Cap.62- Preciso de um farol

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Bia

Passado dois meses...

Hoje era o dia. Era o dia que definia em que universidade fui aceite, ou até mesmo se terei que repetir tudo, o que acho que é um tanto quanto improvável porque, afinal, não estou assim tão desnorteada ao ponto de não saber o que me corre e não corre bem na vida.

Acordei com fortes raios de luz diretamente nos meus olhos, que fizeram com um sorriso abri-se em mim. Eu tinha começado a ver felicidade e um motivo para sorrir nas mais pequenas coisas, como agora, um simples raio de luz.

Levantei-me, e dirigi-me á casa de banho, para começar a arrumar-me para ir ver as notas. Olhei para mim no espelho e, sinceramente, para quem me viu á uns meses atrás e me vê agora, teria motivos para ficar admirado. Eu estava mais "recomposta", acho que o tempo foi o que me ajudou, mas só eu sei que ao pronunciar aquela palavra direcionada a uma certa pessoa, se calhar já me poderia deitar a baixo e voltar ao ciclo repetitivo da minha depressão.

Saí da casa de banho, já depois de pronta, e vesti uma roupa normal e simples. Desci as escadas e dirigi-me para a cozinha.

- Bom dia.- eu digo ao ver os meus pais na cozinha.

- Bom dia filha.- eles dizem ao mesmo tempo e eu sento-me na cadeira.

- Então Bia, estás nervosa para ver as notas?- a minha mãe pergunta entregando-me um sumo de maçã.

- Sim, um pouco, mas aposto que tu sim deves estar mais nervosa que eu.- eu digo e olho para ela a concordar e eu e o meu pai começamos a rir.- Algum de vocês já passeou o Marley?

O meu pai afirma que sim, e nenhuma outra palavra saiu depois das minhas. E eu sabia o porquê.

Saí da mesa quando acabei de comer, peguei na minha bolsa antes de sair de casa e olhei para eles. Notava-se tensão no olhar deles, ao mesmo tempo que os nervos apoderavam-se de mim.

- Bia eu só quero que saibas que passes ou não, nós vamos estar aqui para te apoiar.- o meu pai diz e abraça-me com força, juntamente com a minha mãe que quase que já chorava de emoção.

- Obrigado por serem tão justos e compreensivos comigo...-eu digo e saiu dali antes que as lágrimas escorreguem dos meus olhos.

Caminhei por aquelas ruas. Era muito estranho pensar que nunca mais teria que carregar aquela mochila, nunca mais encontraria o Edu e ele começaria a fazer os seus escândalos só porque gosta de me irritar profundamente, como da vez que se deitou no meu da passadeira e fingiu que estava a ter um ataque só mesmo para conseguir que eu admite-se que eu o adorava muito... Enfim, eu iria ter saudades de tudo.

Cheguei á escola e encontrava-se lá, praticamente todas as turmas do 12º ano. Fiquei á espera que os outros chegassem, até que avisto a familiazinha mais fofa do mundo. Corri rapidamente para eles.

- Então já viste as tuas notas?- o Edu pergunta.

- Não tive coragem de direcionar o meu olhar sem vocês.

Entramos na escola, dirigimo-nos ao local onde se encontravam as notas e a nossa busca começou. As notas estavam agrupadas por ordem alfabética e não por turmas, então tive procurar na secção "B". Eu olhei, olhei, voltei a olhar e não encontrava o meu nome, encontrei inúmeras Beatriz, mas nenhuma delas era eu.

- Já encontraram as vossas notas?- eu pergunto e eles viram-se todos para mim.

- Eu sim...- a Mari diz e todos ficamos á espera que ela diga algo- Tive tudo 19, menos a biologia que tive 20.

Ficávamos todos a olhar para ela, até o Edu tomar a iniciativa de a abraçar. Ela com certeza iria entrar nas melhores universidades disponíveis. Falamos a cerca das notas, todos menos eu.

Só tu e euOnde histórias criam vida. Descubra agora