Capítulo 09
Chego em casa e sinto um clima estranho e um silêncio estarrecedor, algo estranho está acontecendo..
-- Vó? ( chamo por ela) caminho até a cozinha que tem uma luz fraca acesa, e não a encontro ali..
-- Vó?! ( chamo mais uma vez e não acho ela) um frio na barriga consome meu corpo, um presentimento ruin, corro para o quarto e vejo ela deitada e encolhida em sua cama, algo de estranho está acontecendo.
-- Vó?! ( toco em eu braço) e o sinto quente, ponho minha mão em sua testa para poder verificar sua temperatura e ela está absurdamente quente, chamo ela mais uma vez que com a voz fraca me responde.
-- Oi minha filha, você chegou!
-- Vó, a senhora está quente, está sentindo algo? ( pergunto preocupada)
-- Uma dorzinha no corpo e nas costas, mas não há de ser nada muito sério! ( ela diz percebendo minha preocupação).
-- Quem irá dizer isso vai ser o médico e não você.
-- Não filha, não quero ir ao médico!
-- Não é questão de querer, vai e pronto.
Pego meu celular na bolsa e disco para o SAMU para que possam nos dá assistência e levar ela para um médico, enquanto isso recolho seus documentos, receitas de remédios e seus últimos exames. Após meia hora a ambulância chega e mesmo relutante ela acaba indo.
Dentro da ambulância eles já colocam o soro em sua veia e aplicam um remédio para poder controlar sua temperatura , seguro em suas mãos enrugadinhas e vou rezando daqui até lá para Deus olhar por ela e não me tirar ela, eu não estou pronta para isso, preciso muito dela ainda, uma lágrima escorre de meus olhos, olho para seu rosto que está pálido, com as mãos que estão avulsa faço carinho em sua testa .
Ao chegar no hospital levam ela para a enfermaria para que possam avaliar ela e fazer alguns exames, sento-me na cadeira fria dentro desse hospital público onde as pessoas te olham com desdenho. Após algumas horas uma enfermeira acompanhada de um médico surgem e chamam por mim me levam a porta da enfermaria onde ela está internada e então começam.
-- Olha sua avó é hipertensa, ela chegou aqui com a pressão a quase 19 , bastante alta para um alguém que faz controle com remédios, mas o que nos preocupa nao é isso, pois a mesma já está estabilizada, após exames de sangue e um raixo X foi detectado uma infecção no pulmão , ela está com uma pneumonia forte juntamente com a glicose alta, sendo assim ela terá que ficar internada para melhor tratamento.
-- A situação de saúde dela é grave? ( pergunto com medo da responda)
-- Olha tendo em vista a idade avançada sim, mas faremos o possível para poder cuidar dela.
-- Faça o impossível também, pois ela é tudo que tenho nessa vida! ( digo fungando)
-- Faremos. ( o médico me diz )
-- Posso passar a noite com ela hoje? ( pergunto)
-- Hoje sim, na verdade até termos uma vaga no C. T. I , porque ela precisa de uma atenção maior.
-- Tudo bem, eu ficarei.
-- Só passe na recepção para poder fazer a ficha dela e depois poderá ir para a enfermaria.
Após a ficha está feita vou para a enfermaria, sento-me em uma cadeira de ferro ao lado dela, pego o terço que ela me deu que levo comigo em minha bolsa e começo a rezar enquanto ela dorme profundamente devido o efeito forte dos remédios .
Olho pro relogio e são quase meia noite, eu teria que avisar Rodrigo que não irei trabalhar amanhã , mas não farei isso agora, ele já deve ter ido dormir.
Na sala da enfermaria tem mais duas pessoas, um senhorzinho e uma jovem menina grávida, fecho meus olhos e oro por eles também, mesmo sem saber o quadro de saúde deles.
As 02 horas da manhã ainda estou acesa, não preguei meus olhos, olho de um lado para o outro e minha avó começa a variar falar coisas sem nexo, mas uma delas me deixou bastante curiosa e atenta :
-- Nao Pedro, já passou.
-- Vá embora!
E quando olho para seus batimentos cardíacos ele aumenta desesperada grito por ajuda e logo uma enfermeira surge seguida do médico.
Ele começa a dá instruções para ela, aplica um remédio em sua veia enquanto eu estou perplexa olhando aquilo tudo, meu coração se contorce, Pedro é o nome do meu pai, seu filho.
-- Vamos ter que manter ela sedada durante a noite. ( o médico esclarece) e eu entendo o porque, não tento contestar, apenas me sento novamente ao lado dela quando o médico antes de sair diz que ela irá ficar bem, minha mente está a mil, começa a passar tantas coisas que se forma uma confusão mental.
