A continuação de uma história de amor inter-racial e de classes sociais diferentes que passa por vários obstáculos.
Crítica social contada através de uma história de amor.
Nesse momento Taís fica congelada e Maurício também, eles não conseguem dizer uma palavra sequer, apenas se olham.
Taís está com as mãos tremendo, ela está muito nervosa e sai pelo portão correndo. Maurício entra no carro e vai atrás dela.
-Taís entra aqui, vamos conversar! Disse Maurício.
-Não! Me deixe em paz! Vá embora! Disse Taís.
Ele desce do carro e a segura pelo braço.
-Nós precisamos conversar e muito. Entre nesse carro pelo amor de Deus. Eu quero conversar com você, ficaram muitas coisas pendentes que precisam ser esclarecidas. Disse Maurício.
-Melhor a gente ir até algum lugar, não quero ficar sozinha com você dentro deste carro. Disse Taís.
Os dois foram para orla da Lagoa Rodrigo de Freitas ali bem perto da casa de Maurício e conversaram bastante, esclareceram muita coisa, e um trecho da conversa foi:
-Quando eu disse que não queria nada, você devia ter respeitado. Eu pensei que um cara como você nunca, jamais iria se interessar de verdade por mim e quando você me agarrou eu interpretei de forma diferente. Jamais eu pensaria que você viesse me beijar a força porque pensasse que eu queria, mas não tomava a iniciativa. E mesmo que quisesse não poderia, porque tenho um namorado. Disse Taís.
-Você não acreditou que eu realmente queria sair com você de um jeito simples e isso atrapalhou tudo, você não acreditou em si mesma e isso atrapalhou tudo. Eu achei, achei mesmo que eu e você estávamos na mesma sintonia e por isso te agarrei lá na Santorini. Uma sucessão de erros na verdade. Tudo errado! Me perdoe, eu fui muito prepotente, achei mesmo que você estava interessada também, mas não deixava as coisas acontecerem por medo, falta de coragem, falta de iniciativa. O pior de tudo foi você ter ficado sem seu emprego e estar no sufoco.
O problema está nos conceitos que foram passados para você. Tem a ver com o modo como você foi criada, as coisas que as pessoas queriam que você acreditasse que fossem verdade. Não é culpa sua ou da sua mãe, talvez vocês viram experiências vividas pelos outros que se repetiam e pensaram que com você não pudesse ser diferente. Disse Maurício.
-Como assim?
Não entendi direito!
-Lá no morro, na verdade não é somente lá, há muitas mulheres na maioria negras, mães solteiras, vitimas de caras que realmente só queriam se aproveitar delas e cair fora. Eu entendo o medo de sua mãe e o seu também, é normal, extremamente normal você ter achado que eu iria te arrastar para um motel e depois diria: "Até qualquer dia por aí."
Eu falo rasgado, Taís.
É isso!
O problema está nos rótulos também: carinha branquinho, rico é playboy, "comedor". Os rótulos são terríveis. Outro ponto desta questão é que é tão difícil ver casais inter raciais de classes sociais diferentes tão extremas, é quase impossível de ver, que eu realmente lhe dou razão por você ter pensado do modo que pensou sobre mim.
-O racismo ainda existe de uma forma muito forte. O de pior tipo é aquele escondido. Nós negros não podemos nos enganar. Disse Taís.
-Me perdoe por tudo que aconteceu!
-Maurício você me prejudicou demais, por sua causa eu estou sem meu emprego, que eu tanto precisava dele, eu estou praticamente sem minha faculdade, eu provavelmente terei que adiar meu casamento. Eu perdoo você e te dou um conselho: Antes de tomar suas atitudes inconsequentes pense no mal que você pode causar na vida dos outros.
-Deixa eu te ajudar?
Não sou esse monstro que você pensa!
Posso te arrumar um emprego bem bacana na loja da amiga da minha mãe, a Bárbara.
E...
Mais...
Para que você vai se casar?
Eu sinto que você não ama esse cara, eu não devo estar enganado desse jeito! Não é possível!
- Se devo me casar, ou não, isso quem sabe sou eu!
-Taís você me dá os sinais.
-Sinais? Que sinais?
-O jeito que você olha pra mim, quando a gente se encontrou lá em casa agora a pouco você congelou e lá na Santorini, as coisas que aconteceram lá...
-Eu quero que você me deixe em paz!
Eu tenho um noivo que me respeita e me ama.
Já basta!
Saia da minha vida antes que você faça mais estragos!
-Taís! Deixa eu te ajudar?
Deixa eu fazer parte da sua vida? Deixa eu te conhecer melhor?
Se joga!
Vamos sair...
Vamos ver no quê pode dar!
-Me esquece!
-Eu te amo!
Maurício segura Taís pelos braços e a beija.
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