20°

3.3K 306 15
                                        

Valentina Smuck

Ponderei afim de encontrar uma resposta.
A insegurança estava acima de mim, e isso me impossibilitou de tomar qualquer decisão.

- O que ela disse à você? - Perguntei baixinho, voltando a me sentar de maneira confortável em minha cama.

- Você não deve saber. - sua voz saiu suave.

- Sim, devo. Ainda mais depois de ser acusada de matar um feto! - O desafiei com o olhar .

- Ouça, você não pode ir até Clarisse para perguntar sobre essa acusação. Ela está instável.

- Acha que eu não sei? - Franzi minha testa - Alessandro, não sou um monstro. Eu estava lá para ajudar.

Seus olhos cor de mel se fixaram em mim. Alessandro carregava um semblante preocupado no rosto. sua testa estava criando rugas suaves por conta de suas expressões.
Ele umedeceu seus lábios e caminhou até mim. Em comparação a mim e o meu corpo sem graça, ele parecia uma muralha de músculos e veias que marcavam seus antebraços. Seus cabelos estavam sutilmente desgrenhados, o que o deixava ainda mais bonito.

- Se me escutasse, não estaria nesta cama. O seu problema é não me obedecer! Só entra em problemas. - Apoiou uma mão na cabeceira branca do leito, me deixando com um vento frio na barriga.
Seu gesto me intimidou, mas não me neguei em olhá-la nos olhos.

- Passei tempo demais obedecendo meus pais. -soltei um suspiro fraco, seguido de um sorriso - Não sai de uma prisão para entrar em outra, e demorei muito tempo para perceber isso.

- Você tem sorte, Valentina. - Sussurou.

Busquei palavras para responde-lo mas não encontrei. O contato visual entre eu e Alessandro foi quebrado quando ele se virou para deixar o quarto, trancando a porta atrás de si.

O fato de ter me deixado de queixo caído revela o quão boba fiquei com suas palavras. Até mesmo, me esqueci que estava sozinha novamente naquele quarto.

Lembro-me de aceitar facilmente ser domada por George e Donatella, como se eu fosse um poodle indefeso que obedece as ordens sem protestar.
Entretanto, eles não estavam aqui. E eu poderia agir como eu deveria agir.
As vezes me arrependo de atos bobos que deveriam ser evitados, Mas nada tira o fato de ter orgulho do que me tornei.

Não mudaria um centímetro da minha ações!

Toques na porta me fez sair de meus pensamentos.
A enorme porta branca abriu lentamente, e o sorriso de Clara animou todo meu dia.
- Bom dia, querida.

- Senti sua falta... - era inevitável não esboçar o melhor sorriso ao ver Clara.

- Como está se sentindo? - Suas mãos macias tocaram meus cabelos de forma suave, o que me fez bufar de aconchego involuntariamente.

- Estou melhorando... - Respondi baixinho, entretida em receber um carinho em meu couro cabeludo.

- Não vejo a hora de te ter em casa, irei cuidar muito bem de você. E te forçar a comer sopa de lentilha.

Em Suas MãosOnde histórias criam vida. Descubra agora