Vou ser demitida.
Esse é o único pensamento que tenho, enquanto limpo a sujeira que os copos de suco fizeram no chão.
— Moça, perdoe a péssima mira do meu amigo. — Um dos amigos de Tyler vem até mim e se abaixa para me ajudar.
— Imagina, está tudo bem. Pode deixar isso aí, você vai acabar se cortando.
— Acho que posso sobreviver a um corte feito por um caco de vidro.
Ele sorri, com nossas cabeças separadas por poucos centímetros.
Meus olhos param diretamente nos seus, notando a heterocromia que há neles. Um de seus olhos é de todo azul, enquanto o outro divide espaço com o castanho escuro, quase que perfeitamente.O rapaz nota meu olhar curioso e quase fascinado, mas logo desvia seus olhos dos meus, continuando a pegar os cacos do chão.
— Ei Dan, deixe a garota fazer o seu trabalho. — Tyler diz com ar de superioridade, enquanto tira sua camisa molhada. — Ela é paga para isso.
— E você deveria ser pago por sua falta de compaixão. — O segundo amigo vem até nós. — Desculpe pela bolada...
— Elisa.
— Elisa. — Ele repete, como se meu nome fosse algo sagrado. — Belo nome.
— Obrigada.
Tyler ri pelo nariz, debochando.
— Agora que os dois cavalheiros já se apresentaram, podemos ir, por favor?
— Acha que pode terminar de limpar essa bagunça sozinha? — Dan pergunta.
— Claro. Obrigada pela ajuda.
— De nada, Elisa.
Dan se levanta sob o olhar irritado de Tyler e o abraça pelos ombros, caminhando para dentro da casa.
— Você precisa ser mais gentil, cara.
— E você precisa parar de bancar o bom samaritano.
— E eu preciso de mais uma dose de uísque.
— Você vai acabar se tornando a porra de um alcoólatra, Theo. — Dan se zanga com o cara de mira ruim.
— Uh! Estarei chegando ao nível do Ty neste dia.
— Vá se foder, Theo. — Tyler sorri torto.
E no momento em que vejo aquele sorriso, me lembro.
"Ô maluca, você não olha antes de atravessar, não?"
— Eu mandei o filho do patrão se foder, ótimo!
Vou até a área de serviço e pego um balde.
— E agora acabo de o derrubar dentro da piscina. — Continuo a me lamentar, enquanto limpo o chão. — Começamos com o pé direito, Elisa!
— Falando sozinha?
Dou um pequeno pulo de susto e me viro, ficando frente à Victoria.
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Imperfeitos
RomansaAos 20 anos, Elisa Hathaway se vê em uma triste e entediante rotina. Trabalhando como garçonete em uma lanchonete que não paga muito bem, ela sonha com o dia em que se verá livre dos garotos irritantes e dos chicletes que eles colam embaixo das mesa...