Capítulo 3 - O Jantar

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O dia tinha chegado. Hoje seria o bendito jantar que iria definir o futuro da minha amizade com a Brenda. Eu não queria falar sobre o intercâmbio no meio do jantar. Iria estragar total a vibe dele. Eu sabia que a Brenda não ia reagir da melhor forma, ela iria começar a fazer uma drama danado e realmente no jantar seria a pior opção possível. A Brenda ia passar o dia lá em casa vendo filme, conversando e comendo.

Estávamos no meu quarto mexendo no Instagram e conversando besteira, fofocando sobre a vida alheia até que ela decidiu tocar no assunto do término e minha pressão só faltou cair. Eu tava fazendo de tudo pra evitar falar no Matheus e nas merdas que ele tinha me dito.

- Lola, não pense que eu esqueci de ontem. - ela bloqueia meu celular - O que realmente aconteceu com você e o Matheus?

- O negócio é o seguinte, Brenda, coisas vinham acontecendo, coisas que estavam desgastando o nosso relacionamento. Não tínhamos tempo um pro outro e a gente mal conversava direito. - suspeirei - Ele falou umas coisas que eu não gostei e eu disse umas verdades na cara dele. Foi bem triste porque eu ouvi coisas que eu jamais imaginei que sairiam da boca dele. Só isso, agora para de perguntar sobre isso que eu não quero ficar lembrando, tá bem?! Obrigada, de nada. - respiro - Quando vê ele tava me traindo. - eu ri. - Brincadeira. - Falei.

- ela deu um riso falso - Nossa, alguém tá de tpm?

- Sim, foi mal. - pedi desculpas.

- Entendi. Mas ele falou que coisas pra você? Coisas tipo o quê? - ela continuava falando do assunto.

- Brenda, por favor. Não quero falar mais nele. - reviro os olhos - Eu quero que ele vá pra longe de mim, da gente.

- Da gente? - ela estranha.

- É, eu soube que vocês estavam conversando faz um tempo. - disse.

- Ah, é mesmo... Mas o que eu tenho a ver com o término de vocês? - ela pergunta.

- Nada, mas eu não quero vocês dois conversando sobre isso pelas minhas costas.

- Você não acha que eu faria isso, né? - ela diz.

- Não, você não, mas ele eu não duvido nem um pouco. - digo.

- Foi tão ruim assim?

- Ele disse que tinha repulsa de mim. - meus olhos enchem de lágrimas. - Você pode imaginar o resto.

- Caraca. - ela alisa meu ombro - Mas não fica assim...

- A gente pode mudar de assunto agora? - peço - Por favor?

- Eu preciso te mostrar uma banda que eu descobri semana passada. - ela abre o YouTube - Cara, eu to obcecada com a música deles.

- Qual o nome da banda? - pergunto, interessada.

- New Hope Club. Eles tão três gatinhos da Inglaterra. Dois loiros e um moreno que, se fosse brasileiro, séria seu número. - ela diz e rimos.

- Vai, deixa eu ver. - puxo o celular.

Tava tocando uma música chamada Water, muito boa. E depois comecei a ver os covers deles, e mais músicas que tinham acabado de postar mas ainda não tinha saído nas plataformas digitais. Medicine foi uma que eu gostei muito mesmo.

- Demais, né?! - ela pergunta.

- Nossa amiga, amei muito e esse Blake aqui, querida, que gato! Meu favorito na certa. - sorrio.

- ela ri - Eu falei! Ele é totalmente seu tipo.

- Ai ai, que pedacinho de mal caminho - rimos.

- Nunca se sabe né? Ele é de Macclesfield na Inglaterra, vai que um dia cê faça uma viagem pra lá. - ela brinca.

Que coincidência. A mesma cidade que eu vou fazer meu intercâmbio.

- Cê tá me zoando que ele é de Macclesfield? - ri, nervosa.

