Água e Fogo

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Stiles Stilinski

Assim que chegamos, eu desci do jipe e aguardei Lydia tomar coragem para abrir a porta. Percebi como ela parecia relutante para descer do carro.

Algo dentro de mim ainda me deixava triste, não sei como me perdoaria por ter deixado ela passar por uma atrocidade tão grande com Jackson.

Não sei se conseguiria fazer isso.

Não importava quantas vezes ela repetisse palavras bonitas que eu tinha certeza que eram sinceras.

Para mim, eu havia errado em demorar tanto para procurá-la.

Mas eu também sabia, sentia com cada olhar que ela me lançou dentro de carro enquanto eu dirigia, que ela se sentia melhor, apenas por estar ali, comigo.

Ela é incrível, simplesmente tudo nela é maravilhoso. Como consegui conquistar uma mulher como essa? Como não percebi antes o quanto ela é linda? Eu jamais saberia a resposta dessas questões.

Todas as vezes que percebia as íris verdes analisando os detalhes do meu rosto no escuro do carro, eu sentia minhas bochechas se esquentarem um pouco denunciando que estava corado, um pouco intimidado por ela.

Meu corpo estava um pouco retraído, como algo que eu não conseguia controlar, expondo para ela como me sentia mal, como meu coração ainda doía.

Contornei o jipe quando a vi saindo do carro, alcancei a mão dela para entrarmos em casa, e assim que começamos a andar para a porta ela falou comigo.

– Suas mãos ainda estão machucadas. – Ela disse parecendo decepcionada, mas acima de tudo triste pelo ferimento em minha pele.

Subimos os pequenos degraus da área, logo depois alcancei as chaves em meu bolso e abri a porta.

Mesmo que meus dedos estivessem marcados por leves escoriações, eles não doíam. Os cortes reais da violência com Jackson estavam cravados nas costas das minhas mãos, onde eu o acertei inúmeras vezes.

– Só tenho que enfaixar. – Eu disse exasperado.

Todo o meu corpo estava exausto, minha mente clamava para que eu dormisse para esquecer aquela noite horrível. As vezes, eu tinha a impressão que meus pulmões paravam de funcionar por ligeiros segundos.

Sentia minhas entranhas contorcidas, eu ainda estava nervoso, não reconheci a mim mesmo quando bati tanto em Jackson. Com uma fúria tão animalesca dominando todo o meu corpo e bombeando uma ira sobrenatural dentro de mim.

Eu não era aquela pessoa, aquele monstro.

Não havia como controlar o desespero que tomou conta de mim quando olhei aquela cena humilhante.

Imaginar Lydia sendo forçada a encostar um dedo que fosse no corpo nojento de Jackson revirava meu estômago em náuseas, e minha cabeça fervia tanto que eu sentia meu couro cabeludo formigar.

Toda a adrenalina daquele momento, o quanto minhas mãos tremeram e minha mente girou, as lágrimas saltando de meus olhos e minha voz explosiva, foi algo totalmente novo.

Eu nunca havia sentido algo como aquilo, e entendia que não queria de novo. A lembrança me magoava tanto que era como reviver aquele momento.

E me sentia ainda pior por não estar arrependido. Gostei de sentir o sangue de Jackson escapar do corpo por causa de minhas mãos, destruir aquele sorriso nojento e malicioso, quebrar os ossos daquele rosto.

Eu só queria abraçar Lydia enquanto dormia, inalar o cheiro daquele cabelo ruivo lindo, admirar o rosto angelical.

Assim que entramos e eu fechei a porta, Martin acendeu a iluminação mais fraca que rodeava a sala e um pouco da cozinha, mal alcançava aquela parte da casa em que estávamos.

Consequências de uma paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora