Lucy
Minha barriga de oito meses estava enorme e me impedia de fazer muitas coisas, mas isso não queria dizer que eu não fazia, o que deixava Liam a ponto de ter um infarto.
Nesse exato momento ele está fazendo mais um dos seus discursos sobre eu ter cuidado com a gestação, ele acha que se eu for até a esquina comprar um leite vou pôr em risco a vida da Hope.
Assim que descobrimos que era uma menina Liam ficou feliz de início, mas depois ele começou com aquela ideia que esses pais idiotas têm. Hope vai para o celibato, vai ser freira, vai entregar a vida dela a Deus. Mas eu já tratei logo de tirar essa ideia da cabeça oca dele, onde já se viu.
Eu já conhecia as frases dele.
"Se quiser sair alguém te busca ou te leva, contratei um motorista pra quê?" "Não faz isso, tem mais de três quilos" "Não come isso, faz mal para a Hope" "Você dormiu pelo menos 9 horas? É essencial".
Eu já não aguentava mais. Eu amo ele, e tenho a plena certeza de que ele será um ótimo pai, mas isso já tava passando dos limites, onde já se viu? Ele não me deixa comer pimenta, mas aí a médica disse que é desejo, e se for consumido em uma quantidade pequena não haverá problema nenhum ao bebê.
Mais ele entendeu? É claro que não. Mesmo assim comi escondido, porque minha boca ficava cheia d'água, e depois que comi, a vontade passou e ele agora tá feliz porque acha que eu desisti.
- Amor, Juvenal está aqui para ser o motorista, não ande de pé, pode fazer mal - ele continua com seu discurso.
- Liam, pelo amor de Deus. Eu não estou doente, gravidez não é uma doença, eu posso muito bem andar, e pelo contrário do que você pensa, faz bem andar, é um bom exercício, deixe de ser tão protetor, quem aguenta? - resmungo.
- Lucy, a Hope já está para nascer, agora você tem que estar de repouso, descansar...
- Que descansar que nada. Pelo amor de Deus Liam, quem aguenta ficar em casa o dia todo? As meninas vem aqui toda hora se deixar, mais eu não quero que elas estejam aqui toda hora. Não porque eu não as amo mais, mais por conta de Kate, não quero que ela pense que eu estou querendo jogar na cara dela, o sonho dela é ter um filho, você sabe disso. - falo irritada. Agora tudo é assim, ou e raiva demais, ou é choro demais, tudo é demais.
- Lucy amor. Você sabe que faço isso para o seu próprio bem. - ele fala mais calmo.
- Eu sei. Mas eu estou bem, fique tranquilo. Não é como se eu fosse me jogar de algum lugar alto ou ser alvo em um jogo de facas. - falo com paciência.
- Tudo bem. Mas modere, vá com cuidado. - beija meu rosto e desce as escadas em direção a cozinha.
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Liam andava fazendo minha vontades o tempo todo. Mas hoje em especial ele fez mais do que minha vontade.
Cheguei em casa normalmente, já que eu não ia pra boate a muito tempo, só ficava na livraria com Anna, Lys e Kamy.
Kate andava meio sumida, quase não vinha me ver e não era sempre que atendia minhas ligações. Ela estava triste eu sei, e isso me doía muito, porque não foi uma coisa planejada.
Quando cheguei Liam já veio e me pediu para sentar e me acalmar pois tinha uma coisa muito séria para mim.
- Me prometa Lucy. Me prometa que não vai passar mal. - ele implora.
- Ah Liam. Pelo amor de Deus, se continuar com esse mistério aí que vou passar mal mesmo. Fala logo o que é. - falo já em desespero.
Ele foi até a porta que dividia a sala de estar e a sala de jantar e a abriu. Uma mulher de aparentemente jovem saiu e sorriu para mim, a semelhança entra ela e eu era enorme, eu não conseguia acreditar que podia ser o que eu estava pensando, meu coração estava batendo tão forte dentro da caixa torácica que eu sentia um leve desconforto.
- Lucy, essa é Marina Sloer. - quando ele fala meu instinto e afastar.
Eu achei que eu quisesse vê-la, que quando isso acontecesse eu pularia nela e a abraçaria, mas não foi isso que aconteceu, meu instinto de futura mãe já estava ativado. Eu não tenho raiva dela, só queria entender o porque ela tinha me abandonado naquele lugar horrível.
- Oi filha. Você se tornou uma menina tão linda. - sua voz era compassada e delicada.
- Por que você me deixou naquele lugar horroroso? - pergunto já em lágrimas.
- Lucy...
- Por que? - pergunto novamente interrompendo o que Liam ia falar.
- Você tinha quase um ano e o seu pai ele... ele me batia muito, eu ainda era menor de idade, tinha 17 anos. Minha vida foi um tormento filha. Eu aguentava apanhar calada, não era sempre que tínhamos comida porque ele não trabalhava e eu muito menos, pois ele não deixava, algumas vizinhas se reuniam e faziam uma cesta e nos dava, era assim que sobreviviamos, mas um dia ele chegou bêbado em casa jogou a comida fora e você estava chorando, então ele queria te bater, e pra te defender eu o enfiei a faca que eu estava na mão bem na barriga dele, peguei você e corri. Quando cheguei ao orfanato pedi a Maria que cuidasse de você que um dia eu te buscaria. Fui embora e quando voltei o orfanato havia mudado de lugar, e ninguém sabia para onde tinham ido. - ela explica enquanto lágrimas corriam feito cachoeira pelo seu rosto.
- E quando você voltou? - pergunto depois de um tempo.
- Você devia estar com quase sete anos. - meu mundo desmoronou.
Talvez se Maria tivesse morrido depois de um tempo, talvez eu tivesse passado por aquilo. Talvez... Eu não teria conhecido a Kate, e ela teria sofrido sozinha.
- Você sabe o que eu passei lá? - pergunto com desconfiança.
- Me desculpe minha filha. Me perdoe por ter deixado você passar por isso, se eu soubesse que seria assim eu não teria nem saído de casa. - Ela chora ao falar.
A mulher que eu sempre quis ver estava na minha frente e eu não conseguia não me desesperar. Sem mais aguentar fui até ela e a abracei e todos os sentimentos dentro de mim explodiram.
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Oi amores, me desculpem pela demora!
Bom obrigada por acompanharem, amo vocês ❤
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O Poder da Sedução { Completo }
RomanceO que você seria capaz de fazer para ajudar sua melhor amiga? Seria capaz de enfrentar seus medos e ir buscar ajuda onde você jamais iria em outra situação? Lucy foi capaz. Quando Kate foi sequestrada pelo namorado ela não mediu esforços para salva...