Paraíso Negro

Poder

Há vinte e cinco anos

A chuva caía de maneira intensa do lado de fora, causando medo na pequena garota que tentava dormir. Apenas conseguia ficar mais tranquila por ouvir a voz de sua mãe cantando na cozinha. Na antiga casa conseguia vê-la movimenta-se pelo cômodo, contudo, depois de algum tempo haviam se mudado para aquele lugar gigante.

Gostava da idéia por ter seu quarto recheado de brinquedos espalhados pelo cômodo, bonecas, ursos, tudo o que uma garota de sete anos queria ter. Não tinha sido difícil acostumar-se com o lugar, como também com o fato de Louis ter se tornado seu novo papai.

O estrondo do trovão foi alto o bastante para fazê-la levantar da cama, procurando sua boneca, por não encontrá-la decidiu procurá-la na sala de estar, achou-a em cima do sofá, o trovão novamente lhe assustou, agarrou o que tinha em mãos, automaticamente engatinhou para debaixo da mesa de jantar que estava atrás de si, parecia uma fortaleza gigante que a mantinha longe de coisas assustadoras. Mesmo quando queria deixar sua mãe lhe procurando feito uma maluca pela casa, bem, nesses momentos ela ria.

Escutou o som da porta se abrindo, sorriu. Amava tanto seu novo papai que ficava ansiosa para vê-lo chegar em casa, contudo, o novo barulho de trovão lhe fez cogitar permanecer por ali. Então, ficou quieta ouvindo Louis anunciar que havia chegado e sua mãe sair correndo da cozinha para abraçá-lo.

— Chegou a tempo querido, vai cair uma chuva daquelas.- Natalie falou, suavemente.

Os olhos de Lydia apenas observava a cena acontecendo de frente da porta, sua mãe sorridente e Louis indiferente. Achou estranho, ele sempre sorria.

— Está tudo bem? - Tentou Natalie, novamente.

— Sim, cadê a Lydia? - Perguntou Louis, caminhou ao meio da sala, de frente com a mesa onde Lydia permanecia escondida. A sala era enorme, por isso, os sofás ficavam do lado oposto, assim, como a enorme televisão fixada na parede.

— Dormindo.- Murmurou Natalie.- Você demorou tanto que ela acabou agarrado no sono.- olhou para o relógio em cima da estante. - Já vai dar duas horas da manhã.

— Certo.- Murmurou Louis, suspirando. Caminhou até sentar-se no sofá da sala, daquela maneira Lydia conseguia observar a cena por completo.- O que estava fazendo?

— Um chá.

Louis bateu no sofá indicando que queria Natalie perto de si, ela automaticamente sentou-se ao lado do recém-marido. Iriam fazer um ano de casados em duas semanas.

— Deveria está dormindo querida.- Louis comentou, deixando tanto Natalie como sua filha aliviadas por voltarem a ouvir aquela voz suave.

— Não consegui, queria esperar você chegar.

Então, Lydia apenas ficou quieta, observou seus pais se beijarem como tantas vezes os viu daquela maneira, ela sentou-se no colo de Louis, ambos não desgrudava suas bocas e a pequena Lydia começava a se sentir envergonhada. Aquilo começava a ficar longo demais na sua opinião, não os tinha visto um selar de lábios tão demorado como aquele.

Quando pensou em se revelar algo chamou sua atenção, o brilho prata era o diferencial naquela cena, a ponta afiada da adaga que Louis tirou das costas, apertou as mãos em volta da boneca quando ele beijava sua mãe mais intensamente e cravou a adaga no peito dela.