E se antes eu não dormi agora que não irei dormir mesmo, passei a noite inteira pensando e pensando cheguei até a uma hipótese dos meus pais terem aparecido e por isso ela ter ficado assim, mas não, não deve ser isso é improvável mas não é impossível , assim que o médico retorna antes da troca de plantão eu digo a ele sobre a variação que a minha avó teve e então ele me explica:
-- Quando a febre está muito alta é normal acontecer, podem ser sim coisas sem nexo, assim como pode ser algo que ela vivenciou que a deixou marcada!
E antes da troca do plantão ele me diz que ela está melhor do que passou a noite e que assim que tiver uma cama liberada no C. T. I a transferência vai ser imediata, pego meu celular e vejo a hora são 07:20 horas da manhã, obviamente já devem está sentindo minha falta no serviço, ao invés de discar para Rodrigo ligo para Geórgia, afinal é um assunto de serviço e ele já havia deixado claro que antes de chegar nele primeiro passa por ela.
-- Oi Ana Clara, você está atrasada! ( ela já diz antes mesmo de me ouvir)
-- Sim, por isso que liguei. Minha avó passou mal e eu estou no hospital com ela desde ontem a noite, não irei trabalhar hoje e provavelmente não irei nos próximos dias. ( digo com a voz fraca)
-- Você sabe que Rodrigo não irá gostar disso ne? ( ela fala grossa) realmente a convivência deixa as pessoas iguais, Georgia sempre foi séria, tipo sargentão, mas desde quando retornou dos dias ausentes que ela teve ela está pior , seu humor está mais azedo que limão .
-- Foda-se Rodrigo, foda-se serviço, se ele não gostar já diga a ele que me demito, a saúde da minha vó vale muito mais do que seu chefe arrogante e você o pau mandado dele. Apenas avise a ele ! Bom dia .( e desligo o telefone ) estou uma pilha de nervos e ainda tem essa mulher querendo bancar a profissional correta , que se dane todos .
-- Ana Clara?! ( olho para trás e é um enfermeiro ).
-- Sim sou eu! ( digo ao negro que deve ter no mínimo 1.85 de altura)
-- Sou o enfermeiro Davi, e vou dá o banho de leito em sua avó e dá o medicamento da manhã, tudo bem? ( ele fala educado e gentil)
-- Claro que sim, fique a vontade.
Sento-me na cadeira e logo meu telefone toca, olho pro visor e é Rodrigo, óbvio que a funcionária excepcional já deu o recado a ele.
-- Oi. ( digo com uma certa grosseria) para ele se tocar que não estou afim de encheção de saco .
-- O que sua avó tem? Em qual hospital ela está? ( tapa de luvas em min) ele foi suave e se mostrou preocupado.
-- Pneumonia, estamos no hospital Nossa Senhora de Cássia, sabe onde fica? ( digo)
-- Sei sim. Como está o quadro dela?
-- Grave! ( e minha voz sai falha)
-- Vai ficar tudo bem! ( ele diz)
-- Sei que vai.
-- Mé dê notícias.
-- Sim, darei.
E logo ele desliga o telefone, vou até uma lanchonete que fica pro lado de fora do hospital , está chovendo e bem frio e eu estou sem agasalho, corro pela chuva até lá e peço um café forte e um pão na chapa.
Me sento na cadeira faço massagem em minhas têmporas para ver se alivia a dor de cabeça que está querendo surgir , meu café chega com o pão e como aos poucos, sem muito ânimo, uma mão gélida e molhada pela chuva que cai encosta em meu ombro, olho para trás assustada.
-- Oi.. ( ele diz com os olhos cheios de compaixão, sim é o Rodrigo) me levanto e numa atitude desesperadora de um abraço de alguém eu o abraço e começo a chorar, ele fica intacto, não me encosta, mas não quero isso, só quero sentir alguém por perto para me escorar, suavemente sinto suas mãos em minhas costas, enfim um abraço, e um beijo no topo de minha cabeça.
-- Fique calma. ( ele sussurra) eu não consigo falar, porque apenas choro.
-- O que posso fazer para ajudar? ( ele diz novamente ) e então me desencosto dele , e meio a um choro contido digo:
-- Só de ter vindo aqui já me ajudou.
Ganho um carinho em meu rosto, fecho os olhos para sentir esse amparo.
-- Agora me explica o que aconteceu enquanto tomamos um café. ( ele pedi o mesmo que eu ao moço da lanchonete, na verdade é um trailer) ver um homem rico poderoso tomando café num trailer com pão na chapa é algo raro penso comigo.
