Edu
O relógio marcava precisamente 01:26, quando finalmente cheguei em casa. Não havia qualquer movimentação, e a única luz ligada, era a do quarto da Mari. Apenas me preocupei com facto que tinha de lá entrar, porque mesmo que não quisesse, as minhas coisas ainda ali estavam.
Quando cheguei ao quarto, reparei que estava colado na porta de acesso á casa de banho, um papel onde nele estava também escrito: Edu entra aqui por favor. A minha vontade era de não entrar, por isso, caminhei até ao papel e antes de o rasgar, olhei para o verso da folha. "Por favor entra, preciso de conversar contigo", era tudo o que estava lá escrito. Com certeza foi ela que escreveu, ela sabia a minha mania de olhar ao verso dos papéis, mesmo sabendo que nunca estava lá nada escrito. Ponderei uns segundos se deveria lá entrar, comecei a lembrar-me do que o Vice me tinha dito e decidi então lá entrar.
Encontrei ela deitada na banheira, coberta de espuma, aparentemente a ter um banho relaxante. Apercebi-me que ela não estava completamente nua por baixo, e ao reparar na minha atenção nisso, ela falou, quebrando todo o silêncio:
- Eu coloquei isto para não te sentires desconfortável.- ela fala, e apontando para a sanita, provavelmente onde eu deveria me sentar.
Sentei-me no lugar que ela indicara e fiquei uns bons segundos a olhar para ela. Quando dei por mim, ela estava a olhar fixamente para as minhas mãos. Nomeadamente para a direita. Para dedo onde antigamente se encontrava o anel:
- Está no mar neste preciso momento.- eu falo.
- Pelo menos, agora está a descansar, e pode fazer uma pausa dos nossos dilemas.- ela diz num suspiro.- Eu quero explicar-te o porquê de eu te ter mentido, e escondido o meu passado.
- Estou á espera de uma justificação, espero que essa também não seja uma mentira.
- Quando me mudei para o Porto, não foi só pelo simples motivo que os meus avós quiseram. Eu também quis, e vi nisso uma nova chance de mudar e começar a minha vida de novo. Eu frequentava todas as noites, das férias do verão, aquele tipo de sítios, onde conheci muitas pessoas. E a que mais me marcou, foi aquele rapaz, que pelos vistos, tu já o conheces. Eu caí em todos os esquemas dele, e quando dei por mim, eu já nem me reconhecia mais, já não sabia quem eu era...- ela ia continuar a falar, mas as lágrimas e soluços foram mais fortes que ela. Resolvi passar-lhe papel, que estava mesmo ao meu lado- Quando finalmente cheguei no Porto, eu reencontrei-me novamente. Voltei a ser quem eu era, e conheci-te. Tu eras demasiado inocente para saber deste meu lado, temi que te afastasses de mim.
- Não tinhas que ter medo, o que eu mais queria era que fosses honesta comigo.
- Agora eu entendo isso, mas naquela altura eu não entendi. Estava demasiado... Frágil, é talvez a melhor definição. Preciso de te dizer só mais uma coisa.- ela suspira, e voltando a chorar.
Podia-se dizer que eu também já poderia começar a chorar, porém estava arduamente a tentar controlar-me. Para tentar controlar-me ainda mais, coloquei-me ao lado dela na banheira, e peguei na mão dela. Naquela altura eu ignorei que ela era a Mari, apenas pensei que ela era alguém com o coração destroçado.
- O meu primeiro beijo não foi contigo. A minha primeira vez sim, além do mais, não me canso de dizer que foi única e melhor não poderia pedir. O meu primeiro beijo foi com um rapaz que conheci num bar, mas tu beijas muito melhor que ele, tanto que não achei isso muito relevante e por isso limitei-me a não te contar. Tu tens aquele jeitinho de tornar tudo mais especial, e de me fazeres sentir a pessoa mais feliz do mundo.- ela fala suspirando profundamente- Agora já sabes tudo sobre mim, nem um único segredo eu te escondi... Desculpa.
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Só tu e eu
Novela JuvenilQualquer adolescente de 17 anos tem o desejo de ter um grupo de amigos, boas notas e um namorado... Camila tem tudo, menos a última opção. É uma rapariga engraçada, sensível e com o melhor trio de amigos que alguém poderia imaginar, segundo ela. Mas...