Capítulo 2 - Olhares Indiscretos

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- Ainda bem que ficámos outra vez na mesma turma. - A minha melhor amiga não tinha ido à escola no dia das apresentações, como já era seu costume, e só agora dava graças por me ter ao seu lado por mais um ano de escola.

- Só dizes isso porque não conheces mais ninguém nesta escola nova, né? - Entrei na porta principal e comprimi-me no mar de corpos que se cruzavam nos corredores.

A minha melhor amiga não era como eu. Ela era alta e bonita e chamava a atenção onde quer que fosse. Tinha montes e montes de amigos... E fazia-os muito facilmente. Eu preferia ficar no meu cantinho, sossegada.

- Isso não é verdade... - Ela seguia-me com alguma dificuldade, pedindo diversos com licenças e desculpas. Pousou uma mão no meu ombro. - És a melhor das minhas melhores amigas.

- Claro! - Revirei os olhos. Mas depois sorri-lhe. Dando-lhe a saber que estava a brincar com ela.

- Ai! És uma amora tão mázinhaaaaa! - Reclamou, rindo.

Fomos para a sala onde íamos ter a primeira verdadeira aula do ano. Filosofia... Só esperava que fosse melhor do que soava.

- Uau! Uau! Uau!

- O que foi? - Perguntei, tentando perceber porque é que a minha amiga se tinha transformado num papagaio tão de repente.

- Mas porque é que não me disseste nada? - Perguntou ela, colocando as mãos nos meus ombros e abanando-me com alguma força. Senti que a cabeça ia saltar do pescoço por um segundo.

- Mas o quê? - Perguntei, baixando-me de forma a fugir das suas mãos.

- Que borracho! - Ela apontou para um rapaz de manga à cava que estava encostado à parede a falar com um grupo de rapazes da nossa turma. Não conseguia vê-lo bem. - Não me podias ter avisado que tínhamos um vulcão destes na turma? - Ela começou a abanar a mão ao lado da cara como se tivesse ficado subitamente com calor.

- Primeiro, ele pode estar apenas a falar com os nossos colegas de turma e não ser da nossa turma. - Respirei fundo. - E depois... Vulcão? - Revirei os olhos perante o exagero. A minha amiga media os rapazes que via segundo a "temperatura" que atingiam. Um vulcão talvez fosse um bocado exagerado para um rapaz que me parecia bastante comum assim de longe.

- Vamos entrando meninos. - A professora de Filosofia tinha chegado e abriu a porta para entrarmos.

- Espera e vais ver. - Sussurrou a louca da minha amiga ao passar à minha frente para entrar na sala. Segui-a, deixando que algumas pessoas se colocassem entre nós no caminho da entrada.

Pum! Alguém me deu com uma mala no braço direito com bastante força e comecei a perder o equilíbrio graças ao peso da minha própria mala. Fechei os olhos e preparei-me para sentir a dor da queda do meu lado esquerdo. Mas em vez disso embati num braço musculado que me manteve de pé.

- Peço imensa desculpa... Não foi de propósito. - Oh não! Não, não, não, não, não... O meu coração acelerou de forma vertiginosa. Afinal, a minha cabeça associara algo àquela voz como sempre fazia... Oh, e aquela voz era sexy... Como uma carícia que nos percorria a pele e nos deixava em brasa. Isso fez-me temer abrir os olhos...

- Não faz mal. - Murmurei, decidindo que era melhor separar as pálpebras para não fazer figura de idiota. Quer dizer, mais do que já fizera, não é? Sentia o rosto a arder.

- Estás bem? - Por favor, não fales. E muito menos a esta distância de mim.

O seu braço continuava à minha volta de forma protetora e eu senti cada elevação dos seus músculos vincados. Sim, o rapaz era um vulcão de mangas à cava. Geralmente não gostava desse tipo de camisolas, mas ver aqueles braços assim expostos era outro nível.

O seu rosto era alongado, mas tinha umas bochechas fofas. Os olhos rasgados de um tom de castanho escuro espreitavam sob um cabelo quase negro. Não era a beleza típica. Não tinha nada de extraordinário. Mas os lábios e a voz: puro pecado. Bolas! Quem tinha inventado uma boca tão beijável? Deus, esmeraste-te aqui, anh?

- Não te preocupes. Vamos entrar, está bem? - Sorri, tentando fazer com que ele não se preocupasse mais e avancei de forma a sair dos seus braços.

Com o coração quase a sair pela boca fui sentar-me ao lado da minha amiga, que percebeu logo que alguma coisa tinha acontecido quando me viu chegar: vermelha como um tomate maduro.

- O que aconteceu? - Ela olhou para mim de alto a baixo, sem perceber. E depois olhou para trás de mim e arregalou os olhos.

Deu-me uma cotovelada nas costelas assim que me sentei e pousei a mala na mesa.

- É ele... - Disse entre dentes.

- Eu sei. - Olhei para o lado e verifiquei que ele estava sentado na mesa ao lado da nossa, bem no lugar ao meu lado. Estava a olhar para mim com um ligeiro sorriso. Senti-me na obrigação de sorrir de volta e acenei com a cabeça, em modo de desculpas.

E a aula passou assim... De uma forma que eu não consegui prestar atenção em nada. Apenas aos olhares indiscretos que o rapaz ao meu lado me lançava.



Espero que gostem de mais um capítulo.

Sei que ninguém anda a ler a minha história. Mas estou a gostar mesmo de a escrever, então... Vou continuar.

Agradeço de antemão a quem chegar até aqui!

Obrigada pela oportunidade!

Agradeço comentários e sugestões. ;-)

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