Consequências de uma paixão

Covarde

Lydia Martin

Desde que cheguei em casa ontem a única coisa que fiz foi ficar deitada, chorando quando as lágrimas brotavam em meus olhos.

Eu estou tão, tão cansada.

Odeio pensar tanto nele. Stiles me assombra.

Ele está em tudo o que eu olho, faço, escuto e sinto.

Nos últimos três meses eu tenho vivido um impasse gigantesco, uma verdadeira guerra interna.

Luto contra mim mesma.

Meu coração despedaçado me implora para que eu esqueça isso tudo. Ele também está cansado de sofrer, e fica me repetindo todos os dias para que eu mate o Stiles da minha vida.

A verdade é que isso é muito mais complicado do que parece. Como eu posso simplesmente esquecer tudo o que nós vivemos?

Ele foi e ainda é a minha primeira paixão, meu verdadeiro amor.

Amar é muito mais complicado do que parece, e isso acaba comigo. Queria poder escolher deletar ele de tudo, realmente o tirar da minha vida.

Ao mesmo tempo que o meu cérebro briga comigo todas as vezes que penso como seria se nós voltássemos. Ele grita comigo, dizendo que além de não me merecer mais, Stiles precisa sofrer um pouco.

Eu sinto que essa mágoa me consome, me suga diariamente. E é algo que eu não quero. Se eu pudesse simplesmente escolher, já teria esquecido isso.

Mas eu estou chateada, e isso toma conta de mim.

É horrível sentir esse desespero. Me sinto sugada pelos pensamentos excessivos, pela saudade que sinto dele, por tudo o que aconteceu.

As vezes penso que nunca vencerei essa guerra, que nunca conseguirei de fato escutar apenas um lado. Eu apenas torço para que eu consiga ouvir a razão, já que o meu amor e minha tristeza estão fundidos em apenas um.

Sei que Stiles e eu estamos no mesmo barco, nossa discussão da noite anterior deixou isso completamente esclarecido. Ele ainda sente ciúmes, sente a minha falta, e também está perdido sem mim.

Queria poder dizer que torcia para que tudo ficasse bem, que uma hora ou outra as coisas melhorariam, mas não tive coragem.

Assim que encarei o banco do jipe me lembrando de tudo o que vivemos ali eu simplesmente me senti exausta, sabendo que precisava de um tempo sozinha. Só consegui dar as costas e vir para a casa.

Tive pena da maneira que ele se referiu a tudo o que acontecia com ele. Stiles realmente acreditava que eu tinha seguido em frente quando na verdade, ele não sai da minha cabeça um minuto sequer.

Ele estava desesperado, atormentado, e aquilo era por mim.

Estamos do mesmo jeito. Exatamente no mesmo sofrimento.

Já tomei banho, fiz as unhas, mas continuo me sentindo desconectada de tudo. Estou encarando minha figura enrolada na toalha com aspecto deprimente no espelho, e ela diz que não quer ir para a formatura e muito menos para o baile que haverá depois.

Lavei meu cabelo e o parti no meio, prendendo duas mexas das laterais atrás da cabeça, o deixando caído nas minhas costas.

Meus pais estão se arrumando também, me disseram que estão ansiosos já que acompanharam todo o meu sucesso acadêmico. Fui intimada a ficar pronta em menos de meia hora, mas provavelmente vou me atrasar já que estou a muito tempo em frente a esse espelho.

Só queria ficar aqui e dormir um pouco, talvez ver algum filme. Será que vão reparar se eu não for? É... com certeza.

Inferno! Gemi de raiva enquanto andava até o armário, abrindo as portas e correndo os olhos pelos tecidos, procurando minha beca.