Fucking Daddy

[38]

"Ele olhou no fundo dos meus olhos enquanto o policial prendia seus pulsos com as algemas. Ele não dizia nada, mas seus olhos diziam um bilhão de coisas. "

Acordei com um barulho horrível, agudo.

O famoso bip de máquinas de hospital.

Ao meu lado havia um botãozinho vermelho, certamente pra chamar um médico ou algo do tipo. Acontece que, quando apertei esse pequeno botão, meu braço parecia ter sido arrancado de mim mesma, doeu tanto que eu quase gritei.

Eu apertei, na esperança de alguém vir.

O que eu estou fazendo aqui? Por que eu estou aqui?

Do nada, uma enfermeira entrou junto de um médico, me tirando de meus pensamentos.

— Bom dia... Madison?— ele disse como se pedisse pra mim confirmar o meu nome.

Eu estava meio lerda, e apenas assenti.

— Então, como se sente?

Me sinto? Muito dolorida.

— Eu estou bem.. eu acho. O que aconteceu.. exatamente? — o olhei com dúvida, e ele ficou pasmo.

Ele e a enfermeira se olharam por alguns instantes e ele voltou a sua atenção pra mim.

— Quantos anos você tem?

— 21. — respondi sem entender, sentindo que a cada movimento do meu peito doía tudo.

— Aonde nasceu?

— A... Australia.

Como eu pude esquecer por um momento?

— Porque essas perguntas? — o questionei e ele revirou os papéis que estavam na mão dele.

— Como você veio parar aqui?

— Eu também não sei.

— Eu sei, mas você não? — me olhou confuso.— você sofreu um acidente de carro. Quem é Justin Bieber?

Eu nunca ouvi falar nesse nome. Na minha mente já imaginei um velho gordo e sarnento, e rico.

— Sei lá.— dei de ombros sem ligar muito.

— O carro era dele.

Ótimo Madison, você fodeu o carro de um velho gordo e sarnento.

— Deixa pra lá. Sabe o número de telefone de alguém?

Eu só consegui formar números aleatórios , ou em sequências perfeitas.

— Não.

Falei com sinceridade, não lembrava de nada.

A expressão do médico me assustava cada vez mais, em seguida um policial entrou com mais um homem vestido de terno cinza, com um crachá , ele estava longe e eu não consegui ler.

— Vou deixá-los a sós. — o médico disse e saiu.

Meu coração acelerou e eu não sabia mais o que se passava na sala até ver a enfermeira saindo.

— Madison Beer. — um deles disse, eu estava olhando pra porta e nem vi quem foi. — 21 anos, Australiana... Aonde você mora, garota?

Boa pergunta. Se eu sou da Australia, como eu vim parar aqui?

— Eu não sei. — sussurrei, me dando conta do tamanho da cagada.

— Você conhece Justin Bieber?

Maldito velho.

— NÃO! — falei alto, sentindo lágrimas escorrerem.

Não sei o que aconteceu, nem quem é ele. Não sei como eu vim parar aqui.

— O que aconteceu comigo?

— Você sofreu um acidente, mas está tudo bem.

Tudo bem? Sério? Meu corpo todo cheio de agulhas e fios e você diz isso?

— Eu quero ir pra casa.

— Aonde você mora?

— Eu não sei! — gritei afundando o rosto entre as mãos e soluçando.

Meu desespero só piorou quando o segundo homem começou a falar.

— Madison, como você não tem casa aqui, vai voltar pra Australia. Vou checar seus dados e procurar por seus pais. Vai ficar tudo bem.

— Eu...

Preferi ficar calada, não sabia o que dizer. Voltar sozinha? E meu pai? Minha mãe?

Como eles me deixaram aqui?