Capítulo 14 - Humilhação

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Restavam-me duas opções: o primeiro impulso era gritar e fazer um escândalo, passando assim a maior vergonha da minha vida, e a outra opção era fingir que não tinha acordado. É fácil perceber qual foi a que escolhi.

Virei-me de costas para eles e tapei-me completamente com as mantas. Mesmo assim o barulho não ficava completamente abafado. Só me apetecia desaparecer. Eu mal tinha dado um beijo e tinha de estar a ouvir aqueles ruídos obscenos... Seria aquilo tudo assim tão bom? Parecia-me bastante nojento.


- Desculpa, não tinha o teu número de telemóvel para te avisar. Além disso, não sei qual é o problema... Eu tinha-te avisado que preciso de praticar. - Ela encolheu os ombros. Não estava preocupada nem arrependida com o que tinha acontecido apesar de a ter chamado a atenção. Disse-lhe claramente que não tinha gostado da situação e ela não fizera caso.

- Já vi que não vale a pena. - Resmunguei. Tinha de me aguentar.

- Olha, dá-me o teu número para que te possa avisar na próxima vez. - Ela agarrou no telemóvel e preparou-se para escrever o número. Eu ditei e ela guardou-o, fazendo uma chamada para o meu para que eu guardasse o número dela. - Hoje à tarde tenho de ir comprar umas roupitas novas para quando começarem as aulas. Preciso de estar no meu melhor. - Levantou-se da cama e sacudiu o cabelo de forma dramática. - Logo à noite queres ir sair outra vez?

- Ah... Eu já tenho planos para logo. - Fiquei um bocado nervosa. Não queria dizer-lhe nada sobre onde ia e com quem ia.

- Está bem. Então devo vir para aqui com companhia outra vez. - Ela fez um sorriso perverso, mandou-me um beijinho e saiu do quarto com um aceno.

Suspirei de frustração, sentindo que estava feita ao bife se fosse assim todos os dias. Reparei que a cama dela ficara por fazer. Que irritante! Mas não era eu que ia arrumar. Não ia mexer em lençóis marcados de sexo.

Arrumei o meu lado do quarto, cantarolando um pouco uma das músicas dos BTS. Adorava as músicas deles.

Nisto o meu telemóvel começou a tocar. Olhei para o ecrã e vi lá o nome da minha omma. Atendi.

- Olá omma! - Sorri para o telefone.

- Olá! Então? Como estás? - Perguntou, a sua voz soando extremamente animada.

- Estou bem! Como estão as coisas por aí? - Sentei-me na cadeira da secretária e comecei a remexer na minha câmara, vendo as fotografias que tirara na noite anterior.

- Está tudo bem. O que achaste do dormitório?

- É fantástico. Até o edifício é um espaço agradável. - Respondi, observando uma fotografia que me agradou particularmente.

- E a tua colega de quarto? - Eis a questão chave. Eu não queria preocupá-la. Não podia dizer que achava a rapariga muito estranha.

- É muito bonita e foi bastante simpática. - Não estava a mentir. Ela realmente fora simpática e tinha-me recebido bem. Era apenas uma omissão pequenina...

- Que bom! Então e quando é que a Hyunah vai para aí? Vou ficar mais descansada quando souber que tens a tua amiga por perto. - Eu também ia ficar, mas infelizmente ainda faltavam uns dias para a Hyunah chegar aos dormitórios.

- Ela só vem no dia 3 do próximo mês. Daqui a 6 dias. - Apaguei algumas fotos que ficaram desfocadas ou demasiado feias de forma a criar espaço no cartão de memória. Eu tinha mais dois, mas gostava de prevenir.

- Está bem. Pronto, não te chateio mais. Vai lá almoçar e explorar a cidade. Beijinhos! - Despedi-me e desliguei o telemóvel com um sentimento de aconchego no peito. Era bom saber que alguém se importava.

Decidi mandar uma mensagem à Hyunah a dizer que tinha saudades dela e que mal podia esperar para voltarmos a estar juntas. Não lhe disse nada sobre o encontro que ia ter porque não queria deixá-la com falsas esperanças. Se houvesse alguém que fosse ficar desiludida, que fosse apenas eu. Tal como acontecera naquela situação...

Eu nunca lhe contei do beijo naquela noite na festa. Sabia que ela ia ficar desiludida com a situação e comigo por não ter feito nada para evitar que ele gozasse com a minha cara. Porque foi isso que aconteceu, não é? Que mais poderia ser? Ele beijou-me do nada e nunca mais sequer demonstrou estar minimamente interessado em mim. E depois desapareceu...

À medida que a noite se aproximava, eu ia ficando mais e mais nervosa. Mal consegui engolir o almoço e logo depois comecei a preparar-me. Demorei quase duas horas para decidir o que vestir e chegar à conclusão que não tinha nada de jeito no armário. Fui a correr a uma loja de roupa das redondezas e procurei compulsivamente por algo que chamasse a minha atenção. Demorei mais uma hora até descobrir um vestido azul bebé sem mangas, de atar ao pescoço, que fazia lembrar o verão. Depois tive de comprar roupa interior nova porque nenhum dos meus sutiãs dava para usar sem alças. Comprei um cai-cai e as respetivas cuecas estilo boxer em preto. Pelo menos não precisei de comprar calçado pois tinha umas sandálias pretas que ficavam ali bem.

Quando cheguei a casa tomei banho, pois tinha ficado suada da correria toda, passei creme no corpo, vesti-me e coloquei o meu perfume favorito. Sequei o cabelo, mas depois acabei por decidir deixá-lo solto. Não me ia maquilhar só para aquilo então acabei por colocar apenas um bocadinho de um gloss que deixava os lábios rosados.

Eram 18:30h quando fiquei pronta para sair. Arrumei o telemóvel na mala, junto com a carteira, e avancei para a porta. Estava quase a sair quando me lembrei da máquina fotográfica e voltei atrás para a ir buscar. Estragava um bocado o estilo feminino que estava a usar, mas a câmara era imprescindível. Era como um braço ou uma perna, impossível de deixar para trás.

Dirigi-me à rua onde tínhamos combinado encontrar-nos e coloquei-me exatamente no mesmo local, próxima da parede. Depois de parar, comecei a reparar nos olhares que me lançavam. Talvez tivesse exagerado pois toda a gente olhava para mim. Bolas! Comecei a ficar ainda mais nervosa. Não devia estar a chamar tanta atenção porque ele não podia ser visto assim. Além disso, as 19:00h horas chegaram e eu ainda estava à espera...

E as 20:00h chegaram...

E depois as 21:00h...

Estava cheia de fome, com frio... e sentia-me estúpida por ter esperado tanto tempo. O que quereria ele ter a ver comigo? Eu não era nada na vida dele. Devia ter-se esquecido de mim, claro. Agarrei novamente na câmara, que, entretanto, tinha pousado no chão aos meus pés, e comecei a ir-me embora. Sentia-me humilhada e com vontade de chorar.




Espero que tenham gostado deste capítulo.

Agradeço que deixem os vossos votos e comentários caso tenham gostado.

Alguém tem pena da nossa protagonista?

BTSinhos e um miminho... (Eu morro com esta fofura do Jeon coelhinhooooo!!!!)

 (Eu morro com esta fofura do Jeon coelhinhooooo!!!!)

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