A noite pareceu uma eternidade.
Talvez pelo fato de que minha mente extremamente ansiosa tenha me impedido de pregar os olhos por um segundo sequer, repetindo incansavelmente que eu me mudaria pela manhã e teria novamente um teto para chamar de meu. Em Manhattan.
Ou talvez pela elevada quantidade de cafeína que se encontrava em meu sistema.
Ou talvez ainda, a junção dessas duas coisas.
Percebendo, enfim, que não me adiantaria mais ficar na cama olhando o enorme pôster de um Stormtrooper pendurado na parede, levanto-me e vou para o chuveiro.
Após um bom banho, corretivo para as olheiras e um estalo no pescoço, parto para o fogão.
— Bom dia. — Alex surge na cozinha algum tempo depois, trajando sua samba canção de heróis em quadrinhos e ajeitando os cabelos molhados com a mão. — Cheiro bom... O que você está fazendo?
— Panquecas. Você não sente frio, não? — Aponto para sua única peça de roupa.
— Não. Sou um cara quente. — Pisca.
— Então sente-se, Homem Tocha. Vou servir seu café.
— Nossa, acordou de bom humor?
— Na verdade, não cheguei a dormir para poder acordar mau humorada. — Sirvo-lhe café em uma xícara.
Alex franze o cenho.
— Você precisa parar com isso.
— Eu sei que preciso. Mas diga isso ao meu cérebro!
— Cérebro da Lisa, deixe-a dormir! — Alex grita.
— Ah, pronto. Agora meu problema foi resolvido!
Alex ri, estendendo o prato para que eu o sirva com panquecas.
— Está ansiosa para se mudar, não é?
— Muito! Mas, ao mesmo tempo, — suspiro — estou com o coração apertado.
— E por quê?
— Não verei mais você e Kim com a mesma frequência.
— Desde quando você ficou sensível e amável assim?
Reviro meus olhos e dou uma risada.
— Obrigada por estragar esse momento.
— Disponha.
Sorrio e enfio um pedaço de panqueca na boca.
— Bem que eu disse que aquele cartão lhe seria útil um dia.
— E esse dia surgiu bem rápido.
Observo junto à Alex o taxista, John, estacionar.
— Bom dia. — Ele cumprimenta.
— Bom dia.
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Imperfeitos
Roman d'amourAos 20 anos, Elisa Hathaway se vê em uma triste e entediante rotina. Trabalhando como garçonete em uma lanchonete que não paga muito bem, ela sonha com o dia em que se verá livre dos garotos irritantes e dos chicletes que eles colam embaixo das mesa...