Capítulo 7 - Doce

90 8 10
                                    

- E fui-me embora. Oh, amora! Acho que estou apaixonada e tinha de te contar! - Ela sorria e ria tanto. Até eu tinha ficado com vontade de ver o rapaz só pela forma como ela falava dele, com o rosto a iluminar-se.

- Tu não o conheces Hyunah. - Eu tentei ser a voz da razão, embora compreendesse o quão em vão era. Afinal, já estivera no lugar dela antes.

- Eu sei, mas... nem consigo descrever o que senti. - Ela suspirou e levou a mão ao coração, parando de andar. O sorriso perdeu um pouco do brilho que tinha segundos antes. - Ele não anda lá na escola e parece bem mais velho. Nunca vai olhar duas vezes na minha direção.

- Seria tolo se não olhasse. - Sorri de forma encorajadora e coloquei a mão no braço dela. - És uma das raparigas mais bonitas que conheço.

- Obrigada. Mas tenho de aceitar o sofrimento antes de me envolver mais. - Mais um suspiro dramático.

Não sabia o que dizer ou fazer para a alegrar. Queria que esse rapaz tivesse ficado encantado com ela também. Mas seria isso possível? Uma diferença de um ano na nossa idade já parecia uma diferença abismal, quanto mais se tivessem mais anos de diferença. Não sabia a idade dele, mas se tivesse mais de dois anos de diferença provavelmente considerava-nos umas bebés.

- Ai! Ai! Ai! - Uma criança com cerca de 6 anos corria desesperadamente na nossa direção. Parecia perseguir uma pequena bola de pelo que estava a correr um pouco mais à frente.

Decidida a ajudar, baixei-me e agarrei no cãozinho ao colo mal ele passou por mim. Que bolinha de pelo mais pequenina e ternurenta.

- Muito obrigada. - O rapazinho tinha finalmente chegado ao pé de nós e estava esbaforido e pálido como um fantasma. - Por momentos pensei que ele fosse correr até à estrada.

- Está tudo bem! - Sorri de forma tranquilizadora. A minha amiga pareceu ler a minha mente e conduzimos o rapazinho à esplanada do café mais próximo. Ele estava sozinho e precisava de se acalmar e de um copo de água.

Eles foram dentro do café pedir a água e eu fiquei à entrada com o pequenote agitado nos braços. Tinha o pelo castanho claro, cor de caramelo, e felpudo como um monte de algodão. O nariz e os olhos pequeninos pareciam perdidos no meio de um corpinho tão peludo e gorducho. Ri-me ao sentir as lambidelas que ele tentava dar-me nos dedos.

- Posso? - Um rapaz franzino e baixinho olhava para o cãozinho ao meu colo. A sua voz era como um sininho celestial. Baixinho, quase inaudível, mas muito agradável. Ainda não sofrera a mudança da idade.

- O cão não é meu, mas acho que não faz mal. - Ri-me e deixei-o fazer-lhe festas. Os olhos escuros brilhavam e a sua expressão era a coisa mais fofa de sempre. Era como ver um bebé acariciar outro.

Parecia ter cerca de 13 anos. O cabelo era escuro e estava despenteado. Os olhos grandes e quase negros e uma boquinha de lábios bem rosados, como um doce de morango. A carinha ainda era redondinha como a de um bebé. Muito fofinho e bonitinho.

- Como é que te chamas? - Sorri, curiosa. Sentia como se ele fosse o irmãozinho que nunca tive e isso deixava-me confortável.

- Jeon Jungkook. - Olhou para mim e corou, percebendo que estávamos próximos. Afastou-se um pouco. - Sabes como se chama esta raça?

- Acho que é um Chow Chow. - Ele parecia sério, embaraçado e mais tímido do que eu. O que era estranho dado que eu era a rainha da timidez. - Sabes, como o arroz! - A minha fraca tentativa de piada não o ajudou a descontrair-se. Pareceu ficar apenas mais vermelho.

Olhou para mim outra vez, agradeceu, fez uma vénia rápida e começou a ir embora. Fugira como o diabo foge da cruz. Uou! Um rapaz com medo de raparigas? Seria possível?!

Entretanto a Hyunah e o menino já tinham regressado. Ela, como sempre, olhara o jovem que fugia de forma avaliadora, sendo óbvio o descartar imediato sob a forma de: novo demais.

Entreguei o cão ao dono, já refeito do susto, e comecei a afastar-me. Ele agradeceu mais uma vez e levou o pequeno animal com ele para casa.

- Bem, vamos para casa? - Perguntei, começando a andar na direção contrária a que tínhamos seguido até então.

- Que remédio... Não é por ficarmos aqui que acontece um milagre divino e surge aqui o Yoongi, não é? - Ri-me perante a expressão dela. Já estava a dar uma de mártir. A sofredora que se apaixonava por uma ilusão. Se fosse como das outras vezes, depressa esqueceria o assunto. No máximo duraria um ou dois meses. Talvez...

Estávamos quase a chegar à saída do jardim para nos separarmos quando vi o Namjoon sentado no chão a conversar com um rapaz de gorro ao seu lado.

- Não é possível! - A minha amiga soltou um gritinho ao meu lado e aproximou-se de mim para poder segredar. - É ele!

Olhei melhor para o rapaz de gorro. Então aquele era o famoso Min Yoongi... Queria ver a cara do malandro que enlouquecera a minha amiga.

Respirei fundo e avancei de forma a passar mesmo à frente dos dois rapazes. A minha amiga, atrapalhada, seguiu-me, sussurrando para tentar fazer-me parar.

- Olá! Tu outra vez? - O Namjoon sorriu, reconhecendo a minha cara.

- Estava mesmo de saída, por acaso. - Respondi, aproveitando para olhar para o rapaz de feições fechadas e pele branca que, sinceramente, me parecia bastante comum, apesar de ter SWAG escrito dos pés à cabeça. Mas talvez fosse esse o segredo. Sorrisos raros, mas preciosos.

- Oi! - Finalmente, a voz para associar ao rosto. Era grave, com um timbre meio enrouquecido. Foi a primeira vez que me aconteceu. Não consegui definir a voz dele. Soava a algo fora do comum. Como uma mistura de coisas boas e coisas menos boas.

- Bem, não vos vou atrapalhar. - Pedi desculpas e comecei a afastar-me. Hyunah seguiu-me sem ter trocado uma palavra, fazendo apenas um breve aceno de despedida.

Prova de fogo. Não olhes para trás, por favor.

3

2

1

Pronto, ela tinha olhado para trás.

Estava perdida. Estava mesmo apaixonada por aquele rapaz. E agora?




Mais um capítulo. E finalmente terminámos com a apresentação de todos os membros.

Gostaram? Deixem o vosso voto e comentário. Desta vez gostava que me dissessem quem é o vosso Bias dos BTS?

Beijinhos e muito obrigada pela visita!

P.S. - Peço desculpas por qualquer erro e agradeço sempre opiniões e sugestões.

Somos Perfeitos (BTS)Onde histórias criam vida. Descubra agora