Cami
Passou-se uma semana e meia desde que eles nasceram, e diria que houve algumas, não muitas, mudanças.
A minha rotina era repetitiva e acho que estava a habituar-me a ela, apesar de muitas vezes ser aborrecida e parecer que cada dia era igual.
Eu acordo de manhã, vou á casa de banho com a ajuda na minha cadeira de rodas a que gosto de chamar "as minhas pernas", depois volto a deitar-me, e é por volta destas horas que eu me sinto ansiosa.
Nestas horas, as enfermeiras trazem o Diogo para estar meia hora comigo, onde eu amamento-o já que ele precisa, e amo ficar a mexer-lhe nas mãozinhas. A Lia geralmente não vem, porque ela precisa de um leite diferente sem ser o materno, esse leite possui uns suplementos que a ajudam e fortalecem-na. Mas até agora esse leite não fez milagre nenhum.Depois da melhor parte do dia, vêm as visitas. Primeiro por volta das onze, vêm os meus pais, e só volto a ter visitas depois das cinco, todos os dias do Vice, da Bea, do Edu e da Mari. Eles vêm todos os santos dias! Mas eu gosto, distraí-me da sensação de ter de ficar aqui mais uma semana.
Durante o período sem visitas físicas, eu tenho uma virtual.
Por incrível que pareça, é do João. Ele liga-me todos os dias e conversa comigo, e eu simplesmente adoro porque mesmo a quilómetros de distância ele continuava a preocupar-se comigo.
Nestas conversas, nunca quis tocar na Bia, porque numa das chamadas ouvi uma voz feminina e para não ser intrometida apenas ignorei e continuei.
Tal como nunca falei com ele sobre a Bia, não falo com a Bia sobre ele. Se ela soubesse disto, aposto que ela ficaria triste por saber que alguma rapariga anda por aí a chamar o João de "amor".Neste exato momento são 16:34, e é por volta desta hora que o Vice vem.
⏲⏲
Já passou uma hora e aquela coisa nunca mais aparece. Até que ouço bater á porta. Não deu tempo de responder.- Camila, tu não imaginas o que eu achei numa loja!- ele diz entusiasmado e entrando com um saco de uma loja de bebés.
É normal, o Vice quando vai ao shopping é como se fosse um bebé numa loja de brinquedos, e quando arranjava algo que gostava, não largava por nada isso.
- Mostra, quero ver.- eu digo sentando-me na cama e com ele ao meu lado.
- Eu encontrei esta blusa, para o Diogo, com o número 07 na parte de trás. É o número com que joguei quando estive na NBA!
- A blusa é realmente muito fofa, acho que vai ficar boa nele.- eu digo e ele sorri.- Trouxeste algo para mim?
- Hãaaa... Eu tive pouco tempo, passei só mesmo de relance.- ele diz meio atrapalhado.
- Tu demoraste uma hora, e nada para mim? Obrigada- eu digo e ele ri-se da minha cara de frustrada.- Podes dar-me um beijo?
Ele sorri e beija-me lentamente. Não sabia ás vezes controlar-me quando estava com ele, a vontade disto ser mais que um beijo crescia a cada dia, mas acho que é melhor esperarmos até sair do hospital afinal, não quero que as câmaras filmem estes momentos.
- Então o que fizeste hoje?- ele pergunta.
- O mesmo de sempre.- eu respondo- Onde estam os outros?
- A Mari e o Edu, foram dar uma voltinha e disseram que hoje não podiam vir, mas a Bia disse que mais tarde viria...
- Desculpo o casalzinho, fazem sete meses de namoro.- eu digo e ele finge que ia vomitar, realmente devem agora estar a melar-se um ao outro, mas eles merecem.
- Hoje falei com a nossa professora de quimíca e ela disse que podíamos fazer o teste ainda este mês no mesmo dia um do outro.
- Ok, podias dormir em minha casa e depois do teste, íamos ao estúdio da Adidas fazer as fotografias. Eu já falei com a empresa e disse que no final do mês nós podíamos e assim as fotografias já ficavam prontas para a época de verão.
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Só tu e eu
Teen FictionQualquer adolescente de 17 anos tem o desejo de ter um grupo de amigos, boas notas e um namorado... Camila tem tudo, menos a última opção. É uma rapariga engraçada, sensível e com o melhor trio de amigos que alguém poderia imaginar, segundo ela. Mas...