𝑡𝑟𝑒̂𝑠

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Patrick parecia tão bem e Ellen ficou feliz.

Dentro dela borboletas enormes voavam rápido. Por um momento sua respiração falhou, ela não sabia mais o quê fazer ou como reagir. Parecia mais fácil quando ela não tinha com quem falar. Mas agora ela precisava interagir e explicar tudo. Ok, ela sabia que tinha que falar e o que falar. Mas como?

Ela pensou em explicar desde o começo. Tudo que havia acontecido e que ela não o conhecia. Mas antes que sua boca pudesse falar o que sua mente estava processando, o médico então foi mais rápido.

O cérebro de Ellen falhou naquele minuto, quando o médico contou o que ela não queria dizer:

- Patrick, essa é sua namorada. Ela esteve aqui a todo momento enquanto você estava em coma. Nós vamos deixar vocês á sós e voltamos depois - O médico disse e saiu com os enfermeiros.

O sorriso doce havia sumido do rosto de Ellen e agora havia uma certa preocupação estampada nele.

Ela se aproximou um pouco do leito de Patrick e tentou dizer algo, mas sua voz falhava.

- Não sou sua namorada - Ela disse.

- Não? - Patrick agora estava mais perdido do que deveria.

- Não - Ela respirou fundo e soltou o ar dos pulmões. - Eu preciso te contar do começo. E esse é o começo: Não sou sua namorada. E eu sei que você está perdido... E deve estar se perguntando quem sou eu, certo?

- Sim - ele disse. Ellen sentiu medo por um momento ao ver que ele não parecia gostar da situação. - Você não é minha namorada mesmo ou está aproveitando da situação para terminar comigo? - Ellen apertou os olhos e negou com a cabeça.

- Eu realmente não sou sua namorada! Eu nem sou alguém que você conhecia... - Ele a interrompeu.

- Então por que está aqui? - Patrick questionou.

- Se caso você me deixar continuar, sem me interromper, talvez você entenda - Disse, grosseiramente.

- Ok, prossiga - Murmurou, se calando em seguida.

Ellen se sentou na beirada da maca e ajeitou a saia que subia. Patrick revezava em olhar para suas coxas expostas e o seus olhos.

- Eu trouxe você pra cá. Você estava passando pela rua Pasadena, e eu estava lá esperando o táxi chegar. A rua estava tão deserta e tinha uma música vindo da casa de festas e depois um barulho de tiro... você foi atingido por uma bala perdida e... eu estava lá. Eu te ajudei, chamei pela ambulância e eu tinha que ser alguma coisa sua para te acompanhar e sem querer eu disse que era sua namorada

- Eu não me lembro de nada. Não me lembro se tenho mesmo uma namorada, não me lembro onde moro... Não me lembro de nada - Suspirou, sua cabeça doía.

- Ei, calma - Ela pegou na mão dele. - O doutor Alexandre me disse que isso poderia acontecer. Mas eu já pensei em tudo. Vou te levar para o meu apartamento que divido com minha amiga Sandra. Lá tem um quarto a mais que estávamos querendo alugar, você fica lá por enquanto e nós vamos atrás de quem saber quem é você. Ok?

Patrick sorriu. Era difícil de acreditar que ainda existia gente com o coração tão bom neste mundo cruel. Ellen abraçou o moreno e se despediu. Avisou que teria uma reunião em poucos minutos e que precisava ir, mas que voltaria a noite para vê-lo.

•••

A reunião foi tranquila. Quando Ellen acabou seu expediente resolveu passar no starbucks e ligar para Sandra para dizer tudo que havia acontecido. Sabia que talvez ela não fosse gostar muito da idéia, mas ela não podia deixar o homem largado por aí sem saber para onde ir ou como ficar. Já que ele não conhecia ninguém e não tinha dinheiro nenhum.

- Ei? Já estava dormindo? - Ellen ouviu a voz sonolenta de Sandra do outro lado da linha.

- Estava quase, cheguei cedo hoje e fiquei assistindo filme. Daí preparei o jantar e fui assistir filme de novo. Quase dormi no sofá - Ellen riu.

- Quero te contar uma coisa - Ellen disse devagar e Sandra deu passagem. - Patrick saiu do coma.

- Ah, que notícia boa. E agora? - Ela bocejou.

- Ele perdeu a memória... doutor Alexander disse que isso realmente poderia acontecer... Eu contei toda a verdade para ele - Ellen ficou em silêncio por um momento. - Disse a ele que tudo bem se ele ficasse conosco por um tempo, até encontramos o lugar dele. Tudo bem para você?

- Bom... O que eu posso fazer se minha amiga gosta desse negócio de ser heroína? - Sandra brincou e as duas riram.

- Vou passar lá no hospital rápido e vou para casa, tenta me esperar acordada - Pediu.

•••

Patrick estava de olhos fechados quando Ellen entrou no quarto com um copo de café do starbucks e ficou esperando que ele abrisse os olhos e notasse sua presença. Mas ele não fez.

- Não acha que já dormiu demais, mocinho? - Ela disse fazendo cócegas nos pés dele. Ele os puxou.

- Só estava esperando para ter certeza que era você ou se era alguém com o perfume igual ao seu - Ela sorriu sem mostrar os dentes.

- Eu trouxe um café. É o meu preferido, não sei se você vai gostar. E nem sei se você gosta de café... - ela estendeu a mão para ele que pegou o copo e agradeceu. - Doutor Alexander vai vir assinar sua alta já já... Ele me avisou quando cheguei.

Patrick tomou um gole generoso do café e sorriu ao ouvir o que ela acabara de dizer.

Até que eu vά Onde histórias criam vida. Descubra agora