capítulo 60

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uma semana depois...

Já faz uma semana que Cecília não está comigo.

Uma semana de sofrimento, de dor.

Sinto como se já estivesse enlouquecendo. Sinto que já não tem mais sentido continuar vivendo sem ela.

Estou sendo fraca? Estou!

Mas nesse momento mais nada importa.

Mas no fundo do meu coração ainda sinto que não posso desistir, que logo minha filha estará aqui.

E é essa esperança que ainda me deixa firme. Que não me deixa cair.

Desço os degraus para ir na cozinha, mas antes a campainha toca, e como não tem ninguém por aqui, vou até a porta.

Abro a porta e quase caio por causa da surpresa.

Nem acredito que a minha mãe e o meu irmão estão aqui na minha frente.

- filha, me perdoa...
- ela começa a falar.

Mas não dou tempo que ela termine, apenas abraço a minha mãe, abraço esse que eu estava com tantas saudades.

- que saudades, minha filha.
- ela sussurra no meu ouvido.

Eu não contenho as lágrimas.

- Rodrigo.
- falo depois de separar da minha mãe.

E logo o abraço.

- que saudades Liv.
- ele diz com os olhos marejados.

- entrem.
- falo e ajudo com as malas.

Parece que a ficha ainda não caiu, eles saíram de lá. Mas minha mãe nem me avisou nada.

- Ingrid...
- olho para trás e vejo madrinha parada.

Logo após a minha mãe corre e a abraça, imagino como essas duas estão com saudades uma da outra.

- mãe, me explica o que está acontecendo, porque vocês estão aqui.
- peço.

- sentem primeiro. - madrinha fala também ajudando com as malas. - esse deve ser o Rodrigo. - ela também abraça ele.

Depois sentamos todos no sofá.

- filha eu sinto tanto. - minha mãe me abraça agora que já estamos sentados. - mas tudo vai dá certo, a Cecília vai voltar para nós.

- como a senhora soube?
- pergunto. Eu não liguei para falar, não queria que ela se preocupasse.

- eu liguei pra ela, filha, achei que ela devia saber.
- madrinha diz.

- e fez bem, minha amiga, eu quero ficar cada segundo ao lado de Olivia. - ela pega na minha mão. - já fui injusta demais com você quando te deixei sozinha no momento que você mais precisava.

- eu já disse que não precisa se preocupar com isso mãe, é passado, pra mim não importa mais, já passou.
- dito isso a minha mãe me abraça e sussurra um 'muito obrigado' no meu ouvido.

- assim que Dolores ligou falando do ocorrido, eu nem quis saber, queria vir para cá de qualquer jeito. - minha mãe começa a explicação. - fiz as malas e viemos.

- ainda bem que Joel aceitou numa boa.
- digo.

- na verdade nós nos separamos.
- ela fala de cabeça baixa. - coisa que eu já deveria ter feito.

- sério?
- me surpreende eles terem separado, achei que isso nunca aconteceria.

- Rodrigo, quer comer uma fatia de bolo de chocolate?
- madrinha pergunta.

- vai Rodrigo, ela faz o melhor bolo.
- falo. Não quero que ele escute alguma coisa de Joel, afinal de contas ele é seu pai.

- então eu quero! - ele fala se animando. - mas eu ainda quero matar as saudades da minha irmã.

- também quero matar a saudade.
- Abraço ele e logo após ele sai com madrinha.

- tudo piorou quando você saiu lá de casa, Liv. - minha mãe volta a falar quando só estamos nós duas. - ele começou a me agredir, além de verbalmente, ele começou a me agredir fisicamente.

- o que? Eu não acredito que aquele idiota fez isso com a senhora.
- falo com toda a raiva, antes já sentia raiva dele, agora só piora.

- ele não queria que eu viesse, ele ameaçou me matar e fazer o mesmo com Rodrigo. Mas no fim ele disse que era melhor eu vir mesmo, só assim ele viveria em paz.

Dá uma dor no coração ouvir essas palavras.

- agora tudo irá mudar. - a abraço. - a senhora pode recomeçar, agora longe daquele monstro.

- sim, irei recomeçar.
- ela diz.

(...)

- quero que conheça a minha mãe e o meu irmão, Aron.
- ele olha para mim sem entender, mas cumprimenta ela com um abraço apertado e logo faz o mesmo com Rodrigo.

Minha mãe e meu irmão já se instalaram em um quarto aqui da pensão. Já arrumamos tudo e depois de anos posso ver de novo o sorriso sincero da minha mãe.
Ela e madrinha passaram a maior parte do tempo conversando, não tiro a razão delas, tem que recuperar o tempo perdido. Conversar sobre tudo.

- já soube que vocês estão juntos. - minha mãe fala. - e também já soube da história toda que aconteceu, acho que eu atrapalhei um pouquinho vocês.
- ela ri nervosa.

- claro que não Ingrid, assim foi bem mais emocionante, quase enlouqueci por causa de sua filha, mas tudo bem.
- todos rimos com o que Aron diz.

É bom te-los aqui para me distrair um pouco, me faz bem.

- filha, como está?
- Teodoro fala entrando na cozinha, mas recua um passo para trás quando ver minha mãe.
- Ingrid, é você mesmo?
- ele pergunta com a testa franzida.

Minha mãe levanta e parece não acreditar no que ver.

- melhor deixarmos eles conversarem. - falo olhando para Aron e ele assinte. - vem Rodrigo, quero ficar com você pra matar a saudade.

Ele abre um sorriso gigantesco e vem até mim. Saímos da cozinha e parece que os dois nem percebem, são quase vinte anos longe um do outro, eles precisam conversar.

- você namora a minha irmã?
- Rodrigo pergunta depois de sentarmos no sofá da sala e colocar um desenho na TV.

- sim, você é meu cunhado. - Aron diz e Rodrigo parece pensar, mas logo assinte. - você tem namorada?

Rodrigo me olha e depois volta a atenção para Aron, visivelmente envergonhado.

- eu gostava de uma menina da escola, mas ela não queria saber de mim. - ele diz cabisbaixo.

- você ainda terá muitas oportunidades, meu lindo, você só tem onze anos, ainda vai namorar bastante.

- e depois encontrará a mulher, nesse momento você saberá que é a certa e, casará com ela.
- Aron diz.

- vocês vão se casar?
- ele pergunta curioso.

- sim! - Aron sorri e olha pra mim. - sua irmã é a minha mulher certa.

Rodrigo sorri e eu também sorrio.

- não vai demorar muito para que Cecília esteja aqui, você vai adorar a sua sobrinha.
- falo voltada ao meu irmão.

- e vou protege-la.
- ele diz animado.

- sim meu irmão.

Sorrio e Aron me abraça, ele sabe que eu não aguento mais ficar longe dela.

Ele me conforta.









Uma chance para ser feliz (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora