— Como você está se sentindo? — Me sento na poltrona cinza, ao lado de sua cama.
— Física ou psicologicamente falando? — Tyler sorri fraco.
— As duas formas.
— Estou enjoado, zonzo, suando feito um porco e com a boca tão seca quanto o deserto do Saara.
— Bom, acho que é normal, levando em conta todas as medicações e os procedimentos a que você foi submetido. — Aponto com os olhos para seu braço.
— É... Deve ser.
— E psicologicamente falando?
Tyler suspira.
— Estou uma merda. — Ele sorri amargamente.
— Se quiser conversar ou... Sei lá, desabafar.
— Você quer mesmo ouvir os lamentos de um riquinho mimado e inconsequente?
— Estou entediada, então... — Dou de ombros.
Tyler sorri.
— Meu pai surtou quando descobriu que eu não regi as reuniões da empresa. Nós discutimos. Ele fez questão de jogar na minha cara que eu sou uma vergonha para a família e eu, como resposta, o culpei por todas nossas frustrações. Aí, ele me expulsou de casa.
— Caramba.
— É. — Ele suspira. — Foi mais emocionante do que parece.
— Idiota. — Dou uma pequena risada.
— Como eu cheguei aqui?
— Meu amigo, Alex, te trouxe.
— Alex? O bombadinho marrento?
Dou uma risada.
— O próprio. Ele te encontrou desacordado e rodeado por sangue em uma rua sem saída e te trouxe para cá.
— Parece que estou devendo uma a ele, então.
— Uma? Você deve sua vida a ele!
— Também não precisa exagerar. — Faz uma careta.
Acabo rindo.
— Você é tão ingrato, Tyler Abrams!
— Calma, só estou brincando. — Ele se defende, ajeitando-se com dificuldade na cama. — Acho que o efeito da anestesia passou.
— Dói?
— Só quando respiro.
Sorrio.
Tyler retribui e ergue a roupa hospitalar, revelando um grande curativo do lado direito de seu abdômen.
— Quem você irritou, afinal?
— Um cara grande com um canivete.
— Deixa eu adivinhar... Você beijou a namorada dele?
— Por incrível que pareça, não. — Ele ri, fazendo uma careta em seguida.
— Certo. Descanse um pouco, então. Eu já volto, ok?
— Onde você vai?
— Fazer uma ligação.
— Para quem?
Encaro-o, com um meio sorriso.
— Não me diz respeito, não é?
— Exatamente. — Aponto.
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Imperfeitos
RomantizmAos 20 anos, Elisa Hathaway se vê em uma triste e entediante rotina. Trabalhando como garçonete em uma lanchonete que não paga muito bem, ela sonha com o dia em que se verá livre dos garotos irritantes e dos chicletes que eles colam embaixo das mesa...