Epílogo

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Vice

Acordei e corri logo para a sala. Peguei no meu casaco e desci as escadas do prédio, em direção ás caixas do correio. Peguei em tudo o que estava lá dentro, e encontrei o que queria. Quando cheguei a casa, sentei-me no sofá e tentei não fazer muito barulho, pois a Bia e o João estavam ali a dormir. Foi emocionante o reencontro deles, o facto de ela não estar á espera, deixou tudo tão... Mágico. Voltei a concentrar-me na carta que tinha nas minhas mãos. Estas, tremiam com os nervos, dificultando a abertura. Peguei no papel com muito cuidado, mas li rapidamente. Passei os olhos tão depressa, que só deu tempo de decorar uma frase: "Lamentamos informar, mas não foi aceite."

Só aquilo era o suficiente. Nem sei como fui capaz de acreditar, que eu tinha alguma hipótese de entrar na NBA. Agora, perguntava-me, como é que iria justificar á Cami o facto de eu ter comprado uma casa lá e já ter comprado os bilhetes de avião para daqui a duas semanas. Tive vontade chorar e, tal como a vida me ensinou, da pior das formas, comecei a chorar. Um dos meus maiores sonhos desde criança, esteve tão perto de se realizar. São só sonhos de criança Daqueles, praticamente, impossíveis:

- O que aconteceu?- a Cami diz preocupada, sentando-se ao meu lado no sofá.

Não respondi, apenas abracei-me a ela e chorei no seu ombro. Ela não fazia perguntas, apenas fazia festinhas no meu cabelo. Ela pegou na carta, provavelmente leu-a, e depois sorriu:

- Não tem graça... É o meu sonho desde criança.- eu digo confuso.

Ela levanta-se, vai até ao quarto, e volta com outra carta. Dá-me na iniciativa que eu a abra, e eu faço-o. Quando a leio tenho vontade de gritar com ela mas, ao mesmo tempo, abraçá-la. Fiquei pela segunda opção:

- Nós vamos morar nos Estados Unidos da América!!!- ela diz enquanto me abraça.

Sentia-me o homem mais feliz do mundo. A realizar o sonho de criança. Com a melhor miúda ao lado. Com dois filhos, incríveis. Não podia pedir mais Eu não tinha palavras, acho que é assim que vou ficar. Só tinha a certeza de uma coisa: Eu sou o homem mais feliz do mundo...
⏲⏲

Cami

O clima da praia adequava-se com a minha, ou melhor, nossa história. Todos juntos, a desfrutar de um dia de sol. Eu, com dois filhos, e o rapaz mais incrível do mundo. A Mari com o Edu, e um filho, ainda muito pequeno. E a Bia, com a sua cara metade... O nosso mundo tinha dado tantas voltas. Parece que foi ontem que descobri que estava grávida, o pânico que todos estávamos a sentir.. E olhem para nós agora. Passamos por tanto, mas sempre unidos.

A vida é como o mar. Ela mete-nos situações que nos dão medo, que nos metem á prova, que nos magoam e deixam cicatrizes, as quais, carregamos para o resto da vida. Porém, mais tarde, tudo passa, deixa-nos lições, pessoas, memórias... Porque afinal, se o mar não tivesse ondas, que graça tinha mergulhar e sentir aquela sensação incrível do nosso corpo a ser puxado? Porque mesmo que não queiramos, a vida avança, através da corrente do mar...

Isto não é um adeus, afinal, os nossos filhos ainda têm muito que viver e, claro, contar. Talvez eles não sejam tão unidos como nós fomos, contudo, tenho a certeza, que saberão, que a qualquer hora, podem contar uns com os outros.

É só um até já, que fica marcado com belas histórias de amor. Não acabam aqui, e mesmo que acabem, irão ficar marcadas para sempre. Numa fotografia, na memória, mas, essencialmente, nos nosso corações.

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Agradecimentos do próximo capítulo...

Só tu e euOnde histórias criam vida. Descubra agora