Capítulo 27 - Memórias de um poeta morto

29 3 0
                                    

Memórias de um poeta morto.

Escrevi um poema e agora o que faço?

Peguei meu caderno, revirei todo meu quarto

Em busca de uma foto que me deixasse animado

Em baixo da cama, achei uma coisa que jamais imaginaria

Era nossa foto e nela estava escrito:

"Que dia incrível ao seu lado querida"

Sorri forçado, mas não tive coragem de rasgar aquilo

Coloquei novamente na caixa e sai sem destino

Andando pelas ruas, vejo naturezas, pessoas ao redor parecida tudo perfeito.


Até que me encontrei com a solidão, aquele sim foi um dia incrível

Sentei na areia e comecei a olhar pro mar

Percebi o movimento que as ondas criavam

Cresciam e depois afundavam

Memórias de um poeta morto

Eu já não sinto as batidas em meu corpo

Olhei para o céu e só tinham os corvos

Da forma que estavam, já tinham encontrado um outro corpo.


Eu não sei onde estou

Eu saí desse mundo

As memórias saíram de minha mente, mas

Ficaram em forma de marcas em meu corpo.


Elas queimam e eu não consigo lembrar mais de seu rosto.

Na praia em que estava achei um piano e quando comecei a tocá-lo

Ele começou a pegar fogo

Era o fogo das decepções, eu não me queimava mais

Porque meu corpo já estava morto, mas eu conseguia ver pelas chamas

O grande amor que deixei para traz e os amigos que se foram.


Não se preocupem quando eu não estiver mais nesse mundo louco

Eu estarei nos corações de cada um, como um abraço apertado,

Um sorriso inesperado e com meus versos que te marcaram

Quando você precisava até que alguém te escutasse

Que te motivasse

Que não te condenasse.


A poesia não morre,

Ela te envolve

Reconstrói seu corpo

E restaura sua alma

COSTURA A FERIDA QUE FOI ABERTA PELA MÁGOA

E te mostra um sentido para viver

É O COMBUSTÍVEL DO CORPO

Ela te tira do submundo das solidões

E te dá o fôlego para continuar sua existência.


Rafael Silva

Poesias GóticasOnde histórias criam vida. Descubra agora