Aos 20 anos, Elisa Hathaway se vê em uma triste e entediante rotina.
Trabalhando como garçonete em uma lanchonete que não paga muito bem, ela sonha com o dia em que se verá livre dos garotos irritantes e dos chicletes que eles colam embaixo das mesa...
— Eu não sei. Eu... — Tyler fita os sapatos. — Eu não sei o que fazer, Elisa.
Seus olhos voltam de encontro aos meus, completamente apavorados.
Pego sua mão e o convido para entrar. Ele aceita automaticamente, se postando próximo ao colchão no chão da sala, onde Mike ainda dorme.
— Eu não acreditei quando ela disse que estava morrendo. Pensei que fosse apenas uma invenção triste para nos sensibilizar, mas... É real. O hospital ligou há pouco para nos avisar.
— Então vamos até lá. Se ela está mesmo morrendo, você precisa se despedir.
Ele trava o maxilar.
— Não sei se consigo.
— Você consegue. E precisa. Para sua própria paz de espírito.
— Eu não sei o que é ter paz de espírito há muito tempo, Elisa.
— Mais um motivo para se despedir. A não ser que você prefira lidar com o remorso pelo resto de sua vida.
Ele esfrega a testa, um misto de fúria e mágoa estampado em seu rosto.
— Ela me abandonou, Elisa! Sem nem pestanejar. Duas vezes! Duas!
— Esse é o inferno pessoal dela. Não torne isso o seu também.
Tyler seca as lágrimas que escapam de seus olhos com a manga da camisa.
— Você é muito melhor do que isso, Tyler. Você é mais do que sua mágoa.
Ele engole com dificuldade. Após alguns segundos em silêncio, ele finalmente pergunta:
— Você vem comigo?
— É claro.
Mike, que a essa altura já acordara, corre os olhos de Tyler para mim, sonolento e confuso.
— O que está havendo, Elisa?
— Longa história. Vou precisar sair, tudo bem?
— Ok. Ei cara, — ele se dirige a Tyler — não sei o que está acontecendo, mas... Força aí.
Tyler consente, ainda abalado.
A passos rápidos, me dirijo ao banheiro e me arrumo em um tempo recorde. Jogando uma bolsa sobre o ombro, volto para a sala e o encorajo a irmos.
— Certo... Vamos.
Lanço um pequeno sorriso triste para Mike, antes de fechar a porta.
O vento frio atinge minha pele como uma lâmina afiada. Passo os braços ao redor do corpo, numa falha tentativa de me aquecer.
Tyler percebe e, sem dizer uma palavra, me puxa para perto de seu corpo quente.
— Até parece que ele sabe, não é? — Ele se refere ao céu melancolicamente escuro que nos cobre.
— Talvez ele saiba.
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