Poesias Góticas

(Pandora 07)- A tristeza de uma garota e os sentimentos de uma mulher

Vária fotos espalhadas no chão.

Seja bem-vindo você que lê.

O inferno é aqui mesmo, pode me acompanhar?

Eu vou mostrar a vocês, um pedacinho da loucura que são meus dias.

Era uma madrugada fria, eu não sabia o horário exatamente, mas na escada estava uma garota, desenhando o que lhe vinha a cabeça.

Seu nome era Ana, e ela pintava com a alma.

Ela dizia que tinha visto uma dama de vestido vermelho e com um olhar abatido.

As pessoas não ligavam para as palavras da garota, até que um dia tudo mudou.

E Pandora, resolveu aparecer para ela:

–Eu vejo que você desenha bastante.

E Ana respondeu:

–Eu desenho por amor.

–Amor?!

Perguntava Pandora confusa.

E continuou:

–Estranho isso.

E Ana perguntou:

–O que é estranho?

E Pandora disse:

–O amor dos humanos é estranho.

–Vocês dizem que amam, mas eu só os vejo se matando.

Ana se levantou das escadas e perguntou seriamente:

–Como é seu nome?

–Eu sou Pandora, uma alma esquecida entre os vivos.

–É um prazer.

Sorriu a garota.

–Você não tem medo de mim?

Ana se aproximou de Pandora e disse:

–Não devemos ter medo das pessoas, mas sim amor por elas.

–DE NOVO VOCÊ COM ESSA HISTÓRIA DE AMOR?!

Gritou Pandora dando um soco na parede.

Ana ficou um pouco assustada, mas resolveu falar:

–Tenha calma, moça.

Então, Pandora respirou fundo, e disse:

–Estou calma!

–Já que você fala tanto de amor, por que seus desenhos os personagens estão sempre morrendo?

Foi de fato, uma pergunta bem interessante.

E Ana respondeu:

–Essas pessoas representam muitos que estão ao meu redor, pessoas que sofrem, choram trancadas no quarto, ou pelas madrugadas escrevendo e até mesmo pintando como eu.

Pandora começou a compreender os sentimentos daquela garotinha, mas nunca foi de dá o braço a torcer.

E a menina continuou:

–Você disse que era uma pessoa de "alma esquecida", mas quem te ama jamais te esquecerá.

E Pandora pegou na mão da menina, e disse:

–Vamos dá uma volta, feche seus olhos.

E como um vento soprando bem forte, o cenário mudou.

–O mundo vermelho, ele existe?!

Perguntava Ana surpresa.

E Pandora respondeu:

–Todos os seres humanos, possuem um mundo que dividem: a loucura e a razão, o desejo da morte e a afirmação da vida.

–Ana, seus desenhos são a tentativa da sua alma querer se salvar da escuridão do mundo.

–Eu também já fui como você.

–Eu tentei várias vezes, acreditar que o amor realmente era sincero entre as pessoas.

–A decepção foi tanta, principalmente quando me enterraram viva.

–VOCÊ ESTÁ MORTA?!

Gritou Ana surpresa.

–Há muito tempo!

Respondeu Pandora.

E continuou:

–Por que você desenha, uma mulher com vestido vermelho e com os olhos tristes?

E a garota respondeu:

–Ela se chama Carol e ela é minha amiga.

E Pandora perguntou:

–Como ela morreu?

E a Ana disse:

–Assalto em um ônibus, ela levou dois tiros e eu estava ao seu lado, sentada no banco.

Em seguida, a garotinha Ana começou a chorar.

Suas lágrimas estavam pesadas e ela estava com o corpo trêmulo.

–Esse é o sentimento que vocês chamam de dor.

Afirmou Pandora.

–Esse mundo é frio, e pessoas sentimentais acabam morrendo, mesmo estando vivos.

–É como viver por viver.

–É deixar de viver e apenas sobreviver.

–É mergulhar em um mundo de solidão e dá de cara com as verdades.

–VOCÊ NASCEU SOZINHO E MORRERÁ SOZINHO.

–A ALMA ESTÁ TRISTE, PORQUE ELA TEM SAUDADES DE ALGUÉM.

–SEU CORAÇÃO ESTÁ DANIFICADO, ELE SENTIU COMO É DURO AS PALAVRAS MALDITAS.

E Ana perguntou desesperada:

–O que devo fazer?!

Assim como esse barco da morte, navegue pela dor, sinta as águas da decepção, amadureça com as lágrimas e transforme o ódio em motivação.

O silêncio de uma mulher é algo perturbador, mergulhe em seus pensamentos e deixe que a alma conduza seu corpo.

A garota apenas sorriu.

Pandora não estava ali para arrancar sorrisos, sempre que ela chegava só havia choro, corpos jogados no chão, mas esse dia foi bem diferente, parece que sua dor está sendo aliviada.