- Não, quer dizer, acho que não. Li uma vez no Google mas não sei se é verdade, né? Por que? - ela pergunta.

- Por nada...

- Hoje você tá só mistério né, dona Lola?!

- Que tal um filme? - mudo de assunto.

- Vou fingir que você não quis mudar de assunto. - ela diz.

—————

- Nossa que filme péssimo, odiei. - Falei, revoltada.

- Qual é Lola, foi fofo o jeito que ele ficou com ela no final.

- Não Brenda, você que é muito melosa. Eu nunca faria isso, sério. - Falei, rindo. - Quem é que faz uma placa e coloca num ônibus pedindo a garota em namoro? - digo.

- Ah, vai dizer que se seu boy ou a pessoa que você gostasse, colocasse uma placa num ônibus te pedindo em namoro você ia recusar? - ela insinua.

- Não falei que recusaria, mas que é brega, é sim. - rimos.

- Meninas, venham jantar! - Minha mãe gritou.

- Tamo indo! - Gritei de volta.

Descemos correndo, porque estávamos com muita fome. Quando chegamos na mesa, a macarronada tinha acabado de sair do forno, estava fumaçando e me deu água na boca só de sentir o cheiro maravilhoso daquilo.

- Nossa, essa macarronada tá maravilhosa, mãe. Tá muito boa mesmo! - Falei, enchendo minha boca de macarrão.

- É verdade, tia Dani, tá deliciosa. - Brenda elogia.

- Obrigada, meninas! Parem de me bajular, a sobremesa já está pronta! - Minha mãe disse, rindo .

- Eba! - Brenda e eu falamos ao mesmo tempo.

- Então Bren, como você ficou com a notícia da Lola? - Minha mãe falou.

Puta merda.

- Mãe! - Falei, soltando os talheres no prato fazendo um barulho alto.

- Que notícia, Lola? Ela não disse nada, tia. - Brenda disse, sem saber do que minha mãe falava.

- Caramba, me desculpa... Achei que você tinha dito, filha. - Minha mãe diz, arrependida.

- Bren, eu ia te contar, eu juro! - Falei, nervosa.

- Me contar o quê, Lola? Fala logo! - Brenda disse, rangendo os dentes.

- Daqui a alguns dias eu vou pra Macclesfield fazer um intercâmbio que a ELC ofereceu. Também foi por isso que eu e o Matheus terminamos. - suspirei - Amiga, não fica brava, eu ia te contar! Mas você tava tão chateada com o divórcio dos seus pais que eu não quis piorar a situação. Perdão, Brenda, perdão.  - falei, arrependida.

- Lola, eu não tô acreditando. Você só pode estar brincando comigo. - ela organiza os talheres no prato - Quanto tempo você vai ficar lá, Lola? - Disse Brenda, chorando.

- Amiga... - digo.

- Fala! Eu mereço ouvir isso de você!

- U...um ano. - sussurrei.

- Um ano?! E você não me disse nada? Isso explica tudo, por isso você tava evitando falar do término e por isso você pirou quando descobriu que Blake era de Macclesfield.

- Me perdoa? - Perguntei, tentando abraçar ela.

- Tia Dani, a macarronada tava maravilhosa, eu peço desculpas por sair assim mas eu preciso de um ar. - Disse Brenda, se levantando da mesa em direção à porta.

- Brenda, volta aqui! - Falei, desesperada.

A porta bateu e nessa hora eu perdi o apetite.

- Valeu mãe, era tudo que eu precisava... - Eu disse, revirando os olhos preocupada.

Eu achei que ela ficaria feliz por mim, mas ela surtou. Pareceu que eu tinha cometido um mega crime. Eu sei que eu devia ter contado e que isso foi errado, mas ela podia ter dito pelo menos que estava feliz por mim. O que tem de tão errado em ir atrás dos meus sonhos?

[Capítulo Revisado]

Por Um Continente De Distância // Blake Richardson [COMPLETA] Onde histórias criam vida. Descubra agora