Conto que quando cheguei ontem encontrei ela acamada e com febre, sobre a ambulância que a trouxe, da situação crítica de um hospital que não tem um quarto no C.T.I. para poder interná-la, e também de sua variação sobre meu pai.
-- Posso ver ela? ( ele pergunta)
-- Claro que sim. Mas ela ainda está sob efeito de remédio, então só dorme.
-- Tudo bem.
Entramos no hospital enquanto ele faz uma visita a ela eu converso com o médico do plantão de agora, ele me diz que irá fazer uns exames novos, que ela está instável, mas que é melhor mantê-la sedada ainda.
Rodrigo sai do quarto e então me diz :
-- Você é uma menina malcriada e desbocada! ( ele me encara) e eu já sei do que se trata , Georgia deu o recado exatamente como eu disse, é claro.
-- É vejo que sua soldada te informou perfeitamente .( reviro os olhos) ele estala a boca e balança a cabeça.
-- Não usou suas palavras ,mas do jeito dela eu entendi o que disse.
-- E por falar isso eu estava falando sério, não abandonarei minha avó, se quiser me mandar embora ou contratar outra nesse tempo fique a vontade.
-- Use o tempo que precisar , eu irei contratar alguém temporário sim, Vera precisa de ajuda, mas quando quiser voltar seu cargo estará lá.
Sorrio por sua generosidade que eu não conhecia .
-- E sobre sua avó eu gostaria de transferir ela para um hospital particular, eu vou arcar com as despesas, aqui nessa enfermaria as chances dela de sobreviver são poucas .
Arregalo os olhos e isso não jamais.
-- Não Rodrigo, isso não, o custo é caro e será algo que não sei se poderei te pagar depois.
-- Eu não disse que estaria te emprestando algo, disse QUE IREI ARCAR, e sobre dinheiro se eu me disponibilizei é porque posso, você não faz idéia do tanto de dinheiro que tenho, isso não fará diferença .
Penso em minha vózinha e por ela deixo meu orgulho de lado.
-- Com uma condição, que depois você divida o valor para min nem que seja em 100 prestações para eu te pagar ou desconte do meu salário.
Ele sorrir e diz:
-- Como quiser, agora vamos tratar da transferência dela.
Quando se tem dinheiro e poder a vida fica mais fácil, as coisas se tornam mais acessíveis, em poucas horas transferimos a minha avó para o hospital MEDLIFE onde ela já foi direto para o C.T.I.
-- Aqui eu não poderei dormir com minha avó. ( digo triste)
-- Mas ela terá mais atenção, mais cuidados e é isso que importa no momento. ( Rodrigo sensato fala)
-- Sim, você está certo.
-- Vamos ? Eu te deixo em casa.
-- Obrigada.
O caminho até minha casa foi silencioso, eu não estou feliz e quanto estou assim não gosto de me socializar, prefiro ficar na minha. Assim que chegamos convido ele para entrar e para minha surpresa ele aceita.
-- Quer algo? Um café, suco? Sei lá. ( digo).
-- Não, vá tomar um banho vista uma roupa confortável se alimente e descanse.
-- Não vou conseguir.
-- Vai sim, eles tem o seu telefone e o meu, qualquer notícia eles irão avisar, e você precisa está bem para poder cuidar de tudo e dela quando ela voltar.
Mais um ponto para Rodrigo, enquanto tomo banho ele fala ao telefone com alguém na sala , visto a camisola espanta namorado e dessa vez sem nenhuma vergonha , quando ele me vê ele sorrir.
-- Essa camisola é cômica! ( ele diz me avaliando) .
-- Segundo minha avó é para espantar namorado. ( dou de ombros)
-- É assim que ela melhorar direi a ela que ela está certa, espanta mesmo.
Me sento ao lado dele no sofá e então toco na pauta de nosso assunto principal:
-- Sobre o acordo.. ( mas ele me corta)
-- Deixe sua avó melhorar, depois nós conversamos sobre. Assim você terá mais tempo para pensar.
-- Obrigada por tudo que fez hoje.
-- Não agradeça, irei cobrar cada centavo de uma forma que não envolve dinheiro.
Vejo a malícia estampada em seu olhar.
Uma buzina apita na porta de minha casa.
-- É aqui, eu não estou esperando ninguém. ( digo ao olhar pela janela)
-- Eu pedi um lanche para nós .
Respiro fundo , como conviver com um homem desse sem suspirar?!
Enquanto comemos um lanche maravilhoso verifico que já são 20 horas da noite e logo o sono e o cansaço de um dia sem dormir começam a me dominar, mas a presença dele aqui me faz tão bem que não quero dormir para que ele não vá embora , então decido puxar assunto.
-- Onde conheceu Georgia?
-- Ela era uma frequentadora assídua do cassino viciada em jogos e bebida, ficou me devendo uma enorme quantia de dinheiro e como ela não tinha como pagar propus que trabalhasse para min em minha casa até pagar sua dívida, e ela se mostrou tão competente e decidida a largar seu vício que está até hoje, e de faxineira virou a governanta, já são 5 anos que ela trabalha para min.
-- Que legal isso.
-- Sim, e deve ser por isso que ela é tão leal a min.
-- Até demais, as vezes ela parece você de saia. ( digo rindo ).
-- Quase isso. ( ele diz dando um sorriso ).
-- Mais e você? ( ele me pergunta)
-- Eu o que?
-- Conte-me um pouco de você.
-- Bem não tenho muito a falar, eu nasci e meus pais me abandonaram com minha Avó e meu vô, o que sei deles é que se chamam Pedro e Sandra, e algunas fotos que minha avó me mostrou, com meus 13 anos meu vozinho faleceu e desde então ficamos eu e minha avó, namorei por um longo tempo apenas um rapaz e terminamos faz três meses e alguns dias, logo após arrumei o emprego em seu castelo e estou nessa missão para poder pagar minha faculdade e ser alguém na vida .
Ele fica pensativo e então diz:
-- Ele foi o único rapaz que você transou? ( ele pergunta sem me. Olhar)
-- Sim.. E agora você. ( meu rosto queima) aproveito a deixa e resolvo aprofundar conhecimentos sobre ele.
-- E você conte-me sobre sua vida.
-- Não há nada de interessante para saber de mim, até porque você já sabe o suficiente.
-- Não, não sei não! ( digo com a testa franzida)
-- Olha esse filme que vai passar, parece bom, vamos assistir? ( ele muda de assunto). E eu não vou insistir, não quer falar nao fala, até porque eu já sei mais do que imagina bobão.
Então começa um filme de guerra, sangue Para tudo que é lado, e sem poder controlar mais, meus olhos vão fechando e de repente estou dormindo .
Abro meus olhos, e vejo que estou em minha cama, caraca eu estava com tanto sono que não me lembro de ter vindo para cá ,pego meu celular e abro as mensagem e encontro uma de Rodrigo.
* Espero que tenha tido uma noite de sono boa. ( 08:15)
Sorrio vejo a hora e já são 11:47 da manhã, meu Deus dormir demais.
* Obrigada por ontem. (11:49)
Envio uma mensagem a Rodrigo.
Forço a mente um pouco e me lembro de ter tido a sensação de alguém me carregando no colo, sim ele me levou para a cama, sinto um frio na barriga ao lembrar , começo a ter medo do que isso tudo pode me gerar , mas varro esses pensamentos de minha mente afinal as 14 horas tem visita a minha avó preciso ajeitar a casa tomar um banho e ir pro hospital.
As 13:55 chego e um médico vem de encontro a min.
-- Boa tarde, sou o Dr Elber Rocha, responsável pela área do C.T.I.
-- Ah sim boa tarde, sou a Ana Clara.
Analiso o jovem e educado médico e quando digo jovem é porque ele deve ter seus 29 ou 30 anos, além de ser muito bonito.
-- Estamos fazendo o uso de um antibiótico mais forte em sua avó e graças a Deus o organismo dela reagiu bem e a glicose já controlamos também, breve tiraremos ela do sedativo e logo ela irá para a enfermaria.
-- Ai muito obrigada, que notícia maravilhosa que você acaba de me dar. ( e no automático abraço o médico ) que me abraça de volta, sem graça mas abraça.
-- Desculpa.. ( digo envergonhada)
-- Sem problemas. ( ele diz) e quando me solto dele e viro encontro Rodrigo encostado na recepção com óculos de sol nos observando com uma cara de poucos amigos, na verdade a cara que ele sempre tem, vou até ele .
-- Oi. ( digo)
-- Oi. ( ele soa frio)
-- Minha avó está reagindo bem aos medicamentos. ( digo dando pulinhos)
-- Que bom!
-- Estou tão feliz e empolgada.
-- Percebi. ( ele fala grosso ) ignoro não to afim do mau humor dele hoje .
-- Ana Clara já pode ir visitar sua avó. ( o médico bonitão me chama) dou as costas e vou para o C. T. I deixando para trás o senhor das trevas com sua enorme cara de bunda.
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Escrava do Desejo
Storie d'amoreMinha vida é comum no mundo onde vivemos, assim que nasci tive pouco contato com meus pais, segundo minha amada vó materna, eles disseram ser muito novos para criar um filho, disseram que iriam atrás de seus sonhos e voltariam, pois bem tenho...