Consequências de uma paixão

Furacão

Lydia Martin

Não acredito no que aconteceu.

Estava tudo bem até horas atrás, e de repente um furacão enorme passou pela minha vida, bagunçando tudo, estragando o que podia.

Nós dançamos, fizemos planos para o futuro, nos divertimos.

E então tudo estava acabado.

Eu não entendo, e também acho que não quero entender.

O meu coração está apertado, atrapalhando os meus pulmões funcionarem, e meu rosto está duro das lágrimas secas em minha pele.

O sol está esquentando meu corpo, aquecendo meus órgãos internos, me dando a sensação do inferno.

Como se ele estivesse tentando me consumir, e carregando a minha alma aos poucos.

Acho que já estou nele.

Provavelmente caminhando no fogo do diabo.

Eu só quero ir para a casa, mas parece que quanto mais eu ando nessas ruas, mais perdida fico.

Desde que saí do jipe, só consegui chorar quieta, até conseguir me afastar o suficiente para libertar os soluços presos em minha garganta.

Stiles estava dormindo no banco quando acordei nessa manhã infeliz. Observei os detalhes de seu rosto que naquele momento, eu estava odiando mais do que qualquer coisa.

Contei suas pintinhas, observei suas sobrancelhas, a boca fina e bem desenhada, e admirei o topete em seu cabelo bem cortado.

Ele estava lindo, de uma maneira que eu nunca tinha visto. Aquilo me machucou.

A partir daquele momento, tudo o que ele fizesse iria me machucar. Eu só precisava esperar seus erros.

As mãos grandes estavam jogadas ao lado do corpo caído no banco, e seu pulmão lento ao ponto dos movimentos do tórax musculoso serem praticamente imperceptíveis.

Não consegui pensar em nada além de nós na noite anterior.

Eu olhei para Stiles, odiando e amando aquilo ao mesmo tempo.

Todo o amor que latejava em mim e inundava meus olhos de lágrimas me fez querer aquilo, e eu não consegui negar.

Eu estava sentada em seu colo, encaixada dentro dele, sentindo aquela sensação única. Algo em mim desejou que eu gritasse, uma força maior me implorou para sair dali e nunca mais deixar que ele me tocasse.

Mas era impossível.

Desejei chorar, mas segurei as lágrimas que inundaram meus olhos. Ele estava com as pálpebras coladas, e seu rosto transparecia dor, tristeza.

Assim como eu, Stiles tinha a certeza que aquela era a última vez que iríamos nos tocar de uma maneira tão íntima.

Não sei quando tirei a minha roupa, muito menos qual de nós abriu a porta do jipe. Não consegui dar a mínima para esses detalhes estúpidos, só me importei comigo mesma.

Eu precisava daquilo. Dele, em uma despedida.

Stiles abriu os olhos de rompante, respirando forte, encarando minhas íris encharcadas. Ele queria chorar, mas ao invés disso, apenas me amou.

Senti seus braços grandes envolvendo a minha cintura, incendiando minha pele com seu calor humano. Ele me controlou, puxando meu tronco para a frente, enterrando o rosto na curva do meu pescoço, se escondendo da minha visão.