Capítulo 49 - Ninguém

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- Para começar vais trabalhar aqui, vais aprender a criar um tema, a imaginar cenários e a fotografar de forma a tirar o melhor proveito. Espero que no fim do estágio estejas apta a fazer tudo sozinha.

- Não vou desapontá-la. - Tinha estado a ouvir uma breve explicação dada pela mulher que ia ser responsável pelo meu estágio. Sentia-me tremendamente entusiasmada e ao mesmo tempo assustada.

No dia anterior tinham-me mostrado o espaço onde ia trabalhar e depois tinha regressado à escola com o meu professor. Não tinha visto mais ninguém dos BTS. Hoje quando cheguei fui recebida pela mesma mulher na entrada e ela disse-me para ir para o último andar onde eu ia trabalhar. Nem me admirei quando cheguei e a minha responsável começou logo a dar-me uma palestra sobre procedimentos técnicos de utilização da luz e movimento, etc.

- Para começar preciso que vás ao andar debaixo deste chamar o pessoal do marketing. Temos de reunir para decidir o tema da campanha do próximo Verão. - Ela era muito rígida e eu era demasiado tímida para dizer que não sabia onde era a sala de marketing nem conhecia ninguém desse departamento. Tinha de me desenrascar.

Sai da sala e fui até ao elevador. Tive de esperar um pouco e quando chegou, felizmente, estava vazio. Desci para o andar de baixo. Esse andar estava silencioso como um túmulo. Para a direita ficam as salas de reuniões e para a esquerda os escritórios por isso fui para a esquerda. Não esperava que continuasse aquele silêncio absoluto. Não havia pessoas a circular no corredor, nada... Comecei a ficar mais assustada.

Então vi um movimento e dirigi-me para lá. Não esperava o que apareceu. Era ele. O meu perseguidor que me tentara raptar. Não havia que enganar. Reconhecia a estrutura corporal e o seu ar ameaçador. Deu um passo na minha direção e eu virei-me para correr no outro sentido. Tentei gritar, mas o medo impedia-me, paralisando os meus pulmões a ponto de mal conseguir respirar. Na atrapalhação tropecei no próprios pés... Como era possível ele estar ali? Ele tinha passado pelas pessoas todas e ninguém dera por ela?

- Não podes fugir de mim. - A voz era maliciosa e de repente fez-se luz na minha mente. Eu sabia quem ele era. Eu sabia...

Uma mão forte apertou-me o braço com força e impediu-me de continuar a correr. Ele tinha-me apanhado.

- Larga... - Mal conseguia falar, mas ainda consegui pronunciar essa palavra. Obviamente foi como se não tivesse dito nada. A mão apenas apertou mais e eu soltei um gritinho.

Senti qualquer coisa tapar-me a boca e apaguei.

Quando reganhei consciência estava numa sala branca, sem janelas. A porta confundia-se com a parede, como se fizesse parte dela. Demorei a conseguir sentar-me e raciocinar. Só podia estar a sonhar...

- Finalmente. - A voz soou na divisão, assustando-me. Devia haver uma coluna algures, mas provavelmente era branca e não se via ou estava incrustada nas paredes.

- Porque é que fizeste isto? - Perguntei, abraçando os joelhos e sentindo as lágrimas a inundar-me os olhos.

- Simples, não gosto de ti. - A resposta fez-me arregalar os olhos. Quem raptava alguém apenas porque não gostava dessa pessoa? Espera... ele planearia matar-me?

- O que vais fazer comigo? - Perguntei, sentindo-me tremer, mas não deixando que isso se notasse na voz. Ele provavelmente estava a ver-me naquele momento, mas se não estivesse pelo menos a voz soaria firme.

- Torturar-te. - A palavra saiu num riso diabólico, de alguém que sentia prazer a ver outros sofrerem.

- As pessoas vão sentir a minha falta. - Informei, querendo perceber se ele seria intimidado ou não.

- Tua falta? Não brinques comigo? Tu não és ninguém na vida das pessoas... Ninguém! - As suas palavras bateram em mim como se estivessem a lançar-me adagas. - Diz-me quem é que te vem procurar? - A voz gozava.

- A minha mãe.

- Tu nem sempre falas com ela e agora estás longe dela... Só se vai aperceber daqui a um mês, no mínimo. - A realidade das suas palavras assustava-me.

- Mas a Hyunah...

- A tua amiguinha que não te liga nenhuma... Ela fala sozinha, ignorando-te completamente... Só pensa no namoradinho irritante. - Mais uma vez, puro gozo. - Ela nem se vai lembrar que existes.

Percebi que ele me seguira aquele tempo todo, analisando as pessoas à minha volta.

- Mas vão dar pela minha falta na Big Hit. - Sim, era isso. Teriam de dar pela minha falta no trabalho, não era?

- Achas mesmo? - Riu-se em tom de gozo. - És apenas mais uma das muitas pessoas que desiste do estágio e nunca mais lá põe os pés... - Soltei um soluço que não consegui conter. - Miúda, esquece. O mundo já se esqueceu...

Comecei a sentir as lágrimas escorrerem na minha cara. Ele tinha razão e eu tinha medo. Tinha tanto medo... Encolhi-me mais sobre mim mesma.

- Minnie... - Solucei, implorando por um milagre que fizesse alguém lembrar-se de mim. - Tae... - Qualquer pessoa. - Kookie... - Dizer os nomes deles não os faria recordar-me. - Nam...

- Chega! - Um grito ensurdecedor interrompeu-me. - Se não te calas vou aí. Oh, e tu não queres que vá aí. - Havia tantos significados ocultos nas suas palavras e tom de voz. Temi pelo que me aconteceria. Temi por talvez nunca mais sair dali. E chorei por perceber finalmente o quão vazia era minha presença.

Ninguém. Era mesmo isso. Ninguém.




Estamos a entrar na reta final pessoal.

O próximo capítulo a sair será de Pure Wolf. Alguém está curioso?

BTSinhos e um miminho (Aquele momento em que eu queria apenas ser uma almofada!!! Ou um lençol...  Ahah!)

  Ahah!)

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