Cap.70- Estamos perto do fim continuável

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Bia

Estava na cozinha a preparar o pequeno almoço, quando sinto a sensação de estar a ser observada. Viro-me para trás e encontro o João a olhar fixamente para mim, com um olhar bem misterioso:

- Porque me olhas com esse olhar?- eu pergunto sorrindo, e ele caminha até mim.

- Esperava acordar contigo ao meu lado, e quando não te vi, cheguei a pensar que tudo o que aconteceu ontem foi um sonho. Por isso, resolvi vir até á cozinha ver de onde vinha a música, e encontrei um anjo a dançar.- ele fala e eu começo a rir, ele beija-me e olha sobre o meu ombro para o que estou a fazer- Cereais? A sério? Esperava panquecas com tantos movimentos que estavas a fazer de um lado para o outro.

- A cozinheira aqui é a Cami, e sinceramente, deu-me preguiça fazer mais do que isto.

Ambos pegamos nas nossas taças e sentamo-nos na mesa. Contei-lhe sobre ontem no hospital, falei-lhe do Marley, dei alguns pormenores da minha vida ultimamente e decidi não contar-lhe sobre a universidade... Mais tarde vou falar-lhe disso. Quando acabamos de comer, vou-me vestir, porque, segundo o João, hoje iriamos a muitos sítios e eu precisava de estar pronta para tirar muitas fotos.

Quando já estava pronta, entramos no carro dele, e comecei a ansiar o que iria acontecer hoje. Tentei afastar a ideia de estar dentro de um sonho, mas era inevitável. Á dois dias atrás, eu estava a viver um pesadelo por causa dele, estava perdida num oceano sem qualquer mapa ou farol, e agora, tinha encontrado finalmente o meu farol e não estava a conseguir adaptar-me, de novo, á luz que ele imitia. Era como se me tivesse habituado demasiado a viver num mundo escuro e onde estava sempre mal:

- Porque é que estás a pensar tanto?- ele fala, tirando a atenção da estrada.

- Sei lá... Nada de importante.- eu (meio que) minto, e sorrio para ele.

Chegámos a Tavira. Obviamente que é a primeira vez que estava ali, e do pouco que conhecia, começava a identificar-me com o lugar. O João levou-me a comer um gelado, onde ficamos sentados numa ponte, que tinha uns bancos, e conversamos mais um bocadinho. Os meus olhos estavam curiosos sobre os cadeados nas redes da ponte, não eram muitos, mas era um ato muito fofo de um casal fazer isso:

- Não estás curiosa para saber o que está dentro da caixa que te dei ontem?- ele pergunta, olhando para a minha cara.

- Claro que estou, estava mesmo agora a pensar nisso.- digo animada, e ele levanta-se.

Ele pegou-me na mão, ficamos mais perto da margem da ponte e ele retira do bolso a caixa. Pensei que ele ia-se ajoelhar á minha frente, pedir-me em namoro e beijar-me. Mas não. Virou a caixa para mim, e pediu que a abrisse. Devagar, puxei para cima e fiquei uns minutos a olhar para aquilo. Um cadeado vermelho, em forma de coração, onde estava escrito: Bia+João. Agora fazia sentido o lugar, o porquê de a caixa ser ligeiramente maior...

Fiquei chocada a olhar para ele, abracei-o e beijou-o com medo que ele se desaparece-se no segundo seguinte:

- Gostaste?- ele pergunta, e faz-me uma festinha no rosto.

- Eu adorei Isto é um sonho, só pode ser.- eu falo sentindo-me na beira de um precipício.

Não me parecia real. Estava confusa, a minha mente, o meu corpo. Sentia-me prestes a desmaiar, até que ele me agarra no queixo e faz com que, olhos nos olhos, encarássemos a realidade:

- Eu vou estar aqui Bia, eu sei pelo que passaste, o quanto sofreste e estou disposto a fazer de tudo para te ajudar. Também é confuso para mim, eu também sofri bastante, pensei nunca mais te ver e á umas horas atrás estava igual a ti, perdido. - ele abraça-me - Sente que eu nunca mais te vou largar, isto, é a prova.

Só tu e euOnde histórias criam vida. Descubra agora