Visão periférica

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Há alguns anos

Por favor, não chore.

Seus braços estavam em volta da criança, embrulhada, protegendo-a do frio, protegendo-a de todo mal que pudesse alcançá-la, porém, por mais que estivesse disposta a mantê-la em seus braços, não poderia.

Estacionou de qualquer maneira, o carro atravessado no meio da rua, contudo, ninguém perceberia tal atitude os ponteiros dos relógios marcavam duas da manhã, o céu escuro e o tempo frio apenas mantinha os moradores em suas casas.

Por isso, assim que saiu do veículo tudo o que pedia era para manter seu bebê salvo, nunca foi uma mulher religiosa, porém, implorava mentalmente, não por si, por ele.

Stiles tinha que ficar vivo.

Seus pés cobertos pela bota de salto alto lhe levaram até a varanda do Orfanato da cidade, Stiles em seus braços havia parado de chorar, estava quieto desde quando nasceu, ele não chorava, não quando devia chorar. Era tão forte seu pequeno.

— Eu amo você.- Sussurrou, abaixou-se deixando Stiles embrulhado no cobertor sobre o piso de madeira da varanda.- Seja forte Stiles, mamãe te ama.

Então, com o rosto molhado pelas lágrimas, tocou a campainha, virou-se e saiu correndo, voltando para o carro, dirigindo até parar na esquina da rua, vendo uma freira sair de dentro e se assustar com o bebê, antes de pegá-lo e adentrar.

O pranto tomou conta de si, seus dedos estavam sujos de sangue, as imagens de todas aquelas pessoas mortas vinha em sua mente, principalmente, de seus pais. Então, pisou no acelerador, dirigindo para o longe mais possível.

Ela tinha que saber se Noah estava vivo, ele fez de tudo para que conseguisse fugir com Stiles, mas não poderia abandonar seu marido. Por isso, dirigiu o mais rápido possível em direção do lugar onde morava, porém, que virou um massacre.

Estacionou de qualquer maneira, observou homens mortos no jardim da Casa Principal, correu em direção da entrada, vendo-os na sala de estar, porém, seu coração apertou, o homem que amava estava estirado ao chão com uma arma apontada para sua face.

— NOAH!

Os olhos castanhos encheram de água.

Observou o rosto da pessoa que mais odiava, aquele que tinha a aparência do seu marido, aquele que era seu cunhado, aquele que matou seus pais, aquele que matou tantas pessoas e queria destruir a vida de seu menino.

— Olá Cláudia.

Queria tanto correr em direção de seu marido, e cuidar dele, porém, os olhos azuis de Noah diziam o contrário. Por mais, que desejasse morrer junto com ele, teria que pensar em Stiles.

— VOCÊ É UM MONSTRO!

John sorriu.

— Cláudia fuja, vá…- Noah implorou.

Então, Cláudia observou a arma sendo disparada contra Noah, novamente. O segundo tiro naquela noite, o segundo que poderia tirar sua vida. Por isso, mesmo chorando correu para longe de lá, voltou para o seu carro.

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