14°

4K 354 19
                                    

Valentina Smuck

A pessoa certa, é aquela que consegue transformar sua vida em um mar de intensidade em pouquíssimo tempo. É aquela que te deixa cativado durante a noite, tomada por pensamentos! Pensamentos sobre o futuro dos dois. É aquela que te faz sonhar acordado, sonhar com os pés no chão! Te ajuda a realizar seus sonhos, e apoia todos eles.
E nada disso envolve tempo; envolve amor, alma, e química!

Uma simples cena, me fez refletir nesta informação.
Eu nunca fui amada, e talvez seja só uma ilusão minha mas... Eu me senti amada.
E só de lembrar um sorriso escapa de meus lábios.

Entretanto, tenho coisas muito mais importantes pra resolver. Dentre elas, como aquela foto chegou até Alessandro? Quem me fotografou?

- Bom dia Senhora. - Uma funcionária da casa me cumprimentou.

- Bom dia. - sorri para ela.

Ela ergueu sua mão com um envelope preto e pequeno nas mãos.
O peguei e abri.
Havia uma cartela de remédios dentros.

quem estava doente?

- O que é isso? - Perguntei com a curiosidade aguçada.

- Eu não sei... é... - Eu mostrei o que havia dentro do envelope para ela. - Pílulas do dia seguinte, senhora.

Me questionei internamente, envergonhada fiz uma cara de sabia.

- Mas é claro! - Falei. - Eu estou sem meus óculos, é claro que eu sei o que é pílula do dia seguinte. - Sorri boba e ela me olhou perdida e sem reação. - Obrigada.

Fechei novamente o envelope e me retirei dali.
Optei por tomar meu café, e tentar lembrar se minha mãe falou sobre isso alguma vez e eu não prestei atenção. Talvez eu estava ocupada demais pensando em vestidos.

- Que porra de sol. Que porra de vida. Que porra de dor de cabeça. - Helena reclamou invadindo a sala de jantar. Daquela vez, estávamos tomando café em uma área diferente das demais. Fora da casa, porém havia cobertura.

- Bom dia! - Falei a olhando de relance e passando manteiga em minhas torradas.

- Acordei péssima! Mau dia. - sentou -se em uma cadeira e colocou seus dedos em suas têmporas e bufou.

- O que está sentindo?

- A morte chegando. Brincadeira, só uma ressaca. Dor de cabeça e uma pequena vontade de me jogar de um prédio de mil andares.

- Nossa... deve ser horrível! Eu tenho remédios, pode te ajudar talvez. -

- Santa Valentina. - contente me olhou, esticou o braço para mim e segurou o envelope. - Quando vamos ver Mia novamente?

Helena colocou um suco rosa no copo e bocejou.

- Já está com saudades? Mia detesta pessoas grudentas.

- Não sou grudenta, eu tomo banho! - Helena preferiu interpretar minhas palavras de outra maneira e gargalhou. Abriu o envelope e tirou para fora a cartela com comprimidos.

- Que merda Valentina, eu nem transo. - gargalhou ainda mais. - Isso não serve para dor de cabeça.

Senti meu rosto pesar de tanto vergonha. Comecei a ligar os pontos e tirei a conclusão que aquilo era para evitar um futuro bebê. Sim, mamãe já falou sobre isso. E Eu estava realmente ocupada demais pensando em vestidos.

- Toma logo isso vai. Bora se previnir, bancar criança está muito caro. - Falou naturalmente e me entregou aquilo. Suspirei frustrada e tomei o comprimido com auxílio de água.

(●●●)

O que eu deveria fazer? Essa era a questão.
Talvez, uma palavra incorreta levaria à morte de um homem.
Não somente a dele, e se eu for interpretada errada?
Isso não é incomum nos dias de hoje. A vítima é a culpada.

Apertei meus dedos, com tanta força que segundos depois não os sentiam mais.
Eu odeio essa sensação de sufocamento.
Coração acelerado, e a vontade enorme de fazer as coisas acontecerem de uma vez.

Ele passou por ali após a porta do elevador abrir-se.
Eu estava envergonhada pela noite anterior, a luxúria me fez agir de maneiras estranhas.

- Alessandro? Oi... Eu queria falar com você. - Interrompi seus passos. Notifiquei baixo, quase em um sussuro.

Um péssimo momento. Eu deveria me lembrar que ele possuía dias ruins, assim como outras pessoas.

Tentei olhar em seus olhos, mas ele se negava a olhar para mim.
- Estou ocupado agora. - Voltou a caminhar normalmente.

Me neguei a aceitar aquilo. Fechei os olhos e respirei fundo.
Comecei a segui -lo.

Ele adentrou em uma adega, percebendo a minha presença.
Desabotoou os primeiros botões de sua blusa.

- O que faz aqui Valentina? - indagou calmo.

- Eu disse que quero falar com você. - Respondi.

- Estou ocupado. Respeite meu espaço. - concluiu, agora finalmente olhando para mim.

- Garanto que o que tenho para dizer é mais importante que ser covarde e usar a bebida para esquecer de problemas.

Ele parou seus movimentos e me olhou surpreso. Franziu a testa incrédulo com minhas palavras.
- Não sabia desse seu lado desafiador! Vamos ter problemas, detesto mau criação.

- Desculpe! - Falei. - Sei como é ruim ter o ego ferido.

- Sabe o que me incomoda Valentina? - Abrorrecido me perguntou. - Ter que aturar sua cara sonsa. E me lembrar que a mocinha aí... - apontou para mim - Iria foder com outro por influência das amigas.

Abri a boca diversas vezes. Nada saía por ela.
- Isso não é verdade!

- Não? Acha que eu não conheço sua família? - Se aproximou. Ele falava alto. E se não fosse por essas paredes grossa, poderia apostar que todos da casa escutava seus gritos.

- Você está se precipitando! - fui sutil, mostrar desespero naquele momento só o deixaria por cima. - Eu vim exatamente para te explicar o que houve.

- Não quero ouvir suas mentiras.

- Eu não importo, você vai me ofender sem saber a verdade. - Respondi. - Você não sabe nada sobre minhas amigas Alessandro.

Ele sorriu irônico.
- cuidado com quem você anda Valentina.

- Elas jamais me influenciariam, porque elas me respeitam e sabem que eu sou casada! Se fosse para eu tomar essa decisão seria totalmente sozinha. - pausei. - E outra, quem deveria tomar cuidado é você. Seus queridos soldadinhos que brincam de quartel não tem um bom caráter. Principalmente aquele Maike, que me agarrou a força. E alguém fotografou sem me ajudar.

- O que? - Falou. Vermelhas. Suas bochechas estavam vermelhas.

- Eu juro por tudo que é mais sagrado. Acredite em mim. - Falei receosa. Só de tocar no assunto, eu me lembrava do meu desespero, do meu medo. De render ao que minha mãe me disse, que todos os homens poderiam me tocar e eu deveria deixar.

Havia duas cenas. Alessandro poderia achar essa história totalmente idiota e se negaria a acreditar.
Ou iria ficar do meu lado.

Não obtive resposta, ele saiu como um furacão por aquela porta.

Em Suas MãosOnde histórias criam vida. Descubra agora