Provocantes

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Jackson Whitemore

Eu gosto desse lugar.

Quando cheguei, achei que iria odiar. Mas acabei gostando.

Chamam de Casa do Eco, e mesmo com toda a luz desse lugar, as vezes me assusto com uma simples porta que se fecha.

Tem muito verde. Eu gosto de verde.

Minha cama é um pouco dura, mas consigo dormir nela. Mesmo que as vezes as minhas costas doam, eu não tenho o direito de reclamar. Pelo menos é o que dizem.

O único problema daqui são os comprimidos que sou obrigado a tomar todos os dias.

Eles me dão muitos remédios diferentes, e eu parei de questionar depois da primeira semana. Me ajudava a dormir, a me sentir leve, mas mesmo assim eu não queria tomar.

Sentia que não era eu mesmo com eles no meu organismo.

''Você precisa, Jackson. Vai te ajudar a se sentir melhor'' era a única coisa que eles me diziam, para logo depois ameaçarem enfiar minha garganta caso eu me recusasse a tomar.

Eu ando por aqui o dia todo já que não tem nada de interessante no meu quarto, e converso com os outros pacientes na maioria dos passeios.

Infelizmente tenho que usar sempre calça de moletom e uma camiseta. Não posso carregar nada e sempre preciso passar por uma vistoria para ir até o jardim, que é meu lugar favorito aqui!

Um homem forte cuida de mim. Ele tem barba, topete no cabelo e carrega uma expressão dura no rosto, o que me deixou com muito medo quando se apresentou pela primeira vez.

Tive pavor pelo tamanho de seus músculos, pelo jeito que me olhava com uma cautela extrema. Mas ele me surpreendeu desde o momento que falou comigo.

Ele é atencioso, preocupado, e me ajuda em tudo o que pode.

Derek Hale. Ele disse que o nome dele é esse.

Usa uma roupa azul de enfermeiro o tempo todo, e na maioria das vezes joga dama comigo para passar as tardes já que minhas atividades são limitadas.

Me ofereceram outro enfermeiro algumas semanas atrás, mas eu não quis. Meu pai tentou me convencer que aquele profissional era mais experiente e me ajudaria muito mais.

Nada daquilo entrou na minha cabeça. Derek era ótimo no que fazia, e eu queria ele por perto.

Não me lembro muito do passado. Existe um borrão enorme em minha mente quando tento imaginar quem eu era antes daqui.

Lembro que estava em um tribunal, e houve uma gritaria que eu acredito, sem ter certeza, que foi do meu pai com o juiz.

Logo depois, fui sentenciado. Não sei o que fiz, não me lembro de nada. A única coisa que está sempre clara na minha mente é o gelo das algemas que cercaram meus pulsos, queimando minha pele com a sensação fria.

Foi ali que perdi minha liberdade.

Já perguntei muitas vezes o que eu fiz para estar nessa clínica, sem poder ir em outro lugar além do jardim e os corredores desse lugar.

Perambulo como um verdadeira fantasma, descendo e subindo escadas, andando com cansaço.

Sempre questiono Derek, que é paciente e eu acredito que seja meu amigo. Ele sempre diz a mesma coisa:

''Você vai se lembrar, eu prometo''

Os remédios não deixam que eu me lembre, então porque eu preciso continuar tomando aquela merda?

Consequências de uma paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora