𝑡𝑟𝑖𝑛𝑡𝑎 𝑒 𝑡𝑟𝑒̂𝑠

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Quero desejar esse capítulo à Maria Eduarda, que me ajudou a escolher a música.

Dia seguinte...

A chuva caía fraca lá fora. Era duas da manhã. Ellen estava parada em frente à sua sacada. A porta de vidro estava embaçada pelo tempo. Ela pressionava os lábios um contra o outro, balançando o celular na mão. Receosa. Liga ou não?

Ela olhava para o aparelho, e o número de contato estampado na tela. E então ela pensou: amigos é para isso, não?

Quase que tomando uma decisão, Ellen aproxima seu polegar direito para pressionar o botão verde, para por fim começar a ligação.

Mas novamente a dúvida. Ellen deixou que o aparelho se apagasse e olhou novamente para a porta embaçada de sua sacada. Vendo a fina chuva cair lá fora; ela fechou os olhos para apenas ouvir o barulho calmo dos pingos caindo. Sua mão brincou com borda do seu vestido florido.

O receio batia forte feito seu coração. E vários pensamentos invadiam sua mente. Ela podia o acordar, ou até o atrapalhar. Ele podia estar com sua esposa não é?

Não havia nela o direito de o chamar as duas da manhã. Mas ela precisava dele, e infelizmente, era duas da manhã.

Seu impulso foi mais rápido. Ellen abriu seus olhos e acendeu novamente o aparelho. Clicou no botão verde e ouviu o toque da chamada ativa.

...

Patrick estava no escritório de sua casa. Mais uma noite de insônia. Ele tomava um gole de seu chá enquanto fazia algo em seu computador.

Os olhos que antes estavam atentos ao monitor, se atentaram a qualquer canto daquela enorme sala. Ele recostou seu corpo na cadeira preta de couro, tirou seu óculos de leitura, os colando em cima da escrivaninha. Seus pensamentos voaram.

"Nós podemos fazer isso, sabia?"

"Sermos amigos, apenas amigos. Nós podemos fazer isso."

O barulho de seu celular o tirou de seus devaneios. Patrick riu. Deus deve gostar muito mesmo da peça que ele prega nos dois.

A foto e o nome de Ellen reluzia no visor. Ele pegou o aparelho e o atendeu.

- Ei! - Ele disse, e sorriu, mesmo sabendo que ela não o veria.

- Oi! Desculpa se te acordei... - Ela disse baixo.

- Não, eu já estava acordado. - Disse de pronto.

- Te atrapalhei então? Desculpa. - Ela soltou o ar dos pulmões.

- Ell, estou tendo uma noite de insônia. Estou no meu escritório. E inclusive, estava pensando em você. - Disse de uma vez. - Agora diga, do que precisa?

- De você. - Ela sussurrou.

- Aconteceu alguma coisa? Onde você está? - perguntou preocupado.

- Estou em casa, e preciso do meu melhor amigo. - Sua voz era calma.

- Estou indo. - Disse e encerrou a ligação.

...

Patrick chegou rápido. Por ser madrugada, as ruas estavam quase que desertas. Pela primeira vez, ele tocou o interfone. Ellen foi ligeiramente abrir a porta e sorriu ao vê-lo. Ele tinha um embrulho em suas mãos.

Ellen deu passagem para ele, e fechou a porta atrás de si.

- Onde está Sandra? - perguntou Patrick ao chegar na sala.

Até que eu vά Onde histórias criam vida. Descubra agora