Capítulo 53 - Hospital

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Acordar num hospital com o corpo perfurado por diversos tubos não é, de todo, uma sensação agradável. Mas melhora consideravelmente quando vês alguém que pensaste nunca mais voltar a ver.

- O... mma... - Doia-me a garganta, mas mesmo assim forcei-me a falar.

- Querida? Ai! Nem acredito que estás finalmente acordada. - Ela aproximou-se da minha cama de braços estendidos como se me quisesse abraçar, mas arrependeu-se quando viu quão cheia de tubos eu estava. Carregou num botão vermelho ao lado da cama que se destinava a chamar as enfermeiras. - Vou chamar alguém.

Depois disso seguiu-se um enorme cirandar de pessoas a entrar e a sair. Fizeram-me montes de exames e testes para ver se o meu cérebro tinha ficado afetado. Reviraria os olhos se isso não me doesse tanto...

- Tenho sede. - Foi a primeira coisa que pedi quando finalmente me deixaram sozinha com a minha mãe. Ela deu-me água muito devagar pois o meu estômago ficara demasiado tempo sem nada. Demoraria um tempo até poder voltar a comer sólidos. - O que aconteceu?

- Estiveste quase dois meses em coma, querida. - Dois meses? Tanto tempo?

- Mas porquê? - Perguntei, falando num tom baixo para não forçar as cordas vocais ainda enfraquecidas.

- Os médicos tiveram de te colocar em coma induzido. O teu corpo precisava de tempo para recuperar dos ferimentos. - Explicou ela pacientemente, pousando o copo de água num móvel que havia ao lado da minha cama.

- Bem, sinto-me bem para quem dormiu dois meses sem parar. - Tentei esboçar um pequeno sorriso, embora tenha sido pouco convincente. - Perdi muita coisa? Quer dizer, tirando o estágio que com certeza perdi...

- Não perdeste o estágio. Dado os acontecimentos e o motivo por trás de tudo, a empresa vai continuar a aceitar-te, mesmo fora de época. - Fiquei aliviada. Pelo menos havia uma boa notícia.

- Já houve julgamento? - Perguntei quando me lembrei do que o Namjoon me contara.

- Sim. Como sabes, ele bateu-te e raptou-te, mas não te violou nem nada do género. Foi considerado um crime pouco grave então deram-lhe 9 anos. - Bela justiça, realmente. - Além disso, como sabes, pode sair mais cedo por bom comportamento.

- Nem vou dizer que fiquei chateada. Não vai mudar nada. - Suspirei, frustrada por saber quão injusta era a justiça. - A Hyunah?

-A esta hora deve estar no trabalho, mas ela vem cá todos os dias para te visitar. - Ela sorriu e fez-me sorrir também. Era bom saber que alguém não se tinha esquecido de mim, por pior que as coisas me tivessem parecido.

Sentia-me um pouco diferente de uma forma que é difícil de explicar por palavras. Sentia-me mais desligada. As coisas que me pareciam tão importantes, agora não pareciam mais. Na verdade, percebi que devia aproveitar ainda mais a vida. Devia fazer apenas aquilo que mais gosto. Devia desligar-me de certas coisas pelas quais antes me sentia atraída.

- Os teus amigos famosos também te vieram visitar uma ou duas vezes. - Teria pulado de alegria noutra altura. Em vez disso a minha reação foi bem natural.

- Estão todos bem? - Perguntei, porque apesar de tudo esperava que nenhum deles se sentisse culpado.

- Sim. Não te preocupes. - O telemóvel da minha omma começou a tocar. - Tenho de ir atender porque é do trabalho. - Acenei com a cabeça, observando-a a sair do quarto.

Já não estava sozinha desde que estivera presa, mas não me senti assustada. Talvez outras pessoas na minha situação ganhassem traumas para a vida, mas eu não me sentia assim. A minha mente nunca mo permitiria. Afinal, tinha alma de artista. Onde as outras pessoas viam tristeza, dor e sombras, eu via uma obra de arte. Eu via sentimentos que precisavam de ser capturados e preservados.

- Posso entrar? - A voz meio tímida da Hyunah despertou-me do transe em que me encontrava. Dei o meu maior sorriso. 

- Entra. - Ela fez o que pedi e avançou para dentro do quarto. Sorriu para mim, alegre.

- Que bom ver-te finalmente acordada. Como te sentes? - Colocou-se exatamente no mesmo lugar onde tinha estado a minha omma.

- Sinto-me bem. - Respondi, sorrindo e ajeitando a minha posição. - Pronta para outra?

- Ai! Vira essa boca para lá! - Ela reclamou, mas continuava a sorrir. Sabia que eu estava a brincar.

- Obrigada, amiga. Soube tudo o que fizeste por mim e nunca vou ser capaz de te agradecer o suficiente. És realmente a melhor amiga que alguém podia pedir. - Ela sabia que eu não era lamechas, por isso, dizer aquilo tinha realmente significado.

- Não tens de agradecer, amora. - Ela agarrou-me a mão que estava mais perto dela e apertou ligeiramente. - Eu sei que farias o mesmo por mim. - Ela tinha razão. Eu faria tudo por ela.

- Conta-me como está a correr o teu estágio! - Pedi de forma a mudar o tema da conversa e aliviar o ambiente.

- Muito bem. Aprendi imensas coisas novas. - Ela estava entusiasmada. Assim é que era a minha amiga! Tão entusiasmada que esquecia tudo o resto. - Tenho trabalhado com alguns atores e já fui maquilhar o J-Hope quando eles foram a um programa de televisão.

- Uau! Isso é fantástico! Aposto que te estás a sair lindamente. - Não podia deixar de sorrir. Já me doíam as bochechas, mas não conseguia parar. Estava feliz!

- Então, quando é que vais ter alta? - Ela olhou para os tubos presos a mim. Agora eram menos do que quando acordara, mas ainda assim metia alguma impressão.

- Não sei. O médico disse que posso começar a comer daqui a uns dias. Assim que começar a comer e verificarmos que o meu corpo está todo a funcionar bem, posso ir para casa. Talvez daqui a 1 semana, na melhor das hipóteses. - A parte pior ia ser o aborrecimento por estar sem fazer nada tanto tempo.

- Bem, eu venho visitar-te todos os dias. - Ela deve ter percebido o rumo dos meu pensamentos e tentou apaziguar-me.

- Obrigada, Hyunah! - Peguei-lhe na mão e apertei, tal como ela fizera comigo.




A nossa protagonista está vivaaa!

Faltam apenas dois/três capítulos para terminar. Não deixem de ler, votar e comentar, sim?

Pure Wolf sai daqui a dois dias! Yey!

BTSinhos e um miminho (Que fofinho o nosso Hope, não é? <3 <3 <3 Quem diria que ele consegue ser assim tão calminho... Ahah!)

 Ahah!)

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