Herdeira

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Há alguns anos

O baque forte assustou a garota que impediu que um grito fino surgisse de sua boca, a pequena mão cobriu a face molhada por seu pranto, apenas para evitar fazer ruídos. Tinha que obedecer sua preciosa mãe que lhe mandou permanecer embaixo da cama. Contudo, a vontade de sair dali e correr para os braços de seus pais era tentadora, porém, aqueles sons altos faziam os pelos de seu corpo arrepiarem-se, além, de que sabia exatamente o que significava.

Seu pai havia lhe alertado.

O escuro do quarto não lhe ajudava em muita coisa, mesmo assim conseguia observar a brecha do debaixo da porta a alguns metros, a luz clara que iluminava o corredor lhe dava uma sensação de pânico ao ouvir vários baques, tiros, gritos, xingamentos.

Malia não sabia o que estava acontecendo, apenas o medo paralisa seu pequeno corpo. Fazia alguns minutos que sua mãe havia saído de seu quarto, principalmente, com aqueles homens conversando com seu pai. Ela deveria ter voltado, como prometido.

Até aquele momento, não apareceu.

Fechou os olhos, segurando o seu urso de pelúcia, as lágrimas pingaram contra o chão frio, os lábios apertados um contra o outro, o corpo tremendo, as mãos fortes em volta do seu brinquedo favorito. Assim, o silêncio preencheu sua casa, não ouviu nenhum outro som, abriu os olhos confusa, encarou a porta fechada de seu quarto.

— Mamãe...- Sussurrou, a menina de sete anos arrastou-se para fora da cama. Levantou-se, encarando a porta fechada.

Ouviu sons de passos, tremeu, ficou paralisada encarando a porta de madeira enquanto que os passos ficavam cada vez mais próximos, seus lábios tremeram quando observou a maçaneta da porta mexer, abraçou o urso contra o corpo coberto pelo pijama, sentiu suas lágrimas molharem seus lábios finos, foi quando a porta foi aberta e um homem apareceu.

— Você está viva.- Ele disse, antes de avançar contra a garota pegando-a no colo. Contudo, esse movimento fez Malia soltar um grito pelo susto.- Fique tranquila, você vai ficar bem.

Malia sentiu os braços do homem ao redor de seu corpo, levantou a cabeça que estava contra o pescoço do desconhecido, seus olhos castanhos observaram a sua casa, observaram cada lugar, cada pessoa estirada ao chão de sua sala de estar, cada vermelho que povoava os cantos.

— MAMÃE...

O grito doloroso não foi impedido ao observar sua genitora estirada perto da porta da Mansão, consequentemente, morta.

Malia foi retirada da Mansão Hale o local onde foi cometido um massacre.

Atualmente

Seus olhos castanhos observavam meticulosamente a mulher que chorava de maneira confortável com a cabeça apoiada ao ombro de Stiles, sentiu seu peito apertar e a dor da culpa impregnar cada nervo de seu corpo. Aquela cena, por mais hilária e impossível de imaginar estivesse bem diante de seus olhos, lhe atingiu de uma maneira impactante. Apenas a mulher, Lydia, que sentia uma preocupação enorme.

A culpa era terrível demais, era destruidora.

As palavras do padre não eram escutadas, as outras pessoas também não pareciam existir, nem o aperto da mão de Allison contra a sua surgia algum efeito inverso daquele sentimento que sentia, nada parecia existir, apenas as lágrimas de Lydia. Foi por isso que levantou-se no meio da cerimônia, ignorando olhares que lhe eram dirigidos, o padre continuou falando, ela porém, caminhou em direção dos pais do garoto que havia sido assassinado.

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