capítulo 26

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Acordo cedo, aliás, nem dormi direito. Tive um mal estar essa manhã, vomitei e tive tontura, mas como a médica que acompanha a minha gravidez disse, isso é bem normal no começo da gravidez e em alguns casos pode ocorrer em toda a gestação.

Termino de tomar banho e depois de me enxugar, visto uma roupa.

Desço os degraus da pensão e antes que eu possa ir para a cozinha, passo pela sala e vejo Teodoro sentado no sofá com madrinha.

Finjo que nem os vi e vou andando para a cozinha.

- Olivia, venha até aqui.
- escuto a voz de madrinha me chamar.

Paro no lugar que estou, viro e ando até eles.

- bom dia!
- falo seria.

- bom dia.
- respondem juntos.

- preciso conversar com você, Olivia. Sua madrinha já me contou sobre tudo o que aconteceu no hospital. Eu queria ficar lá, mas sua madrinha mandou eu ir embora depois que ela soube que você passaria a noite de observação, desculpe por eu ter feito você passar por isso.
- Teodoro diz se levantando do sofá.

- se é sobre o trabalho de secretaria pode me considerar demitida. Não vou voltar para lá, fale para o seu filho arranjar outra secretaria.
- digo ignorando o que ele falou sobre o hospital.

- seu irmão... - ele diz e eu me seguro para não começar a chorar na frente deles. - mas não vim falar sobre isso.

- então é sobre o quê?
- pergunto.

- sobre tudo isso que aconteceu.

- acho que não quero escutar tudo de novo, Teodoro, não estou muito bem hoje.

- o que aconteceu, minha filha?
- madrinha levanta e vem em minha direção.

- vomitei um pouco e tive tontura, mas não precisa se preocupar, a médica disse que é normal.
- falo.

- você está melhor?
- Teodoro pergunta.

- sim. - respondo simplesmente. - podemos conversar. - digo mudando de idéia, não custa nada. - se quiser pode vir tomar café comigo, ainda não comi nada hoje.

- verdade, filha, vamos logo, você precisa se alimentar.
- madrinha diz praticamente me arrastando.

- você vem Teodoro?
- pergunto e ele logo abre um sorriso e concorda com a cabeça.

Caminhamos até a cozinha, que está vazia, e sentamos a mesa.

Madrinha foi até a outra cozinha trouxe uma bandeja e colocou sobre a mesa. Logo retiro o bolo que está em cima da bandeja, uma garrafa de café e os pratos, talheres e xícaras para nos servir.

- vou deixar vocês conversarem.
- ela fala e deposita um beijo no topo da minha cabeça, depois sai da cozinha me deixando à sós com Teodoro.

Corto duas fatias do bolo e coloco uma em cada prato, depois preencho as xícaras com o conteúdo da garrafa.

- obrigado.
- ele me agradece e eu apenas dou um sorriso.

Começamos a comer e ele elogiou minha madrinha por o bolo está maravilhoso, tenho que concordar com ele, pois está delicioso.

- eu queria que o senhor me contasse como teve a suspeita que eu era sua filha.
- pergunto.

- por causa disso... - ele tira do bolso e me entrega a foto onde está a minha mãe comigo no colo. - lembra aquele dia que nos encontramos no elevador da empresa? - penso, e logo deduzo que a foto caiu do meu livro. - a foto com certeza caiu do seu livro.

- nem percebi que tinha caído, meu Deus...
- continuo olhando para a foto.

- queria tanto ter acompanhado a gravidez da sua mãe, o seu nascimento, crescimento... - fala triste e abaixa a cabeça. - ainda não sei porque a sua mãe foi embora, na verdade eu queria tanto conversar com ela.

- ela refez a vida dela, casou e teve outro filho, um menino que agora tem onze anos.

- ela nunca te falou sobre seu pai? O homem que ela casou, te criou como filha?

- eu só sinto desprezo pelo homem que ela casou, e ele sempre me odiou.

- porque? O que aconteceu?
- pergunta aparentemente preocupado.

- eu sinceramente não sei porque ele não gosta de mim. E respondendo a sua outra pergunta, ela nunca me falou sobre o meu pai.

- você sabe por quê ela foi embora e disse que tinha perdido você?

- eu não sei, Teodoro, só minha mãe poderá responder suas perguntas.
- minto. Mas essa conversa ele tem que ter com a minha mãe.

-  me fale como foi a sua vida, sua infância, adolescência...
- ele pergunta mudando de assunto.

- tive uma infância bem simples. Não me lembro de muita coisa, só de passar o dia todo em uma escola porque a minha mãe tinha que passar o dia trabalhando.

- poderia ter sido tudo diferente.
- ele diz com uma expressão muito triste.

- enfim... minha adolescência foi boa, sempre tive amigos e fui bem feliz na cidade onde morava.

- porquê veio para cá?
- pergunta confuso.

- o pai do meu bebê me abandonou e o meu padrasto me expulsou de casa.
- não tenho vergonha de falar, quem deveria ter era eles.

- sinto vontade de matar esses dois. - Teodoro deixa que escape uma coisa que eu acho que era para ficar só em pensamento. - me desculpe, Olivia, mas é a verdade.

- mas tudo já passou. Vim morar aqui porque a minha mãe me deu o endereço de madrinha e disse que aqui eu poderia criar o meu filho em paz, mas já aconteceu tantas coisas aqui, que eu penso que deveria ter aceitado o convite da minha amiga Rebeca para morar na casa dela.
- digo pensando nas coisas que já aconteceram.

- graças a Deus você veio, eu pude ter o prazer de te conhecer. - sorri. - sabe, alguma coisa em mim dizia que sua mãe não tinha te perdido, e naquele dia que você foi fazer a entrevista na empresa, eu senti uma coisa muito estranha.

- é... o senhor disse.
- lembro desse dia.

- por isso te contratei como secretária de Aron.
- ele diz e eu controlo a vontade de chorar por ele está lembrando isso.

- como Aron está?
- pergunto um pouco receosa.

- está confuso com tudo o que aconteceu.
- ele deve está sofrendo tanto...

- eu também estou...
- falo mais para mim do que para ele.

- eu sei, mas eu não tive culpa de tudo o que aconteceu. - ele diz e eu evito falar que também é sua culpa por não ter falado que era casado e tinha um filho. - nem da sua mãe... Acho que só foi destino.

- eu só quero um tempo para digerir todas essas coisas, Teodoro, quero cuidar da minha gravidez e arranjar um emprego.

- não precisa arranjar outro emprego, eu te darei tudo o que nunca tive a oportunidade de dá.
- eu não quero seu dinheiro! - digo seria. - irei trabalhar.

- mas minha filha...

- é melhor você ir, Teodoro, não quero ser dura com você, e preciso de um tempo para pensar e descansar, o médico disse para eu cuidar da minha gravidez.

- claro, você precisa cuidar desse bebê. - sorri enquanto olha para a minha barriga. - meu neto, ou neta.






Uma chance para ser feliz (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora