Dilema

Capitulo 91

RYAN: Vá para casa, Hanna.

HANNA: Você quer conversar?

RYAN: Eu não preciso conversar.

Ryan se vira e me olha, seu olhar me força a ficar em silêncio. Ele esfrega os punhos.

RYAN: Você leu as ultimas noticias? Você já deve saber sobre os investidores, certo? Ele planeou tudo isso, ele se aproveitou de mim.

Eu me aproximo de Ryan.

RYAN: Não se aproxime! Você estava com ele nisso tudo?

HANNA: Claro que não, Ryan...

RYAN: Eu me sinto tão traído. Ninguém é confiável.

HANNA: Me diga se eu posso ajudar em alguma coisa.

Ryan pára repentinamente, ele olha para mim e se aproxima, ele encosta o nariz no meu, nossos olhos quase se tocam. Eu engulo devagar e com dificuldade, estou paralisada, seus olhos estão vermelhos.

RYAN: Saia daqui, eu não vou falar de novo. Saia da minha frente.

HANNA: Ryan, eu não fiz nada para você!

RYAN: Saia!

Meus olhos enchem de lágrimas, eu viro costas e atravesso a biblioteca. Olho para trás uma ultima vez, sobre o meu ombro. Ryan desapareceu...

Eu atravesso a sala de estar, está tudo escuro. Eu saio da cobertura, silenciosamente... chorando.

Na manhã seguinte, eu chego ao escritório. Todos estão reunidos na sala de reuniões.

SAMANTA: Obrigado a todos por virem. Eu tenho várias noticias para vocês.

Mesmo com a cabeça em outro lugar, eu percebo o desconforto de Samanta. Eu nunca a vi assim, eu olho para Gabriel.

As mãos de Gabriel estão inquietas, ele está olhando para o chão, preocupado.

SAMANTA: Vocês devem ter acompanhado a história de Ryan Carter na empresa. A saída dos seus investidores não é algo bom para nós, certamente. Ryan cancelou o projecto de redecoração da cobertura, devido à falta de verba.

Todos na sala de reuniões soltam um murmúrio de espanto, preocupados. Estou imóvel, desanimada.

Eu olho para Samanta, ela está esfregando as mãos, seu rosto está sério, ela parece perdida. Samanta me olha novamente.

SAMANTA: Sem esse projecto, teremos que encontrar uma outra saída para salvar a empresa. Se não encontrarmos uma solução nos próximos dias, teremos de fechar as portas.

Todos começam a cochichar, Gabriel atravessa a sala e sai, Samanta também.

Eu sigo Gabriel.

HANNA: Gabriel, espere...

Eu entro no escritório de Gabriel e fecho a porta atrás de mim. Gabriel olha para mim.

HANNA: Podemos fazer alguma coisa?

GABRIEL: Receio que não haja solução...

HANNA: Encontraremos alguma, tenho certeza.

Gabriel aproxima de mim e sorri, timidamente. Ele coloca a mão em meu ombro e desliza-o até o meu antebraço.

GABRIEL: Eu gosto do seu entusiasmo, mas não sei o que podemos fazer. Não acredito em você, estou um pouco surpreso com essa história. Quem imaginaria que Mark fosse o culpado por tudo isso? Que irónico...

HANNA: Podemos tentar falar com Ryan...

GABRIEL: Nós falamos com ele por telefone, de manhã. Ele foi firme e directo, a sua decisão está tomada.

Gabriel pega minha mão e me puxa até o sofá, sentamos um ao lado do outro.

GABRIEL: Pelo menos tudo está claro agora, eu estava errado quando culpei você. Foi besteira da minha parte.

Gabriel coloca a mão em meu joelho, ele me encara com uma expressão carinhosa.

GABRIEL: Você se lembra daquele pôr-do-sol?

HANNA: Sim, claro.

GABRIEL: Eu não quis beijar você, eu queria que você se lembrasse apenas do momento, não do beijo.

HANNA: Porque você está me dizendo isso?

GABRIEL: Eu estava pensando sobre aquilo, eu sei que você ficou chateada. Eu só queria que você soubesse.

Gabriel se inclina e dá um beijo em meu rosto. Ele se afasta, sorri e se levanta do sofá.