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Valentina Smuck

A verdade é que eu estava entregue.
Como isso aconteceu?
É possível se apaixonar por alguém em tão pouco tempo?
E o inexplicável... alguém tão arrogante como Alessandro.
Talvez me encantei pelas provocações, pelo corpo esculpido e sua voz viciante.
Certamente, ter uma convivência saudável com alguém de pavio curto não era uma das minhas melhores habilidades. Mas por ele, eu poderia tentar.

Apertei meus olhos. Que dor na cabeça!
Bebidas alcoólicas te humilham no dia seguinte.

O clima estava ameno, e a casa silenciosa. Outra vez sozinha!

Era diferente para mim, em minha outra família sempre recebíamos visitas. Entretanto, na casa dos Bonanno's, o brilho havia sido perdido!
Era raro os momentos de companhia e movimento novo.

Caminhei até a cozinha, na esperança de encontrar Clara que não a via por bastante tempo. Mas se surpreendi ao ver Clarisse.
Minha garganta secou, e instantaneamente paralisei diante de seus olhos vermelhos.

Ao me ver ela abriu mais os olhos, como que tivesse visto um fantasma.
Suas mãos estavam trêmulas, e sua boca pálida. Se não estivesse de olhos bem abertos, poderia ser confundida com um cadáver.

E o inesperado aconteceu, ela gritou. Com toda força que restava em seu pulmão. Chegando até a vermelhidão severa em seu rosto, puxou o ar que não notava que havia lhe faltado. Pratos foram lançados ao chão, e com o impacto se quebravam em indeterminados pedaços. Alguns atingiam seus pés e pernas, os cortando levemente.
Ela gritava, se agachava e puxava seus cabelos. Seu ataque de pânico me deixava encabulada.

Não tive reação, nunca presenciei isso antes. Os barulhos eram ensurdecedor, me pareceu um filme de terror!

- Ele é meu! - Gritou com sua voz rouca por gritos, olhou para mim com os olhos tomados por lágrimas. - Não tira ele de mim, ele é meu! O Alessandro é meu.

- Clarisse... Se acalma! - Pedi, tentando me aproximar. Talvez por fora entreguei o fato de está equilibrada e calma, entreguei a mentira, pois eu sentia meu coração saltar pela boca de tanto pavor.

Ela segurou um prato em suas mãos.
- Não chegue perto de mim, sua vadia estúpida. Você tirou Alessandro de mim! - Bateu o pé contra o chão, dirigindo palavras grosseiras contra mim. Mas não me importei, vê-la naquela situação me causava pena.

- Clarisse...- Levantei um pouco minhas mãos em um gesto instintivo de proteção, enquanto eu me aproximava lentamente. - Se machucar não irá curar sua dor emocional. Você está grávida, Clarisse! Tem um bebê , com você.

Ao terminar minha frase, Clarisse abaixou o prato lentamente. Ela estava ofegante e com o rosto molhado.
Suas mãos estava com corte profundos, e tremiam com a tamanha agitação. O prato caiu sobre o chão, assim como ela que se agachou chorando alto. Colocou a mão sobre o peito simulando uma dor, sua expressão era intensa... Eu conseguia sentir o quão difícil era para ela.

Em Suas MãosOnde histórias criam vida. Descubra agora