu peito turbulento. Ela sorriu, exibindo seus dentes branquinhos e alinhados.

- Mãe...- Sussurei desacreditada.

- Estou aqui para te salvar! Segure em minha mão. - Olhei para sua mão fina e delicada, que implorava para ser tocada.

- Eu não posso mãe... Eu tenho um bebê para cuidar! - Neguei com a cabeça.

- Não tem, princesa. Foi fruto da sua imaginação!

- Isso não é verdade. - Senti -me atordoada com suas palavras.

- Não me deixe outra vez, filha. Venha comigo!

- Vai embora! Me deixe em paz.

- Chega de sofrer nesse mundo! Se escolher me acompanhar irei mostrar um paraíso sem dor e sofrimento.

- Vai embora. - Gritei desesperada. Lágrimas grossas desciam pelo meu rosto com violência, e meu peito queimava.

- Segure em minha mão. - Ela gritou. E Eu senti uma corrente elétrica me atingir, e logo a escuridão me tomou por completo.

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A dor em minha pele foi o motivo de recuperar a consciência. Abri meus olhos lentamente, reparando em um quarto hospitalar.
A cama era confortável, mas meu corpo doía por inteiro.